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Estado de Minas

Eliana Pittman volta ao est�dio com 'Hoje, ontem e sempre'

Cantora lan�a primeiro disco de in�ditas em 17 anos. �lbum inclui registro de show feito em Paris em 1970


postado em 22/12/2019 04:00 / atualizado em 21/12/2019 18:57

(foto: Murilo Alvesso/Divulgação)
(foto: Murilo Alvesso/Divulga��o)

O ritmo da discoteca invadia o Brasil naquele fim dos anos 1970, turbinado pela novela Dancin' days e pelo filme Os embalos de s�bado � noite. A moda disco fez com que as gravadoras nacionais buscassem uma Donna Summer tropical para chamar de sua. A Phonogram, por exemplo, escolheu Lady Zu. A RCA cogitou Eliana Pittman. 

Com carreira estabelecida, ela era uma estrela internacional desde os tempos em que cantava ao lado do padrasto, o saxofonista americano Booker Pittman (1909-1969) e j� tinha feito quatro discos na companhia dele. A cantora ouviu a proposta e recusou. "Passei o tempo todo com as pessoas dizendo que eu n�o vendia disco porque cantava m�sica americana. Agora estou vendendo e voc�s querem que eu vire Donna Summer?", disse � c�pula da gravadora. A negativa lhe custou a sa�da da RCA. Eliana nunca deixou de fazer shows, mas desde o embate com a RCA foi colocada � margem do grande mercado fonogr�fico. "Eu n�o parei de cantar. Pararam comigo", afirma. Desde 2018, no entanto, ela vem reconquistando espa�o. 

No ano passado, a cantora lan�ou em LP e CD um in�dito show de 1966 com Booker. Agora, ela mistura passado e presente no �lbum Hoje, ontem e sempre, o primeiro de est�dio em 17 anos. O trabalho, que sai pela gravadora Kuarup, traz 10 grava��es in�ditas, al�m de oito faixas captadas em uma apresenta��o que Eliana fez em 1970, na boate parisiense Dom Camillo. 

N�o sou mulher de voz e viol�o, gosto de piano e bateria. E gravar tudo de uma vez s� � loucura, nunca mais fa�o isso

Eliana Pittman, cantora



A ideia do �lbum surgiu quando a produ��o do bal� Cebola, cascas de um todo, concebido por Kelson Barros, convidou Eliana para cantar cl�ssicos da m�sica brasileira durante o espet�culo. O produtor Thiago Marques Luiz, que j� havia dirigido a cantora em discos de tributo com v�rios artistas, teve a ideia de registrar o que ela interpretava em cena.

VERSATILIDADE 

O disco comemora, com atraso de oito anos, meio s�culo de carreira de Eliana. "N�o comemorei porque n�o tinha o que comemorar", escreveu no encarte. � um �lbum que mostra a versatilidade da cantora. Entre as m�sicas est�o Dr�o (Gilberto Gil), Ex-amor (Martinho da Vila), Onde estar� o meu amor (Chico C�sar) e at� o pagode Gamei, sucesso do Exaltasamba. A cantora gravou as 10 faixas de Hoje, ontem e sempre em apenas um dia, acompanhada pelo viol�o de Joan Barros. Algumas tamb�m contam com a percuss�o de Michel Machado. 

Hoje, ontem e sempre � um disco diferente de tudo o que Eliana fez. "N�o sou mulher de voz e viol�o, gosto de piano e bateria. E gravar tudo de uma vez s� � loucura, nunca mais fa�o isso", conta a cantora, que acabou se adaptando aos arranjos minimalistas. Para completar o repert�rio, ela escolheu um antigo samba-enredo da Portela, Tributo � vaidade, e Yo vengo a ofrecer mi coraz�n, de Fito P�ez. Nosso estranho amor, de Caetano Veloso, fazia parte do bal� e foi gravada para o disco, mas teve de sair da sele��o final por conta do alto custo dos direitos autorais.

J� a fita de rolo com o show em Paris estava esquecida em um canto no apartamento de Eliana. Ao visit�-la, Marques Luiz n�o resistiu � curiosidade e digitalizou o material. Para surpresa da cantora e do produtor, o som estava com �tima qualidade. "Nem me lembrava de onde tinha sido esse show", diz Eliana.

