
Quando pequenos, os filhos costumam se espelhar nos pais, tanto no car�ter e personalidade quanto no comportamento e atitudes. Motivados pelo contexto em que crescem, geralmente, tendem a seguir tamb�m os passos profissionais, por afinidade, ou simplesmente por se orgulhar da atividade desenvolvida pelos pais. � como diz aquele velho ditado: filho de peixe, peixinho �.
Os pais carregam autoridade, for�a, seguran�a, coragem e principalmente afeto. O estilo de vida proporcionado pela profiss�o e como ela � transmitida para a crian�a podem fazer toda a diferen�a na escolha efetiva de uma ocupa��o. Os pequenos, mesmo que naturalmente, repetem gestos, palavras e a��es, sempre buscando ser iguais �queles que os inspiram.
Para Andrea Brunelli, psic�loga da Cl�nica do Bem, as experi�ncias, viv�ncias, sistemas de valores e profiss�es v�o se perpetuando sem ser nomeados explicitamente. Assim, “naturalmente”, muitos jovens repetem tr�s ou quatro gera��es da mesma profiss�o na contemporaneidade. Apesar de que, muitos jovens n�o est�o sendo obrigados a seguir carreiras sem buscar no �mbito familiar al�m do seu pertencimento, tamb�m seu espa�o e sua diferencia��o. “Encontramos tamb�m, na atualidade, uma gera��o que segue o legado familiar, mas procura por uma diferencia��o dentro da carreira em repeti��o, trazendo a sua singularidade para os valores adquiridos”, observa a psic�loga.
� o caso da fam�lia Beltr�o. A refer�ncia do pai na �rea do direito serviu de base para seus filhos amadurecerem a ideia de trilhar o mesmo caminho. Apesar de pensarem em profiss�es distintas, a inspira��o do pai falou mais alto. Amanda Beltr�o, advogada e filha mais nova de Luiz Beltr�o, na hora do vestibular at� pensou em seguir em alguma �rea da sa�de, mas acabou se encontrando no direito. “Terapia ocupacional, nutri��o e educa��o f�sica. Passei em todos eles. Mas tive muita inseguran�a e resolvi esperar mais um ano e ter a certeza do que queria para minha vida profissional”, comenta. “No ano seguinte, resolvi mudar radicalmente e escolhi o direito.
Um dos motivos que me levaram a fazer esta escolha foi o fato de o meu pai sempre ter tido sucesso na carreira e sempre nos ensinar a trabalhar com afinco, zelo, dedica��o e amor. “Ele nunca me influenciou na escolha do curso e, sempre que questionava o que deveria fazer, ele me dizia para pensar com carinho e que tal escolha era pessoal. Portanto, cabia somente a mim decidir.”
Outro caso na fam�lia � o da servidora p�blica Juliana Beltr�o, que, diferentemente da irm�, sempre teve o direito como primeira op��o. “N�o se tratou de uma escolha, mas algo que parecia nato, pois, de crian�a, observava meu pai vestindo seus ternos, saindo bem cedo para trabalhar com sua pasta marrom e voltando j� bem � noite”, relembra a advogada. “Ao mesmo tempo em que era muito natural seguir a profiss�o de meu pai, era tamb�m uma press�o, pois me perguntava se alcan�aria o sucesso, assim como o meu grande �dolo.”
Para ela, ter uma fam�lia com a mesma forma��o � uma experi�ncia bem enriquecedora, embora, algumas vezes, conflituosa. “J� que ideias e teorias para discutir sobre os ‘casos’ n�o faltam”, comenta.
INSPIRA��O
Para ambas, o curso teve os seus percal�os e sempre surgiam d�vidas. Mas o jeito dedicado e desprendido de bens materiais sempre inspirou a fam�lia. “Desde sempre, nosso pai nos ensinou que o sucesso n�o � o quanto tem em sua conta banc�ria, mas acordar todos os dias com amor e gratid�o pelo que faz”, explica Amanda.
Segundo Luiz Beltr�o, juiz aposentado e pai das meninas, � motivo de satisfa��o e alegria ver as filhas dando continuidade ao trabalho iniciado por ele, J� que a profiss�o lhe traz tanto orgulho e o faz relembrar um passado de muita dedica��o, honestidade, transpar�ncia, �tica e valores, que servir�o de heran�a para os filhos.
O advogado nunca pensou em incutir ou convencer os filhos a seguir o caminho escolhido por ele. “Na nossa fam�lia sempre houve liberdade plena de pensamentos e para tomada de decis�es. Os di�logos francos, abertos e sem preconceitos sempre prevaleceram para a decis�o de cada um, sem qualquer influ�ncia paterna ou materna”, comenta. Para ele, cabe aos pais se aproximarem dos filhos, dialogando e orientando-os, para que possam trilhar os seus caminhos. A refer�ncia dos genitores continua sendo forte, mesmo quando eles se isentam de exercer tal influ�ncia. O Bem Viver mostra hist�rias de pais e filhos que vivem a mesma paix�o fraternal e profissional ou de filhos que ousaram e foram contra a mar� dos of�cios.