
Voc� pode at� n�o conhecer seu rosto, mas certamente j� assistiu a alguma produ��o que tem a assinatura desse mineiro de Muria� (Zona da Mata). C�sar Rodrigues, de 55 anos, � o diretor de sucessos do cinema e da televis�o, como Vai que cola (filme e seriado), Minha m�e � uma pe�a 2 (filme) e Os Roni (seriado).
Em breve, Cesinha, como � chamado pelos mais �ntimos, estar� no comando de uma nova empreitada, um humor�stico no Multishow estrelado por Leandro Hassum e que ter� no elenco tamb�m Cacau Prot�sio e Paulinho Serra.
A estreia deve ocorrer no come�o do ano que vem. “Estamos gravando o piloto. � uma oportunidade que o canal est� dando para experimentar, entender os personagens, a hist�ria. Leandro � uma pessoa extraordin�ria, um talento brilhante. Est� sendo uma del�cia fazer esse projeto”, comenta o diretor.
Foi precisamente no Multishow, que C�sar Rodrigues come�ou a se destacar na dire��o, sobretudo das chamadas com�dias de situa��o (sitcoms). O primeiro sucesso veio com Vai que cola. O mineiro dirigiu cinco das sete temporadas da atra��o ambientada numa pens�o no M�ier, na Zona Norte carioca, e que tem entre seus atores Paulo Gustavo, Catarina Abdalla, Marcus Majella, Cacau Prot�sio, Fiorella Mattheis, Samantha Schm�tz, Emiliano D'�vila e S�lvio Guindane.
Cesinha credita o �xito do programa, um dos mais assistidos da TV a cabo brasileira, ao elenco e � sua comunica��o bem popular com o espectador. “� aquela ideia do sitcom cl�ssico, que j� vem desde Fam�lia Trapo, Sai de baixo. A gente avan�ou foi com a ideia do palco girat�rio, uma inova��o que incorporamos ao formato. Ainda que eu n�o tenha dirigido as duas �ltimas temporadas, ajudei na supervis�o. Sou parte do Vai que cola”, afirma o diretor, respons�vel tamb�m pelos filmes da franquia – Vai que cola – O filme (2015) e Vai que cola – O come�o, que est� em cartaz.
Na opini�o de C�sar Rodrigues, Vai que cola foi al�m de garantir uma boa audi�ncia da grade do Multishow, ele acabou dando uma identidade ao canal. “Com ele o Multishow descobriu sua voca��o, que � o humor. A partir de ent�o, surgiram outros produtos nessa linha e que tamb�m se sobressa�ram”, diz.
O pr�prio Vai que cola gerou derivados como Ferdinando show (2014-2018), estrelado pelo concierge Ferdinando (Marcus Majella), e A� eu vi vantagem (2015), com J�ssica (Samantha Schm�tz), outra personagem do sitcom. “O spin off (obra derivada de uma j� existente) acaba sendo algo natural, por se tratar de um produto t�o forte e com grande apelo popular. E ele agrega ao canal.”
Tamb�m t�m a dire��o de Cesinha no canal por assinatura os humor�sticos Trair e co�ar � s� come�ar (2014 e 2015), inspirado no sucesso teatral de Marcos Caruso, Planeta B (2017), com os atores da companhia brasiliense de teatro, Os melhores do mundo e o mais recente deles, Os Roni, que chegou � telinha em abril passado e acaba de estrear a sua segunda temporada.
Os Roni conta a hist�ria de uma fam�lia de nordestinos que vive em S�o Paulo. A ideia do programa foi apresentada pelo influenciador digital piauiense Whindersson Nunes, um dos protagonistas.
“Foi ele quem teve essa sacada de fazer um programa s� com artistas do Nordeste. Achei isso muito legal. S� o Oscar Magrini � paulista. Fam�lia � algo que todos se identificam, porque todo mundo tem. � um projeto de que gosto muito”, afirma C�sar, que destaca a participa��o da veterana atriz Ilva Ni�o no seriado. “Ela � minha parceria de anos. Sempre que posso, quero t�-la ao meu lado. E, nas grava��es de Os Roni, a garotada tem um respeito enorme pela Ilva. � um exemplo de figura humana, de atriz.”
C�sar Rodrigues se mudou para o Rio de Janeiro aos 15 anos em busca de melhores oportunidades do que as que teria em sua cidade natal. Ele chegou a estudar administra��o, mas acabou se formando em comunica��o. Na faculdade, descobriu o teatro com um professor chamado Miguel Falabella.