Na boate, ela interpretou m�sicas ligadas � Bossa Nova, caso de Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendon�a) e Garota de Ipanema (Jobim e Vinicius de Moraes), as recentes Aquele abra�o (Gilberto Gil) e Ponteio (Edu Lobo e Capinan), e at� Big spender (Cy Coleman e Dorothy Fields), do musical Sweet Charity.

A edi��o f�sica do disco sai com capricho raro nos dias atuais. Um luxuoso encarte traz fotos de diversas fases da cantora, incluindo uma capa da revista Ebony, dedicada a celebridades e pol�ticos afroamericanos, com Eliana.

Eu n�o parei de cantar. Pararam comigo

Eliana Pittman, cantora



Hoje, ontem e sempre sacramenta uma revaloriza��o do trabalho de Eliana por DJs especializados em m�sica brasileira e colecionadores de vinil que disputam os discos da cantora em sebos. Em festas, � poss�vel ouvir m�sicas como Vou pular neste carnaval (1972), Quem vai querer (1977), e os carimb�s que ela gravou ao longo dos anos 1970.

PINDUCA 

Ela foi uma das primeiras divulgadoras do ritmo no Sul do Brasil. Durante uma turn�, a cantora se viu obrigada a dormir em S�o Lu�s, depois de uma pane mec�nica no avi�o que a transportava. De manh�, foi � Praia do Olho D’�gua e ouviu um disco de Pinduca, o "Rei do carimb�". Ela gostou e foi perguntar para a atendente do quiosque onde tocava o LP se ela poderia vend�-lo. "N�o vendo, n�o dou e n�o empresto", foi a resposta.

O namorado de Eliana, que morava em S�o Paulo, descobriu uma loja na Avenida S�o Jo�o que vendia discos de artistas do Norte e do Nordeste e comprou tudo o que havia de Pinduca. 

A cantora ouviu os discos do paraense e quis gravar Sinh� Pureza e Carimb� do mato. Como as letras eram curtas, teve a ideia de uni-las na mesma faixa. "No que juntei, n�o achei justo, para uma coisa t�o brasileira, chamar de pot-pourri de carimb�". Inclu�da em T� chegando, j� cheguei (1974), �nico Disco de Ouro da cantora, Mistura de carimb� fez enorme sucesso nas r�dios. 

Outras misturas do ritmo vieram nos trabalhos seguintes. A RCA sugeriu que ela gravasse carimb�s feitos por compositores das escolas de samba do Rio. Eliana n�o quis. "Falei para eles me mandarem para Bel�m, que eu faria uma pesquisa musical com Pinduca e gravaria um disco s� com carimb�s. Teria sido a melhor coisa para todo mundo. Ou fazia certo ou n�o fazia. Sou pela autenticidade. N�o vou enganar o povo com o carimb� da esquina." Da� surgiu a ideia de transform�-la na Donna Summer brasileira. Aos 74 anos, a cantora colabora para uma biografia que contar� sua trajet�ria. O historiador Daniel Saraiva j� entrevistou pessoas ligadas a Eliana e pretende lan�ar o livro em 2020.

Um dos casos que, com certeza, estar�o na publica��o envolve os bastidores do espet�culo Momento 68. Com texto de Mill�r Fernandes, o misto de musical e desfile de moda apresentava a nova cole��o da f�brica t�xtil Rhodia e contava com Eliana, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Walmor Chagas, Raul Cortez e o dan�arino Lennie Dale. Of�lia, m�e e empres�ria de Eliana, foi uma pessoa lend�ria no show business nacional e conseguiu que o cach� da filha fosse maior que o de Caetano e Gil. 

Administrador da carreira dos baianos, Guilherme Ara�jo queria as mesmas condi��es para seus artistas e amea�ou retir�-los do espet�culo. Eles permaneceram e, poucos meses depois, foram presos em S�o Paulo pela ditadura militar.

A cantora se mostra insatisfeita com os rumos atuais da m�sica. "Depois de Michael Jackson, a m�sica passou a ter cen�rio, virou algo secund�rio. Mas, neste momento, o importante � que tenho um trabalho lindo." (Ag�ncia Estado)


Hoje, ontem e sempre
Eliana Pittman
.Kuarup (18 faixas)
.R$ 30
.Tamb�m dispon�vel nas plataformas digitais




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