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Para n�o 'pirar' na pandemia: dicas de m�dico para conservar a sa�de mental

Psiquiatra explica que � preciso mudar comportamentos e atitudes, se adaptar quando for necess�rio e n�o vacilar quando for preciso buscar ajuda


20/09/2020 04:00 - atualizado 18/10/2020 08:53


Ando pensando em propor aos meninos uma ca�a �s tra�as neste fim de semana. Se der certo, ser� a segunda rodada da brincadeira neste per�odo da pandemia. Da primeira vez, os dois se entusiasmaram com a ideia. Incentivei o adolescente a liderar a equipe, formada por ele pr�prio, o irm�o ca�ula e o Caramelo. O urso de pel�cia ganhou esse nome em fun��o da cor. Lembra o tom daquela bala quadrada, de consist�ncia macia, que vinha embalada individualmente em pl�stico transparente. 

Como era mesmo o nome? Se n�o me engano, Embar�. Eram da mesma �poca dos dadinhos Dzioli, das balas Chita e dos cigarrinhos de chocolate, impens�veis nos dias de hoje. N�o apenas por serem politicamente incorretos, mas tamb�m porque as guloseimas est�o caindo de moda. J� n�o se usa mais comer tanto a��car, nem oferecer balas �s crian�as. Menos ainda um drops com v�rias balas na mesma embalagem. 

Na �poca de aulas presenciais, eu me senti na idade da pedra oferecendo aos colegas dos meus filhos um drops de pastilhas de hortel� da Garoto. Ningu�m da turma sabia o que responder. Tive a impress�o de que eles ignoravam o significado das palavras drops, pastilhas e hortel�. Talvez fosse necess�rio traduzir para algo como tubo de balas de menta.

D� �gua na boca s� de pensar nas del�cias da minha inf�ncia. Havia guarda-chuvas de chocolate, das balas bem macias Banda e dos chicletes das marcas Ping Pong ou Ploc, rivais entre si. S� n�o tenho boas lembran�as das balas Soft. Eram bonitas, com seu formato de discos voadores e bem coloridas. Mas eram muito lisas e escorregavam na garganta. Engasgaram muitas crian�as naquela �poca, eu inclusive.

Quase morri entalada, segundo contam meus pais, numa dessas hist�rias recorrentes em fam�lia, que se tornam lendas dom�sticas. “Fulano quase morreu de tifo daquela vez em que bebeu a �gua do aqu�rio.” “Pior aconteceu com voc�, que amassou o ded�o na cadeira de balan�o do seu av�. A unha nunca mais foi a mesma.” “Voc� fala isso porque n�o sabe o que aconteceu com o meu tio. Na brincadeira de cabra-cega, vendado, ele simplesmente atravessou a porta de vidro da cozinha. Foi parar no hospital. Levou n�o sei quantos pontos na testa.”

Ai que saudades dessas conversas tr�gicas dos almo�os de domingo. Rolava uma estranha disputa para ver quem havia chegado mais perto da morte. O clima era mais descontra�do, diferente dos encontros pelo Zoom, quando as c�meras roubam a naturalidade das pessoas. Mas a quarentena vai passar. Em breve, estaremos de volta �s reuni�es presenciais, vivos, de prefer�ncia.

Basta de ca�a �s bruxas. Nosso assunto original s�o as tra�as, que se multiplicaram pelos cantos da parede, rodap�s, livros. De onde elas brotam? Haja criatividade para tentar envolver os filhos nas tarefas do lar. Antigamente, os meninos ca�am com mais facilidade nas armadilhas maternas: “Vou contar at� 10 e vamos ver qual dos dois consegue guardar mais brinquedos na caixa. Um, dois e j�!”.

Da primeira vez, a estrat�gia da ca�a �s tra�as deu certo aqui em casa. Foi s� ensinar o mais alto a manejar a vassoura de pelo, de ponta-cabe�a, enquanto o mais novo seguia o fluxo, levando a p� de lixo. Cheguei a pensar em sugerir o uso de bin�culo e de um mapa do tesouro, mas os dois apenas se entreolharam, dando um suspiro. “Menos, n�o �, mam�e! Menos!”, faltaram dizer.

Ainda bem. Por pouco eu iria pedir para entrar na brincadeira. J� me imaginava andando na ponta dos p�s pedindo sil�ncio, de modo a surpreender o inimigo. Nada iria me deter na guerra contra o batalh�o de tra�as, que se aliaram com as tropas de teias de aranha e pernilongos sanguin�rios. Nossa equipe venceria a sujeira, recebendo como recompensa valentes brigadeiros de colher. Seria uma del�cia! 

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