
Sibito baleado � uma express�o que se refere a uma pessoa muito magra ou de pernas finas. � tamb�m o nome popular de um pequeno e fr�gil p�ssaro do Nordeste, semelhante ao bem-te-vi. Na adolesc�ncia, S�rgio Roberto Veloso de Oliveira ganhou o apelido de Siba (corruptela de sibito) por sua magreza. “Acabou pegando, mas ainda tem gente que me chama pelo nome”, diz o poeta, cantor e compositor pernambucano, que encerra neste s�bado (15) a terceira edi��o do Ciclo de Literatura Contempor�nea, realizado em BH com o tema “O circuito e a margem”.
Ao longo da semana, o ciclo promoveu gratuitamente debates, lan�amento de livros, shows, sarau e leitura de poemas com nomes de diversos estados. “Cada vez mais essas oportunidades devem ganhar poder, significado e pot�ncia. S�o momentos em que a gente se encontra para debater e se reconhecer. E, quando a gente se reconhece, renova mais a esperan�a em um pa�s menos tenebroso”, afirma.
Siba faz hoje no Museu de Arte da Pampulha (MAP) uma esp�cie de “recital el�trico”, que mescla conversas com m�sica. “N�o � algo totalmente formatado. Fa�o muito de improviso, meio imprevis�vel. Mas � sempre uma oportunidade de encontro”, diz ele, que estar� ao lado do baterista Rafael Santos e do tubista Leandro Gerv�sio. O repert�rio deve contemplar can��es de seu trabalho mais recente, De baile solto (2015), recentemente relan�ado em vinil, assim como Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar, Avante e Fuloresta do samba. “Acho simb�lica essa coisa do vinil. A rela��o com o objeto � diferente. Claro que � um p�blico mais restrito, uma rela��o menos fragmentada, mas tem sempre quem goste.”
Siba finaliza seu pr�ximo projeto, batizado de Coruja muda, que chega ao mercado em julho. O artista diz que s� quem ouvir a m�sica vai entender do que se trata. “N�o � um disco conceitual, apesar de ser perpassado por imagens que exploram esse lugar indeterminado entre o homem e o animal; onde acaba um e onde come�a o outro. N�o � o tema central do disco, mas est� presente em boa parte dele”, diz. O primeiro single, Barato pesado, j� est� nas plataformas digitais. “Todas as faixas s�o in�ditas, mas temos duas regrava��es em b�nus.”
CULTURA POPULAR H� 22 anos, entre idas e vindas, o cantor e compositor mora em S�o Paulo. Sempre teve uma casa, um quarto ou “quartel-general” na capital paulista, mesmo na �poca em que residia em Recife ou no interior. No entanto, Pernambuco nunca deixou de estar presente em sua vida e em sua obra. “A gente s� deixa de ser quem � quando quer. E esse nunca foi meu caso.” Sobretudo quando integrou a extinta banda Mestre Ambr�sio, Siba procurou valorizar manifesta��es populares pernambucanas, como a ciranda e o maracatu.
Ele lamenta o pouco destaque que essas tradi��es t�m no pa�s. “Existe no Brasil um senso comum de que tudo que diz respeito � cultura popular fica num lugar inferior na cadeia de valores. Existe um preconceito, uma desvaloriza��o, que, infelizmente, s�o compartilhados at� por quem gosta. Por isso a import�ncia de ter eventos como esse em BH para que isso seja sempre debatido e compreendido e quebrar um pouco desse paradigma.”
Siba est� pessimista em rela��o ao futuro do pa�s. “Vim de um tempo em que era natural que o Brasil melhoraria, que �ramos o pa�s do futuro, em progresso e que a democracia estava fortalecida. Isso j� estava consolidado no nosso discurso.” No entanto, o curso da hist�ria n�o seguiu exatamente esse rumo, na avalia��o dele. “N�o vejo necessariamente a luz no fim do t�nel. � necess�rio, mais do que nunca, um esfor�o de combate a essas for�as retr�gradas e reacion�rias que impedem a livre movimenta��o de ideias e de identidade deste pa�s que � t�o bonito. O que foi feito em apenas poucos meses � muito s�rio e n�o sabemos quanto vai durar a bizarrice desse governo. O dano j� � grave e recompor isso vai ser complicado.”
Encerramento do Ciclo de Literatura Contempor�nea
Neste s�bado (15), �s 11h, com Siba e banda, no Museu de Arte da Pampulha (Avenida Otac�lio Negr�o de Lima, 16.585, Pampulha. (31) 3277-7996). Entrada franca. Mais informa��es: www.ciclodeliteratura.art.br/bh/.