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'Neblina' discute o sentido da vida e a experi�ncia da morte

Pe�a que tem Faf� Renn� e Leonardo Fernandes no elenco, sob dire��o de Yara de Novaes, faz temporada no CCBB-BH a partir desta sexta (10)


postado em 10/01/2020 04:00 / atualizado em 09/01/2020 23:40

Fafá Rennó e Leonardo Fernandes em cena da montagem dirigida por Yara de Novaes, que estreia hoje no CCBB-BH(foto: Guto Muniz/Divulgação)
Faf� Renn� e Leonardo Fernandes em cena da montagem dirigida por Yara de Novaes, que estreia hoje no CCBB-BH (foto: Guto Muniz/Divulga��o)

Uma mulher tem um problema mec�nico em seu carro, numa estrada deserta durante a noite, e caminha em busca de ajuda. Ao encontrar uma casa iluminada, bate � porta e � recebida por um homem introspectivo e pouco amig�vel, mas que lhe oferece abrigo. Ao longo da madrugada, a conversa entre eles � profunda e densa, como sugere o t�tulo de Neblina, pe�a que estreia nesta sexta-feira (10), no CCBB-BH. A ideia original foi concebida pelo ator Leonardo Fernandes, por�m, reduzida a apenas uma imagem que tinha em mente, relacionada a um acidente de tr�nsito. Ele procurou o amigo e premiado dramaturgo S�rgio Roveri, vencedor do Shell de Teatro de melhor autor por Abre as asas sobre n�s, em 2007, para transform�-la em texto. E assim Neblina ganhou forma, somando ao projeto a diretora Yara de Novaes e a atriz Faf� Renn�. 

Contando ainda com produ��o de Tatyana Rubim, cen�rio de Andr� Cortez e trilha sonora original por Dr Morris, a pe�a se consolidou como um projeto bem coletivo, resultante da soma dos esfor�os criativos dos envolvidos. “S�rgio e eu quer�amos trabalhar juntos h� um tempo. Essa imagem que eu tinha foi apenas o start, n�o dei a ele nada em termos de hist�ria, foi tudo dele. E, depois, com a dire��o da Yara, que potencializou isso ao m�ximo, o resultado � muito melhor do que aquilo que eu mostrei no in�cio”, afirma Leonardo Fernandes, que em 2016 venceu o pr�mio APCA (Associa��o Paulista de Cr�ticos de Arte) de melhor ator de teatro com o mon�logo Cachorro enterrado vivo.

Apesar da independ�ncia de Roveri para criar a hist�ria, o dramaturgo confidencia que o ator colaborou, por meio de outro talento art�stico. “Tudo come�ou com essa ideia, uma fa�sca. A partir dela, comecei a imaginar o que poderia acontecer. A� descobri que o Leonardo desenha muito bem. Ent�o, propus a ele que, assim que eu escrevesse as primeiras cenas, iria mand�-las para ele, e ele faria um desenho sobre cada uma. Ele produziu coisas lindas e esses desenhos me ajudaram a definir esse clima que a hist�ria teria, que � mais denso. Assim surgiu Neblina. Do meio para a frente, foi um processo solit�rio de escrita”, conta Roveri, que n�o assistiu a nenhum dos ensaios e conhecer� o resultado final nesta sexta-feira.

O autor recebeu apenas um pedido sobre o enredo: que n�o fosse um mon�logo, j� que Fernandes vinha de um trabalho assim (Cachorro enterrado vivo). Por isso a hist�ria d� conta de um longo di�logo dram�tico entre Diego, personagem de Fernandes, e Sofia, a mulher do carro quebrado, interpretada por Faf� Renn�, e acolhida por ele depois de certa relut�ncia. Em cena, os dois passam uma madrugada inteira, marcada por forte nevoeiro, compartilhando e discutindo quest�es existenciais em torno da finitude da vida e de todas as coisas. Dessa forma, o t�tulo da pe�a ganha um significado metaf�rico especial.

