
O 52º Festival de Bras�lia do Cinema Brasileiro, que come�a em 22 de novembro, mant�m o compromisso com a diversidade, a pol�mica e a urg�ncia – marcas registradas do evento desde sua cria��o, em meados dos anos 1960. Do pacote de 701 filmes inscritos, a sele��o final reuniu cerca de 80 produ��es que ser�o exibidas at� 1º de dezembro.
Sete longas e 14 curtas disputar�o o Trof�u Candango, cuja premia��o soma R$ 270 mil. O conte�do dos longas da competi��o oficial ser� afiado: o pernambucano Cl�udio Assis (com trabalhos multipremiados em outras edi��es) retorna com Piedade, exame de um n�cleo familiar em conflito. A den�ncia de persegui��o a mulheres move o document�rio brasiliense O tempo que resta, assinado por Thais Borges. Temas como impeachment e a polariza��o pol�tica no Brasil s�o abordados no document�rio O m�s que n�o terminou, narrado por Fernanda Torres. A dire��o � dividida entre Francisco Bosco e Raul Mour�o.

Desde j� dono de gritante apelo popular, Alice Jr. (de Gil Baroni) foca numa youtuber trans. Pronta para beijar na boca, ela se v� numa camisa de for�a para se ajustar (ou n�o) a moldes conservadores.
Completam a lista Loop, filme de estreia de Bruno Bini protagonizado por Bruno Gagliasso, com enredo rom�ntico e deslocamentos de tempo e espa�o; Volume morto (de Kau� Telloli), que adota o humor negro para abordar bullying e expiar culpas dentro de uma sala de aula; e o internacionalmente premiado A febre (de Maya Da-Rin), fic��o que flerta com a realidade para tratar de um �ndio inserido no mundo capitalista como oper�rio, em conflito com suas origens.
Desta vez, n�o h� filme mineiro nessa disputa. Os tr�s �ltimos vencedores do Candango s�o do estado. A cidade onde envelhe�o, de Marilia Rocha, levou o primeiro lugar na mostra competitiva em 2016. O longa Ar�bia, de Affonso Uchoa e Jo�o Dumans, venceu em 2017. E Temporada, de Andr� Novais Oliveira, ganhou o trof�u em 2018. Minas est� na competi��o de curtas com Cabe�a de rua, de Ang�lica Louren�o, e Angela, de Mar�lia Nogueira.
O corpo de jurados � formado por Cac� Diegues (presidente), Bianca De Fellipes, Artur Xex�o, Jimi Figueiredo, Bruna Linzmeyer, Carmen Luz e Pablo Villa�a. O or�amento da edi��o deste ano soma cerca de R$ 4 milh�es.

CANNES O festival ter� abertura emblem�tica: O traidor (coprodu��o assinada pelo italiano Marco Bellocchio), exibido em Cannes. A brasileira Maria Fernanda C�ndido integra o elenco desse filme, que tentar� uma vaga para a It�lia na disputa do Oscar de melhor filme internacional.
“O Brasil tem, cada vez, mais coproduzido com a Europa”, destaca a curadora Anna Karina de Carvalho, exaltando o momento produtivo dos filmes brasileiros. Oito estados est�o representados entre os 14 curtas-metragens selecionados.
Nos momentos de celebra��o, haver� homenagens a profissionais do porte do ator Stepan Nercessian, do antigo coordenador da festa Fernando Adolfo, e dos diretores Daniel Filho (com nova vers�o do cl�ssico Boca de Ouro) e Vladimir Carvalho, que assina o filme de encerramento, Giocondo Dias – Ilustre clandestino.
Tamb�m contemplado nas homenagens, o produtor M�rcio Curi (morto h� tr�s anos), generoso articulador das realiza��es brasilienses, teve conclu�do Campo santo, longa que ser� projetado em sess�o especial.
SEDE Nas mostras – estendidas para segmentos denominados Territ�rio Brasil, Vozes, Novos Realizadores, Guerrilha e Futuro Brasil, al�m da Mostra Bras�lia –, haver� rememora��o de personagens �mpares para o destino de Bras�lia, sede do festival. O fot�grafo Luis Humberto e a atriz Dulcina de Moraes est�o entre eles. “Est�o porque, como talvez JK viesse a responder, Bras�lia � a metass�ntese, ao refletir um ideal de integra��o. Convivi com Paulo Em�lio (Salles Gomes), fui distinguido por Jos� Aparecido e acho que Dulcina plantou o teatro em Bras�lia. S�o pessoas que n�o est�o aqui por acaso. Desde 1969, testemunho essa realidade”, afirma o cineasta Vladimir Carvalho.
Ao comentar seu longa Giocondo Dias, Carvalho observa: “Fui um homem que viveu dois ter�os da jornada na clandestinidade. Nem por isso ele perdeu os sensos de identidade e de lucidez, quando se fala em hist�ria pol�tica do pa�s.”
A Mostra Bras�lia BRB, cujos pr�mios somam R$ 150 mil, trar� longas-metragens assinados pelos diretores Gl�ria Teixeira, Adriana Vasconcelos, Gustavo Galv�o e pela dupla Rama de Oliveira e Andr� Luiz Oliveira. A competi��o contar� tamb�m com oito curtas.
Integrante ao lado do codiretor Neto Borges da mostra paralela Territ�rio Brasil com o longa Servid�o, o cineasta Renato Barbieri comemorou a vitrine. “Foram anos de pesquisa. Nesse filme, tratamos do trabalho escravo contempor�neo na Amaz�nia. Como presidente do Conex�o Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste (Conne), vejo avan�o na nacionaliza��o do cinema brasileiro. A mostra do Festival de Bras�lia propicia o exame de retratos criados, em filmes, por todas as regi�es do Brasil.” (Com reda��o)
z MOSTRA COMPETITIVA
» Longas
Alice J�nior (PR)
De Gil Baroni
A febre (RJ)
De Maya Da-Rin
Loop (MT)
De Bruno Bini
O m�s que n�o terminou (RJ)
De Francisco Bosco e Raul Mour�o
Piedade (RJ)
De Claudio Assis
O tempo que resta (DF)
De Tha�s Borges
Volume morto (SP)
De Kau� Telloli
» Curtas
Alfazema (RJ)
De Sabrina Fidalgo
Amor aos vinte anos (SP)
De Felipe Arrojo Poroger e Toti Loureiro
Angela (MG)
De Mar�lia Nogueira
Ari y yo (PA)
De Adriana de Faria
Cabe�a de rua (MG)
De Ang�lica Louren�o
Caranguejo rei (PE)
De Enock Carvalho e Matheus Farias
Carne (SP)
De Camila Kater
Chico Mendes: um legado a defender (DF) De Jo�o In�cio
Marco (CE)
De Sara Benvenuto
A nave de Man� Soc� (PE)
De Severino Dad�
Parab�ns a voc� (PR)
De Andr�ia Kal�boa
Pelano! (BA)
De Christina Mariani e Calebe Lopes
R� (SP)
De Julia Zakia e Ana Flavia Cavalcanti
Sangro (SP)
De Tiago Minamisawa,
Bruno H. Castro e Guto BR