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Estado de Minas REPORTAGEM DE CAPA

Noivas revelam conflitos para conseguirem se casar, mas o amor falou mais alto

Ma�sa Feital e Karla Kalife enfrentaram medos, conflitos e questionamentos at� chegar ao altar. Felicidade do casal evidencia que o amor n�o deve ser um tabu


postado em 22/09/2019 04:00 / atualizado em 23/09/2019 10:26

Maísa Feital e Karla Kalife se casaram no último sábado, com direito a vestidos de noiva, e já fazem projetos para a vida conjugal(foto: Gladyston Rodrigues/em/d.a press)
Ma�sa Feital e Karla Kalife se casaram no �ltimo s�bado, com direito a vestidos de noiva, e j� fazem projetos para a vida conjugal (foto: Gladyston Rodrigues/em/d.a press)


Um belo dia, duas mulheres se conheceram. Jovens, ativas, filhas de fam�lias estruturadas. Mo�as comuns, na casa dos vinte e poucos anos. E se apaixonaram. Ma�sa Costa Feital, de 28 anos, treinadora de t�nis, e Karla Moreira Kalife, de 27, designer gr�fico e fot�grafa, casaram-se no �ltimo s�bado, dia 21. Ambas de vestido branco. Como qualquer casal, esperam vivenciar na pr�tica a felicidade e os desafios da vida conjugal. Filhos tamb�m est�o nos projetos das rec�m-casadas.
 
N�o, n�o se trata de um conto de fadas, mas de uma hist�ria da vida real. At� chegarem ao altar, Ma�sa e Karla enfrentaram conflitos, medos, questionamentos. Mas tamb�m houve descobertas, al�vio, apoio. “N�o identifiquei minha orienta��o de cara. Mesmo porque n�o tinha contato com ningu�m que namorasse pessoas do mesmo sexo durante a adolesc�ncia. Despertei-me quando assisti a um epis�dio gay de um programa da MTV, o Beija sapo. Ali, comecei a pensar que n�o fazia sentido casais gays n�o estarem mais inseridos na TV ou na minha vida....”, lembra Karla.
 
J� Ma�sa descobriu o amor por mulheres no fim da adolesc�ncia e, ap�s conhecer a atual companheira, revelou a orienta��o homoafetiva para os pais. “Quando contei, fui muito apoiada, pois o que importava para eles era eu estar feliz. Eu e a Karla estamos juntas desde 2016 e em 2018 ficamos noivas.”
 
Presente � entrega dos vestidos, a m�e de Ma�sa, Georgina Penna Costa, de 62, fazendeira, reagiu com naturalidade � revela��o da filha. “Para mim, isso nunca foi problema. Penso que uma pessoa pode se apaixonar por outra sem se preocupar com g�nero. O amor acontece entre almas, ningu�m manda no cora��o e todo mundo tem o direito de ser feliz.!”
 
Georgina Penna Costa (D) apoiou de forma incondicional a união da filha Maisa Feital(foto: Cacá Lanari/divulgação)
Georgina Penna Costa (D) apoiou de forma incondicional a uni�o da filha Maisa Feital (foto: Cac� Lanari/divulga��o)
 
 
Quando questionada sobre como falar a respeito do casamento de Ma�sa e Karla para amigos e parentes. Georgina se posicionou simplesmente como m�e de uma noiva. Nada de rodeios ou 'explica��es'. “Sinceramente, n�o vejo nenhum problema na uni�o das duas. Tudo que uma m�e deseja � que a filha seja feliz e eu vejo que a Ma�sa est� plena, como qualquer pessoa que ama e � amada. Sobre os convites, ningu�m da minha fam�lia e nem do meu c�rculo de amizade reagiu de forma negativa, foi tudo aceito com naturalidade.”

Conv�vio em fam�lia

 
Quando revelou ser gay para a m�e, Karla viveu um processo. “Mor�vamos em Petr�polis e eu n�o sabia qual seria a rea��o dela. Isso porque o preconceito � enraizado na sociedade e, com isso, morria de medo. Quando confirmei, foi bem dif�cil. Houve o receio comum em rela��o ao resto da fam�lia, aos amigos, �s m�es dos meus amigos n�o 'aceitarem'...ao meu sofrimento... at� ela perceber que nada poderia mudar minha orienta��o. Resolvi contar para o meu pai um pouco mais tarde e ele foi muito fofo, super me apoiou. Ent�o, considero-me uma mulher de sorte por ser rodeada de pessoas sem preconceitos. Mas sei que muitos gays sofrem por n�o terem esse apoio.”
 
Karla revela que os pais participaram de todos os preparativos para o casamento com alegria e b�n��os. “O apoio da fam�lia � importante em qualquer tipo de uni�o... � fundamental para uma pessoa ser feliz, para uma rela��o leve...”, destaca a sogra da noiva, que a trata como filha.

