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Bi�grafa de Jorge Amado explica raz�o da popularidade do autor em BH

Jos�lia Aguiar inaugura nesta ter�a (19) a edi��o 2019 do programa 'Letra em cena. Como ler...'


postado em 19/03/2019 05:06

 

Jorge Amado (1912-2001) � o terceiro autor da l�ngua portuguesa mais traduzido no mundo – o segundo, se formos falar de escritores brasileiros. Perde para Paulo Coelho, o primeiro colocado, mas ganha de Clarice Lispector e Machado de Assis. Em levantamento do Index Translationum, lista de tradu��es de obras liter�rias organizada pela Unesco desde 1932, existem 421 livros traduzidos do escritor baiano mundo afora.

“Embora sua aprecia��o cr�tica n�o tenha sido un�nime, a hist�ria dele foi constru�da como um cl�ssico da literatura”, afirma Joselia Aguiar, autora de Jorge Amado: Uma biografia (Todavia, 640 p�ginas). A jornalista, curadora da Festa Liter�ria de Paraty (Flip) em 2017 e 2018, est� nesta ter�a-feira (19) em Belo Horizonte para o lan�amento da obra.

O encontro com o p�blico ser� na primeira edi��o de 2019 do Letra em cena. Como ler... Em edi��es mensais no caf� do Minas T�nis Clube, o projeto re�ne um especialista na obra de um grande autor. Al�m disso, tamb�m prev� a leitura de um texto do escritor selecionado. Hoje, o ator Luciano Luppi vai ler um trecho de Capit�es de areia (1937).

Joselia, baiana como Amado, levou sete anos para concluir a biografia. “Um dos fatores pelos quais coloco Jorge Amado com um dos autores mais dif�ceis para biografar � que ele nasceu no come�o do s�culo passado, viveu muito e em v�rios lugares, e produziu muito. Foram mais de 40 livros”, afirma. Como tamb�m havia poucas pessoas vivas que conviveram com o autor quando jovem, muito da busca da bi�grafa se deu em acervos, espalhados no Brasil e no exterior.

FITAS “E quando o livro estava pronto para ir para a gr�fica, aconteceu uma coisa �tima. Eu estava atr�s do Thomas Colchie (agente liter�rio e tradutor norte-americano), que, durante os anos 1990, tinha tentado fazer uma biografia do Jorge Amado. Ele tinha feito v�rias entrevistas com amigos que j� haviam morrido quando comecei a fazer o livro”, conta Joselia. Pois, aos 45 do segundo tempo, Colchie respondeu � jornalista, liberando o acesso �s fitas com entrevistas, que estavam sob a guarda de uma biblioteca de Princeton.

A biografia de Joselia traz alguns trunfos. A autora revelou a exist�ncia de um romance in�dito, Rui Barbosa nº 2 (1932), que “diziam que ele tinha jogado fora porque n�o achava bom”. A jornalista foi encontrar o manuscrito no acervo da Funda��o Casa de Jorge Amado. “Estava l�, classificado, e ningu�m tinha se dado conta.”

O trabalho de f�lego da pesquisadora tamb�m trouxe luz a um documento familiar. Antes de Z�lia Gattai (1916-2008), Amado foi casado, nos anos 1930, com Matilde Garcia Rosa. O casal teve uma filha, Eul�lia Dalila Amado. Nascida em 1935, a primog�nita morreu aos 14 anos. A menina deixou um di�rio, que est� sob a guarda de Paloma Amado, a ca�ula do escritor com Z�lia Gattai. “Ela me disse que nunca tinha tido coragem de ler”, conta Joselia. O documento, segundo a autora, foi muito importante, j� que o per�odo do casamento do escritor com Matilde foi uma das dificuldades que ela teve para recuperar na biografia.

Jorge Amado estreou na literatura com o romance O pa�s do carnaval (1931), publicado quando ele tinha 20 anos. “Quando ele come�a, � visto como um jovem autor muito promissor, tanto que � publicado pela Jos� Olympio. Ainda que fa�am reparos – pois h� livros com finais mais esquem�ticos e um certo manique�smo, em que os ricos s�o ruins e os pobres, bons –, os intelectuais da �poca gostam”, comenta. S�o da fase inicial livros como Jubiab� (1935, considerado por Albert Camus “magn�fico e assombroso”) e Capit�es de areia (1937).