“Foi ele que me indicou uma escola de teatro, a CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). O teatro foi a descoberta do meu lugar no mundo. O trabalho de ator acaba sendo o espa�o de encontro com voc� mesmo, com o pensamento das pessoas. Foi uma janela que me abriu v�rias portas”, reflete.
C�sar chegou a fundar com o amigo e colega Roberto Bomtempo um grupo teatral juvenil e, a partir dali, percebeu que seu caminho no teatro estava indo para a dire��o. Passou a ter mais contato com gente da �rea, at� que sua hist�ria se cruzou com uma pessoa fundamental em sua trajet�ria: o diretor e produtor Daniel Filho.
“Ele foi meu grande mentor. Fizemos muita coisa bacana. Minha estreia como diretor na TV foi como assistente dele, em Confiss�es de adolescente, em 1994, na TV Cultura. Era o primeiro trabalho em pel�cula para a televis�o. Daniel queria algo mais experimental e foi um sucesso”, recorda.
J� na Globo, onde chegou pelas m�os de Daniel Filho, C�sar Rodrigues passou por produ��es como A vida como ela � (1996), Voc� decide (no final da d�cada de 1990), os seriados A justiceira (1997) e Mulher (1998), e a miniss�rie Labirinto (1999).
O pr�ximo passo acabou sendo o cinema, como diretor assistente de longas como A partilha (2001) e A dona da hist�ria (2004), mais uma vez ao lado de Daniel Filho; e Sexo, amor e trai��o (2003), de Jorge Fernando. “Mais do que escolher trabalhos, fui escolhendo pessoas que me fizessem crescer. E tudo isso foi abrindo um espa�o de confian�a e de oportunidades.”
Um dos projetos de que ele mais se orgulha � a s�rie Um menino muito maluquinho, exibida em 2006 pela TVE, do Rio de Janeiro. Baseada na s�rie de livros hom�nima do cartunista mineiro Ziraldo, a produ��o tinha roteiro de Cao Hamburguer e Anna Muylaert. O personagem j� fazia parte da trajet�ria de Cesinha algum tempo antes, j� que ele havia tomado parte na dire��o de Menino maluquinho 2 – A aventura.
“Sou amigo do Ziraldo. Ent�o foi uma experi�ncia mais bacana ainda. Gostei tanto desse universo que dirigi a adapta��o de Uma professora muito maluquinha (com Paola Oliveira no papel-t�tulo), em 2011. S�o personagens e hist�rias universais das quais todo mundo gosta”, diz.

LARISSA
Atualmente, o diretor prepara um filme para a Netflix, Modo avi�o, que re�ne a estrela juvenil Larissa Manoela e o astro da m�sica Erasmo Carlos, com lan�amento previsto para o m�s de janeiro.Apesar de ter deixado Muria� h� d�cadas, C�sar Rodrigues n�o esquece suas origens. Ainda tem fam�lia (pai, irm�o, sobrinhos) vivendo na cidade mineira e, sempre que pode, vai visit�-los. “Os la�os s�o muito fortes. A gente n�o perde jamais a nossa identidade. � aquele velho ditado: a gente sai de Minas, mas Minas n�o sai da gente”, afirma.
O diretor roteirizou recentemente o curta A luta, a partir de uma hist�ria ocorrida em Muria� que lhe foi contada por seus tios. O filme � dirigido pelo conterr�neo Bruno Benec e conta a hist�ria de um garoto morador da ro�a, no pequeno distrito de Divis�rio, na Zona da Mata mineira, cuja grande expectativa � acompanhar a luta de boxe entre o norte-americano Joe Louis e o alem�o Max Schmeling, associado aos ideais racistas de Hitler, que o apontava como exemplo da superioridade da ra�a ariana.
A disputa � considerada at� hoje uma das maiores de todos os tempos e marcou uma das primeiras transmiss�es esportivas ao vivo do r�dio nacional, na d�cada de 1930. “Meus tios sempre me falaram desse caso. Eles eram garotos e ouviram a luta pelo r�dio. E, como a transmiss�o falhava muito, eles n�o conseguiram saber quem ganhou a luta. Ficaram naquela expectativa. Imagina... (risos). Ficou um curta bem po�tico.”