Por�m, o casal reconhece que o preconceito em rela��o �s uni�es homoafetivas ainda � grande no pa�s. “Acredito que a maioria ainda t�m algum tipo de preconceito. No nosso conv�vio, mesmo as pessoas que tinham um pouco de preconceito, quando convivem conosco, nos conhecem melhor, passam a entender que n�o � a orienta��o sexual que faz uma pessoa ser boa, ruim, com valores ou n�o”, cita Ma�sa.
 
Karla e Ma�sa s�o tratadas com extremo respeito e amor por ambas as fam�lias, e lamentam que o mesmo n�o seja a realidade de outros casais gays. “N�o � apenas a homofobia expl�cita, mas todo tipo de discrimina��o. H� quem xingue o cara de viado por ele ter medo de alguma coisa, por exemplo. As pessoas crescem ouvindo isso, achando normal. Piadinhas racistas, mis�ginas, machistas. A sociedade precisa avan�ar muito em rela��o a esse tipo de comportamento”, afirma Karla.

O papel�o da Bienal 

 
O casal tamb�m faz cr�ticas �s a��es que tem sido recorrentes no meio pol�tico. “N�o acho que seja normal um l�der de governo fazer um discurso de �dio e mais da metade da popula��o n�o ver problema. As pessoas precisam de empatia e respeito. Uma amiga sempre diz que o amor de duas mulheres sempre ser� um ato pol�tico e revolucion�rio em meio a tanto machismo e misoginia no Brasil...e eu concordo”, desabafa Karla.
 
Ma�sa completa, alegando a import�ncia da a��o do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a uni�o homoafetiva, que considera “um passo importante para o reconhecimento legal do que a gente j� sentia, de que nossos relacionamentos t�m o mesmo valor (e direitos e deveres) de qualquer outro relacionamento”.
 
Sobre a a��o do prefeito Crivella na Bienal, o casal � taxativo. “Acho um absurdo o governo proibir qualquer conte�do. Tem gente que acredita que a censura n�o existe desde a ditadura, mas infelizmente j� vimos muitas demonstra��es de que n�o � bem assim. E mais absurdo ainda s�o pessoas que usam seu poder no governo para impor suas pr�prias cren�as, n�o necessariamente pensando na popula��o como um todo”, afirma Ma�sa.
 
Karla refor�a, dizendo ser um “absurdo censurar um tipo de orienta��o sexual”. E lembra que a arte, incluindo a� a literatura de HQs, pode fazer diferen�a para educar a popula��o e minorar o sofrimento da comunidade LGBT+ e de qualquer outra que sofra discrimina��o. “Se eu tivesse lido um gibi assim antes dos meus 14 anos, n�o teria tanto problema de ter me assumido, porque j� teria tido contato com a realidade homoafetiva. Como a sociedade pode avan�ar se desde crian�as somos levados a achar que � proibido ou errado ser gay? Fica muito dif�cil lutar para ser aceito em uma sociedade se existem pessoas com mentalidade retr�grada no poder, que enaltecem o preconceito”, lamenta.
  

Palavra de especialista

S�lvia Vaz de Melo Sette, advogada com especializa��o em direito de fam�lia e sucess�es
 
Em 10 anos, uni�es homoafetivas triplicaram no mundo
 
A advogada Sílvia Vaz de Melo Sette (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
A advogada S�lvia Vaz de Melo Sette (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 
 
“No Brasil contempor�neo, o conceito de fam�lia se alargou e atualmente prevalece o entendimento de que ele n�o mais coaduna com o modelo convencional de fam�lia constitu�da basicamente pelos la�os do matrim�nio entre homem e mulher. Ou seja, para abranger uma multiplicidade de forma��es familiares, o atual conceito de fam�lia passou pelo casamento, pela uni�o est�vel, pelas rela��es de parentesco e, al�m disso, pelas rela��es por afinidade, sendo essas compreendidas como um grupo de pessoas ligadas por v�nculos jur�dicos e afetivos. Com o intuito de amenizar diverg�ncias at� ent�o existentes na legisla��o brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF) consagrou interpreta��o favor�vel � uni�o est�vel e ao casamento civil de homossexuais, ampliando o voc�bulo de fam�lia, em 5 de maio de 2011. Vale dizer que em nenhuma outra d�cada houve avan�os t�o r�pidos nos direitos homoafetivos no mundo quanto os �ltimos 10 anos. Dos 54 pa�ses que permitem casamentos ou uni�es civis entre pessoas do mesmo sexo, 39 implementaram a mudan�a entre 2009 e 2019, per�odo em que o reconhecimento das uni�es homoafetivas mais do que triplicou no mundo.” 


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