� honesto perguntar ao novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, se ele buscar� implementar na Petrobras e no Minist�rio as ideias que defendia em seu curso de economia pela internet. Essa quest�o parece mais incerta do que saber se ele resolver� o enorme desconforto pol�tico com o pre�o dos combust�veis �s v�speras das elei��es.
Foi o doutor em economia pela Universidade de Bras�lia que soltou a seguinte p�rola: “Se ela (empregada do sexo feminino) engravidar, vai ficar seis meses fora da empresa. Voc� consegue imaginar uma empresa ficar seis meses sem seu gerente?”. Foi com ideias como essa que o atual ministro conquistou a confian�a do ministro Paulo Guedes e ganhou apoio da base mais ideol�gica do presidente Bolsonaro.
� sempre bom lembrar que Sachsida foi tamb�m um diligente aluno de Olavo de Carvalho. Segundo ele, assim foi seu encontro com o pretenso fil�sofo: “Foi como encontrar a luz em meio �s trevas”. Ou seja, estava pronto mais um candidato a futuro ex-ministro do governo Bolsonaro.
Nesse espa�o, em artigo publicado no dia 21 de abril, foi prevista a queda do ent�o presidente da Petrobras, Silva e Luna. A demiss�o de Bento � s� um desdobramento da tentativa de transmitir a culpa pelas placas nos postos de gasolina com valores acima dos R$ 7,40. Nesse sentido, o ministro Sachsida j� chegou tentando mostrar servi�o, sacando do bolso uma “guedice”.
“Guedice” s�o ideias (cujo autor � f�cil inferir) com algum poder midi�tico, sem qualquer rela��o com a realidade. � exatamente isso o que foi o pedido de in�cio dos estudos para a privatiza��o da Petrobras feito por Sachsida ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Pode parecer contradit�rio (e �), o novo ministro de Minas e Energia falar em privatiza��o, enquanto Bolsonaro se lamenta pela incapacidade de intervir mais. S� faz sentido mesmo considerando o ano eleitoral.
A ideia � simples: por um lado fazer aceno ao mercado financeiro, e pelo outro manter a ret�rica populista que pode beneficiar o presidente nas elei��es. Oferecer um discurso para as bases (“olha, nosso presidente tentou, mas o sistema n�o deixou”) � t�o importante quanto manter alguma credibilidade do discurso liberal perante o mercado. Em especial porque nessa quarta-feira (18) dever� haver o desfecho quanto � possibilidade de venda de outra empresa p�blica de energia.
O Tribunal de Contas da Uni�o dever� finalmente se pronunciar sobre a possibilidade ou n�o de venda ainda em junho da Eletrobras. Um processo que j� vem sendo preparado desde o governo Temer. Isso mesmo, uma empresa muito menor – e menos apelativa do ponto de vista popular – demorou mais de quatro anos para chegar no ponto que est� agora. Da� o porqu� � mais f�cil acreditar em m�o invis�vel do mercado do que acreditar em venda da Petrobras.
A realidade � que nada leva a crer que em caso de persist�ncias dos aumentos de pre�o dos combust�veis, a press�o sobre a Petrobras diminua. N�o importa quantas “guedices” sejam feitas: enquanto a infla��o continuar afetando os �ndices de popularidade e as chances de reelei��o, o presidente vai sempre buscar um culpado por isso. Sachsida j� assume com cara de bode expiat�rio.
Levando-se em conta que n�o se pode esperar nada do novo ministro em rela��o ao controle de pre�os dos combust�veis, volta-se � pergunta do primeiro par�grafo: ser� sua grande ideia para aumento de efici�ncia da Petrobras privilegiar a promo��o e contrata��o de homens? Talvez j� haja at� uma modelagem financeira genial dizendo o quanto isso vai impactar nas bombas.