
No ver�o, muita gente acaba potencializando a preocupa��o com a forma f�sica. Quer recuperar o tempo perdido e perder peso, quer resultados r�pidos, quer exibir um corpo magro na praia. Para isso, h� quem recorra a medidas question�veis. Em v�deo, at� a atriz Bruna Marquezine, por exemplo, admitiu j� ter tomado laxante na tentativa de emagrecer.
Outras estrat�gias perigosas usadas s�o ingerir medicamentos diur�ticos, se manter em jejum durante o dia todo e fazer uso de medicamentos controlados comprados no mercado clandestino. Pessoas normais est�o sujeitas a cometer exageros em busca do corpo perfeito. “� comum, por causa do culto ao corpo perfeito que vivemos hoje. As pessoas olham o Instagram e querem ter o corpo igual ao que elas veem l�”, lamenta Camila de Moura, professora de nutri��o do UniCeub.
A especialista faz quest�o de salientar a diferen�a entre emagrecer de fato e perder peso: “O emagrecimento � a mudan�a na composi��o corporal, quando ocorre aumento da massa magra e diminui��o da massa gorda”. A perda de peso, no entanto, ela explica, pode ser uma diminui��o do l�quido ou da massa magra do corpo.
A administradora Fl�via Monteiro, de 28 anos, aprendeu isso e muito mais da pior forma: na pele. “Foram tr�s anos me sentindo mal com meu corpo e tentando dietas loucas, at� chegar aos 114 quilos”, relata. At� ent�o, ela queria emagrecer. E rapidamente. Mas n�o consultava especialistas. Tomava laxante, diur�tico, comprou clandestinamente rem�dios controlados, at� chegar � conclus�o, h� cerca de um ano, de que nada disso faria efeito e que ela precisaria de outros m�todos.
O diur�tico a deixava fraca. A press�o sangu�nea baixava tanto que ela chegou a desmaiar. O laxante trazia os mesmos efeitos. Ambos os rem�dios fazem com que a pessoa se desidrate. “Eles promovem a elimina��o de l�quidos do corpo. O laxante, por meio da diarreia, e o diur�tico, do xixi. O laxante inflama a mucosa intestinal, que � o que causa a diarreia, e o diur�tico pode sobrecarregar o rim”, diz Camila.
CLANDESTINOS
Fl�via chegou a comprar rem�dios de vendedores clandestinos que encontrou na internet. Nas palavras dela, os medicamentos a “deixavam louca”. A endocrinologista Ros�lia Padovani explica que o maior perigo de adquirir um rem�dio dessa forma � n�o saber o que, de fato, tem ali. “Voc� pode comprar um anfetam�nico e achar que est� comprando sibutramina, por exemplo. Ambos s�o aceleradores do metabolismo, mas aceleram por inteiro: causam taquicardia, podem provocar perda �ssea, entre outros efeitos”, explica.
Alguns rem�dios podem tamb�m conter horm�nios tiroidianos sem a pessoa saber. Ros�lia afirma que � comum especialistas utilizarem essas ferramentas para ajudar no emagrecimento dos pacientes. No entanto, eles devem ser ministrados com acompanhamento m�dico. “Se forem bem indicados, podem ser usados com seguran�a. Mas o paciente precisa ser monitorado e supervisionado pelo m�dico”, ressalta.
Fl�via tamb�m injetou, por conta pr�pria, o horm�nio HCG (da gravidez) na barriga. Aprendeu na internet que era s� injetar e restringir a dieta a 500 calorias por dia. Havia dias em que s� comia ma��.
“A dieta com HCG realmente � baseada num card�pio de baix�ssima caloria. Assim, restringem-se tamb�m minerais e vitaminas. � um horm�nio caro. Um dos grandes problemas � que dietas com restri��o demais acabam n�o sendo duradouras, o que d� sucesso realmente � a mudan�a dos h�bitos alimentares”, explica Ros�lia. Segundo ela, os rem�dios podem ajudar, mas s�o apenas acess�rios.
Os rem�dios controlados que comprava no mercado clandestino at� faziam Fl�via perder bastante peso, mas, assim que parava de tom�-los, n�o s� os recuperava como ganhava ainda mais. H� cerca de um ano, diante da situa��o que parecia quase sem solu��o, Fl�via decidiu ir a um nutricionista, a um endocrinologista e contratar um coach. “Vi que as coisas que estava fazendo n�o tinham nenhum resultado duradouro. �s vezes, at� perdia 15 quilos, mas depois ganhava 18 quilos”, relembra. Nesse momento, j� estava com pr�-diabetes e problemas de articula��o.
JEJUM
Outra estrat�gia usada por muita gente � o jejum total, como uma forma de desintoxicar, ou o intermitente, que est� na moda. Rodrigo Polesso, especialista em emagrecimento e estilo de vida saud�vel do site emagrecerdevez.com, explica que, antes de apelar para qualquer jejum, � importante refletir sobre a alimenta��o. “At� defendo a pr�tica do jejum intermitente, mas tem que ser feito da forma correta”, ressalta.
Para ele, as pessoas apelam ao jejum sem antes prestar aten��o � pr�pria alimenta��o e sem melhor�-la. “O jejum intermitente pode ser uma ferramenta, desde que a pessoa j� esteja com uma dieta adequada a ela e aos objetivos dela. Fazer jejum sem antes estar se alimentando direito � colocar a carro�a na frente dos bois”, explica. Durante o jejum, ela n�o deve sentir fome e isso s� � garantido com uma alimenta��o nutritiva.
Ele explica que as pessoas t�m uma alimenta��o muito energ�tica e pouco nutritiva, por isso sentem tanta fome. “O que sinaliza a fome � a falta de nutriente, n�o de energia.” Polesso compara um prato de macarronada com um de salm�o. O primeiro vai dar muita energia e logo a fome vir�, o segundo dar� menos energia, mas manter� a pessoa sem fome por mais tempo.
Quanto � necessidade de estar magro no ver�o, ele alerta: “� claro que o que as pessoas mais querem � perder peso e ficar bem no espelho, mas o outro elefante na sala � a sa�de. O mundo est� vivendo uma epidemia de doen�as cr�nicas, que relacionamos � velhice, � gen�tica, mas tamb�m est�o relacionadas � alimenta��o”. Portanto, � necess�rio se cuidar sempre.