''Neblina parece trabalhar em um campo realista, no entanto, no fim desse texto voc� compreende que � pura met�fora. O que fizemos foi criar um espa�o sonoro e visual de grande significa��o, quase ritual�stico. Um espa�o espiritual no campo do inef�vel. Essa � a grande ess�ncia da encena��o, a partir de um texto que faz perguntas sobre o que � esse sentido da vida%u201D

Yara de Novaes, diretora



PERSONAGEM 

“A neblina, o fen�meno clim�tico, tem um papel fundamental na hist�ria. � um terceiro personagem. Al�m de ela trazer esse clima sombrio e denso, influi na condi��o da hist�ria por dois motivos: ela atrapalha a vis�o e causa inseguran�a, por mascarar a realidade. A neblina surge como surpresa para os personagens, que precisam se adaptar a ela, colocando para quem assiste a d�vida sobre quem eles realmente s�o”, explica Roveri, que entende a trama como um thriller, pelas doses de mist�rio que apresenta nesse contexto.

Na constru��o coletiva de Neblina, a hist�ria imaginada por ele ganhou camadas filos�ficas pelos olhares dos outros artistas envolvidos na montagem. Ao interpretar Sofia e compartilhar com o p�blico as ang�stias da personagem ao longo da estranha noite em que a fic��o se desenrola, Faf� Renn� diz ainda estar “em processo” de entendimento, sem uma certeza clara sobre um ponto central. Ela ainda acredita que a originalidade do teatro, com a espontaneidade do momento espec�fico em que a pe�a � apresentada, ressignifica a hist�ria a cada sess�o.

 “Essa pe�a veio me provocar muitas coisas. Muitos pensamentos em torno da vida e da morte. Yara nos prop�s a leitura do Livro tibetano do viver e do morrer (de Sogyal Rinpoche), colocando muita coisa do budismo, como uma filosofia de vida. Isso me abriu muitos caminhos sobre como lidar com as perdas e como as coisas n�o s�o fechadas e est�o sempre mudando. Ela fala sobre como estamos em constante movimento e passamos por momentos de rupturas, perdas e sobre como podemos evoluir com isso, entender, aceitar melhor, sem deixar de viver o agora”, afirma a atriz, que, assim como Leonardo Fernandes, era convidada a meditar antes dos ensaios, como parte do processo criativo proposto pela diretora.

''Yara nos prop�s a leitura do Livro tibetano do viver e do morrer, colocando muita coisa do budismo, como uma filosofia de vida. Isso me abriu muitos caminhos sobre como lidar com as perdas e como as coisas est�o sempre mudando. Ela fala sobre como estamos em constante movimento e passamos por momentos de rupturas, perdas e sobre como podemos evoluir, entender, aceitar melhor, sem deixar de viver o agora%u201D

Faf� Renn�, atriz



FINITUDE

“Neblina investiga o que � o sentido da vida, a nossa rela��o com o que chamamos de finitude. A partir da� comecei a pensar, desejando um espet�culo que fizesse emergir toda a met�fora que o texto tem. Ele parece trabalhar em um campo realista, no entanto, no fim desse texto voc� compreende que � pura met�fora. O que fizemos foi criar um espa�o sonoro e visual de grande significa��o, quase ritual�stico. Um espa�o espiritual no campo do inef�vel. Essa � a grande ess�ncia da encena��o, a partir de um texto que faz perguntas sobre o que � esse sentido da vida”, afirma a diretora. 

Sobre a introdu��o das ideias do budismo na constru��o da montagem, ela diz que foi “como se peg�ssemos o texto da pe�a e o cobr�ssemos com todos os pensamentos do Livro tibetano do viver e do morrer”. Para Yara, “existe ainda um conflito muito grande. Na perspectiva ocidental, aprendemos nas escolas, nas igrejas, nas ruas a compreender a morte como algo muito tenebroso, um castigo. E essa percep��o do budismo � muito libertadora. Quanto mais compreendemos a exist�ncia da morte, mais libertos ficamos”. Neblina fica em cartaz em BH at� fevereiro e, neste ano, ainda ser� apresentada em S�o Paulo, no Rio de Janeiro e em Bras�lia. 


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