
Tudo que � feito com amigos se torna algo �nico. A data momesca surge como um importante catalisador de boas energias e descontra��o para milhares de amigos que aproveitam para estreitar la�os e festejar. O grupo de amigos formados pela estudante de jornalismo Aissa Macedo, a estudante de medicina veterin�ria Lu�sa Franklin, ambas de 22 anos, a estudante de direito Eduarda Rodrigues, de 20, e o publicit�rio Gabriel Lomasso, de 25, sabe bem como � aproveitar os dias de folia. O grupo encontrou no carnaval um motivo para celebrar a uni�o entre eles e a esperan�a de reunir novas experi�ncias. “Ajuda a fortalecer nossos la�os e a gente sempre acaba vivendo novas experi�ncias e hist�rias para reviver no futuro e rir, lembrando de todos esses bons momentos juntos”, diz Lu�sa Franklin.
Mesmo com encontros regulares durante o ano, a festa popular vem para selar a alegria coletiva do grupo. “Em �poca de carnaval, conversamos muito mais. Este ano, decidimos passar quase todos os dias de bloquinhos juntos”, avisa Eduarda Rodrigues. Segundo Aissa Macedo, desde janeiro, o grupo vem conversando sobre quais bloquinhos deveriam seguir e quais fantasias usar. “Conversamos todos os dias e planejamos cada detalhe”, pontua.
O processo de encontrar o bloquinho ideal e as fantasias para cada dia de folia n�o foi tarefa f�cil. “Procuramos na internet algumas ideias de fantasias e escolhemos as que mais combinavam com cada um. Resolvemos fazer alguns assess�rios em casa, para economizar, e deixar tudo com a nossa cara”, comenta Aissa. A busca pelos melhores bloquinhos resultou em uma planilha com mais de 400 blocos organizados por Lomasso, no Excel. “Foi dif�cil decidir, com tantas op��es, mas acabamos escolhendo pelas experi�ncias de outros carnavais. A turma � animada, muito alto-astral, ent�o, independentemente do bloco, quando estamos juntos a divers�o � certa”, afirma a estudante de jornalismo.
Edgar Paulino, psic�logo da Cl�nica do Bem, destaca que, ao entrar em contato com as pr�prias fantasias e com as fantasias dos outros, bem como ao vivenciar momentos de descontra��o juntos, os la�os afetivos s�o fortalecidos nesse momento. “� um momento prop�cio n�o somente para se distanciar dos problemas, mas partilh�-los com os outros.”
Sem as press�es corriqueiras e o estresse costumeiro, a disponibilidade ps�quica para investir em la�os afetivos tende a ser favorecida, tanto para a forma��o de novos v�nculos quanto para a manuten��o dos antigos. “A energia investida na rotina pode ser canalizada para interagir com os outros e enxergar o que h� para al�m do rosto feliz que celebra o carnaval”, frisa Edgar.
PROXIMIDADE
A profissional de educa��o f�sica Laura Murta, de 27, v� a data como uma forma de se motivar e unir os amigos que n�o s�o t�o pr�ximos no dia a dia. “� importante, porque passamos bons momentos com pessoas de confian�a e isso alimenta ainda mais nossa amizade.”
Nos �ltimos dois anos, o carnaval tem sido vivido com muita anima��o por ela e suas amigas. Segundo ela, o grupo sempre procura ir nos blocos mais comentados e aguardados pelo p�blico belo-horizontino. “Mas j� ca�mos em muita furada”, relembra. Por�m, toda a experi�ncia vivida rende grandes hist�rias para serem contadas depois. “Vivemos uma rotina estressante demais, � uma experi�ncia muito gostosa, a import�ncia da data � ser feliz sem se preocupar muito com a opini�o dos outros”, finaliza.
“Uma das melhores partes do carnaval pra mim � encontrar amigos depois de muito tempo por pura coincid�ncia na rua”, comenta Eduarda sobre a nostalgia e a imprevisibilidade ocasionada pelas multid�es arrastadas pelos blocos na capital.
A folia entra como importante agente antiestresse, j� que muitos usam a data como uma v�lvula de escape em meio a uma rotina estressante de trabalho e preocupa��es e traz consigo uma experi�ncia de liberdade e experimenta��o. Edgar Paulino afirma que � importante esse momento de descontra��o “que outros aspectos ps�quicos, que n�o aqueles exigidos pela seriedade do trabalho, da vida acad�mica, escolar, familiar, religiosa e de diversas ordens, demandam. Ningu�m consegue lidar com a realidade o tempo todo. Por isso, a sociedade sempre teve seus meios paliativos, em que o indiv�duo pode se permitir escapar dela”, pondera. Seja mergulhar num livro por puro divertimento, beber com os amigos num bar, maratonar uma s�rie ou qualquer coisa que permita a viv�ncia de algum tipo de prazer.