PRIS�ES A liga��o do escritor com o Partido Comunista – Amado foi eleito deputado federal pelo PCB em 1946 – influenciou diretamente sua obra. O escritor foi preso algumas vezes, a primeira delas em 1936. Quando o PCB entrou na ilegalidade, em 1948, ele se exilou em Paris – tamb�m passou per�odos exilado na Argentina, Uruguai, Rep�blico Tcheca e ex-URSS. “Ao retornar, ele lan�a Os subterr�neos da liberdade (1954), considero politicamente complicado. Este � o livro que deveria marcar sua derrocada final. H� inclusive uma cr�tica de Oswald de Andrade dizendo que, ao procurar o grande l�rico que havia conhecido quando jovem, n�o havia conseguido encontrar no livro”, conta Joselia.

O romance, dividido em tr�s volumes, antecede o grande livro de Amado, Gabriela, cravo e canela (1958). “Ao se afastar do stalinismo, ele come�a a se abrir e pensar em uma literatura mais complexa, mas que n�o deixa de ser de esquerda.” Gabriela � bem recebido pela cr�tica – “ainda que a mais conservadora n�o goste por trazer palavr�o, sexo e retratar pessoas que n�o s�o ilustres” – e marca, na opini�o de Joselia, o in�cio do estilo amadiano. “Ele passa a trabalhar bastante o texto, introduz o humor e o riso e sua obra passa a ter uma voz autoral.”

Dois anos ap�s seu lan�amento, Gabriela ganha a primeira adapta��o televisiva – uma novela, em 1960, para a TV Tupi. Al�m dessa, uma s�rie de outras obras v�o ganhar, a partir de ent�o, adapta��es para TV, cinema e artes c�nicas. “As adapta��es acabam deixando-o mais sujeito �s cr�ticas, n�o pelo que escreve, mas pelas pr�prias adapta��es, muitas bastante estereotipadas.”

E Gabriela, por fim, ainda mostra o reencontro do autor com a Bahia – a partir dos anos 1960, Amado volta a residir no estado em que nasceu. “Nesta fase de redescoberta da Bahia, ele passa a ter a voz autoral do narrador baiano.” S�o dessa fase alguns de seus romances mais conhecidos, como Dona Flor e seus maridos (1966), Teresa Batista cansada de guerra (1972) e Tieta do agreste (1977), todos com protagonistas femininas.

Jorge Amado, at� o fen�meno Paulo Coelho, iniciado nos anos 1980, era o autor brasileiro mais vendido no pa�s e no exterior. Tieta, por exemplo, foi lan�ado com 100 mil exemplares. “Voc� tem autores que conseguem picos de popularidade, como Jos� Mauro de Vasconcelos (de Meu p� de laranja lima), com um �nico livro. No caso de Jorge Amado, ele sempre foi vendido. E como suas hist�rias t�m emo��es, dramas, isso contribui para ele ser levado para as telas. Ele escreveu para um leitor muito pr�ximo”, observa Jos�lia.



“As adapta��es acabam deixando-o mais sujeito �s cr�ticas, n�o pelo que escreve, mas pelas pr�prias adapta��es, muitas bastante estereotipadas”
Jos�lia Aguiar, autora de Jorge Amado – Uma biografia



LETRA EM CENA
A jornalista Joselia Aguiar fala sobre a obra de Jorge Amado. Nesta ter�a (19), �s 19h, no Caf� do Centro Cultural Minas T�nis Clube, Rua da Bahia 2.244, Lourdes. As inscri��es, gratuitas, devem ser feitas pelo www.sympla.com.br.

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Otto Lara Resende


Jorge Amado – Uma biografia

Jos�lia Aguiar
Todavia
(640 p�gs.)
Pre�o sugerido: R$ 79,90


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