postado em 18/10/2018 06:01 / atualizado em 18/10/2018 15:33
Em vez de fazer das crian�as meras assimiladoras de conte�dos capazes de se dar bem em uma prova, explorar suas habilidades. Assim, criatividade se torna a palavra-chave do aprendizado. Em tempos em que tudo � instant�neo, ela � quase sin�nimo de uma nova metodologia. Mais que saber mat�rias na ponta da l�ngua, � preciso inovar e deixar a imagina��o falar mais alto no processo de ensinar e aprender. Da sala de aula para o mercado de trabalho, especialistas em educa��o do mundo inteiro defendem o ato de criar como o grande diferencial dos alunos de hoje e dos profissionais de amanh�.
A discuss�o foi umas das t�nicas do evento ‘‘Enlighted: reinventando a educa��o num mundo digital’’, ocorrido na Espanha, no in�cio do m�s. A fundadora do Design for Change India (Design para Mudar a �ndia, na tradu��o em portugu�s), Kiran Bir Sethi, defende um modelo inovador em que o aluno � o principal ator de seu pr�prio desenvolvimento. O projeto foi criado em 2006 e aposta na liberdade dos estudantes e em conduzi-los por meio do lema “Eu posso” em sua aprendizagem. Kiran � fundadora e diretora da Riverside School, em Ahmedabad (�ndia), onde o uso das ferramentas do design foi experimentado no curr�culo escolar. Em termos acad�micos, ela supera as 10 melhores escolas da �ndia. No desenvolvimento das habilidades socioemocionais, o resultado � ainda mais significativo: a empatia, o trabalho em equipe e a transforma��o social permeiam todas as atividades escolares.
“Acredito em habilidades, mas tamb�m em qualidades e valores. N�o temos que fazer o trabalho dos alunos. As crian�as se tornaram n�meros, n�o t�m hist�rias, n�o t�m voz. Tenho a esperan�a de poder mudar as possibilidades delas”, diz. “Os primeiros passos para criar propostas � saber para quem e por que ensinar. � a ideia de o professor perceber de quem est� cuidando e assegurar que a vida fique mais leve. Simplicidade � o principal.”
Para o CEO na �rea de educa��o do Grupo Planeta, Pablo Lara, o desafio passa por pensar em v�rios pontos simultaneamente, n�o s� em termos de conte�do, mas em metodologias para dar suporte a elas. O primeiro diz respeito a pedagogias e novas metodologias. “Quais s�o as necessidades de aprendizado e como se aprende? O segundo s�o os conte�dos. Como apresent�-los? E, finalmente, o suporte: tecnol�gico ou n�o”, afirma.
Finalista do Global Teacher Prizer 2017, o pr�mio do melhor professor do mundo, David Calle ressalta que as diferen�as s�o o que d� valor a cada um. “Como professores e como pais, temos que tentar ajudar nossos alunos a entender quais s�o suas capacidades e habilidades, aquilo que os faz diferentes, para dar import�ncia a esse ponto. Muitos n�o conseguem chegar � universidade, por exemplo, porque pelo caminho n�o lhes deixaram ter uma assinatura particular”, relata.
Nem construtivista, nem tradicional, nem internacional, mas com um pouco de cada metodologia. Essa � a proposta da Casa Fundamental, escola no Bairro Castelo, na Pampulha, em Belo Horizonte, que aposta na criatividade e nas habilidades do aluno como eixo de forma��o. “Sabendo que o sistema convencional est� falido, pensamos em novas formas. Trabalhar com projetos � realidade nos Estados Unidos e na Europa h� d�cadas”, conta a diretora de Inova��o, Maria Carolina Mariano. Com a irm�, a diretora pedag�gica Marina Mariano, ela viajou dentro e fora do Brasil em busca de outros modelos. H� dois anos e meio, a ideia foi consolidada. O projeto pedag�gico foi pensado ao lado do arquitet�nico, que foi trabalhado durante um ano e meio.
A escola � um grande galp�o, sem paredes e com vista para o exterior. Enormes pain�is fazem as vezes de portas, quando necess�rio, e de lousa. “No nosso projeto, a certeza que t�nhamos � de que n�o temos certeza do que os alunos v�o encontrar na vida. Mas t�nhamos que dar possibilidade de entenderem que aprender � bom. A criatividade n�o � um dom, mas uma habilidade que pode ser desenvolvida”, ressalta Maria Carolina.
Alunos na Casa Fundamental, em BH: investimento em cada personalidade (foto: Juarez Rodrigues/EM)
No laborat�rio de cria��o, a meninada experimenta ferramentas, desde materiais comuns, como tintas, passando por cer�mica e rob�tica, no contexto dos projetos trabalhados. Todas as salas t�m internet em alta velocidade, mas a tecnologia s� � trabalhada em favor da aprendizagem. No p�tio, est�o brinquedos feitos pelos alunos. Descer de um andar a outro � pela escada ou pelo tobog�. Salas de 80 metros quadrados abrigam entre 16 e 25 alunos. Dever de casa n�o existe. “Olhamos o indiv�duo e levamos solu��es para desenvolver habilidades que o Minist�rio da Educa��o diz ser importantes e que sabemos ser tamb�m. O professor recebe o aluno do jeitinho que ele �, e o eleva”, resume Marina.