“Vejo o carnaval como uma �poca em que a gente pode se desligar dos problemas da vida por alguns momentos, sair, se divertir com os amigos, cantar alto e colocar pra fora tudo o que fica guardado o ano todo. � um momento de festa, de celebra��o em v�rios n�veis, al�m de nos proporcionar novas experi�ncias, conhecer novas pessoas e tudo mais”, observa o publicit�rio Gabriel Lomasso.
O psic�logo considera que, possivelmente, o carnaval � um reflexo do que seria a sociedade sem obriga��es ou responsabilidades atreladas � rotina de trabalho. “Sem o excesso de repress�es de diversas ordens, n�o diria que h� um sair de si, mas um entrar em si. Do ponto de vista do que conhecemos como ‘eu’ h� sim um tipo de sa�da. Mas o que costumamos chamar de ‘eu’ � apenas uma parte dos v�rios ‘eus’ que somos.” O carnaval � um momento em que os envolvidos podem se beneficiar ao vivenciar potencialidades at� ent�o desconhecidas. “No entanto, � preciso reconhecer que cada um tem seus limites e nem tudo necessita ser experimentado por todos”, aconselha.
palavra de
especialista
Edgar Paulino
psic�logo
O que n�o � permitido no carnaval
“Cada um conhece, em certa medida, os pr�prios limites, de acordo com os valores que construiu e com o projeto existencial que tem. No entanto, qualquer coisa que fira a dignidade humana, que desrespeite os outros e a si n�o deve ser permitida. Embora o carnaval permita viv�ncias variadas, sobretudo no aspecto sexual, � importante se ater no respeito ao pr�ximo. Sobretudo no Brasil, onde o n�mero de estupros e casos de viol�ncia sexual contra o p�blico feminino tem �ndices alarmantes. � necess�rio vivenciar a liberdade com responsabilidade. S�o elementos indissoci�veis, n�o apenas na tradi��o filos�fica e psicol�gica, mas na exist�ncia humana. Qualquer viv�ncia humana n�o � uma ponta solta, desconexa da totalidade do indiv�duo. Pelo contr�rio. Aquilo que � vivido no carnaval, ainda que de maneira descontra�da e leve, deve ser encarado sob a �tica da responsabilidade, sabendo que as repercuss�es permanecem na psique e podem provocar consequ�ncias de outras ordens na vida de quem as vivencia. Se ‘na natureza nada se cria e nada se perde’, o mesmo se d� na psique. O que n�o � permitido no carnaval � aquilo que nunca deve ser permitido a um humano: desumanizar outro humano ou a si.”
personagem da not�cia
Lauro Mendes Costa
publicit�rio
UMA MANEIRA GOSTOSA E DESCONTRA�DA DE APRENDER
“O carnaval � divers�o, cultura, diversidade, amor ao pr�ximo e aprendizado. N�o � s� uma festa, � a maior manifesta��o cultural do nosso pa�s. A festa � quase que um segundo nome do brasileiro. Claro que h� quem n�o goste, ou apenas tolere. O carnaval � um marco no nosso ano. Creio que n�o s� no nosso, mas no de grande parte do Brasil. Afinal, quem nunca escutou aquela famosa frase: “o Brasil s� funciona depois do carnaval...”. O carnaval ajuda a refor�ar os la�os de amizade e n�o s� a mant�-la, como ajuda a criar amizades. E, claro, quem nunca teve um amor de carnaval? Reunir amigos sempre � dif�cil. O carnaval � sim, com certeza, uma data que nos une. Este ano, pra ser sincero, as fantasias est�o bem mais devagar. A falta de dinheiro est� dificultando, mas jamais nos impedir� de festejar. Para os blocos, estipulamos alguns certeiros, o resto do tempo a gente segue a multid�o. As expectativas est�o alt�ssimas pelo tamanho da dimens�o que a festa em Belo Horizonte ganhou. Sempre passei no interior, mas depois que conheci o carnaval de BH, me apaixonei. O carnaval de BH conquistou o cora��o de milhares de pessoas por todo o Brasil. O carnaval � uma v�lvula de escape, alguns dias em que voc� pode se esquecer das contas e dos problemas e cair na folia. Sempre com responsabilidade. Import�ncia extrema, al�m da descontra��o, e a quebra na rotina, quem n�o gosta de estar rodeado de amigos, vivendo a hist�ria e fazendo parte? A vida � curta demais para abrir m�o dos momentos festivos.”