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Estado de Minas

Com Brasil no p�reo, saem hoje os vencedores do Festival de Berlim

Todos os mortos concorre ao Urso de Ouro, mas n�o causou boa impress�o na cr�tica, que destaca concorrentes russo e sul-coreano


postado em 29/02/2020 04:00

Espectadores fazem fila para comprar ingressos para as sessões do Festival de Berlim, aberto no último dia 20. Brasil teve 19 filmes em exibição (foto: Odd ANDERSEN/AFP)
Espectadores fazem fila para comprar ingressos para as sess�es do Festival de Berlim, aberto no �ltimo dia 20. Brasil teve 19 filmes em exibi��o (foto: Odd ANDERSEN/AFP)

Um dos mais importantes do cinema mundial, o Festival de Berlim divulga neste s�bado (29) os vencedores de sua 70ª edi��o. Concorrem ao Urso de Ouro 18 filmes. O Brasil est� no p�reo, com Todos os mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, que n�o empolgou a cr�tica.

A recep��o do longa na sess�o para a imprensa, realizada no domingo passado (23), foi fria. Escrevendo para a Variety, o cr�tico Jay Weissberg afirmou: “Os objetivos dignos do filme s�o dificultados por uma obviedade que se sobrep�e � sutileza – ter uma personagem expressando sua culpa colonialista ao ver os fantasmas de escravos mortos parece ultrapassado demais quando apresentado com uma histeria t�o freudiana”.

Todos os mortos conta uma hist�ria que se passa na cidade de S�o Paulo, no per�odo imediatamente posterior � aboli��o da escravatura, e tenta mostrar as tens�es raciais pr�prias daquela �poca – e presentes ainda hoje. A trama acompanha a trajet�ria de uma fam�lia branca decadente, em parte pelo impacto da perda de escravos. O cl� foi abandonado pelo patriarca e agora se restringe �s mulheres. Em paralelo, tem-se a hist�ria da ex-escrava In� Nascimento (Mawusi Tulani) e seu filho Jo�o (Agyei Augusto).

In� agora trabalha para a fam�lia de aristocratas, que exibe dificuldade em se adaptar � nova realidade privada dos privil�gios de antes e � condi��o de In� como mulher livre. Os ex-escravos, por sua vez, tentam resgatar suas ra�zes e tradi��es a partir da liberdade. A trama envolve a exist�ncia de fantasmas, como prenuncia o t�tulo do filme.

O cr�tico Boyd van Hoeij, do Hollywood Reporter, avaliou que “o resultado parece mais uma �rida e intermin�vel palestra do que uma hist�ria humana envolvente sobre quest�es s�rias”.

J�RI 

O cineasta pernambucano Kleber Mendon�a Filho, diretor de Aquarius e Bacurau, � um dos sete integrantes do j�ri da mostra competitiva, presidido pelo ator brit�nico Jeremy Irons. Al�m do Urso de Ouro para o melhor filme, ser�o entregues neste s�bado o Urso de Prata para dire��o, roteiro, atua��o, contribui��o art�stica, curta-metragem, e o Pr�mio Especial do J�ri.

Depois de uma semana de exibi��es, iniciadas no �ltimo dia 20, o Festival de Berlim reafirmou sua inclina��o por t�tulos que abordam quest�es de urg�ncia social e cr�tica pol�tica. Em suas diferentes se��es, a mostra alem� exibiu outros 18 filmes brasileiros.

Entre os concorrentes deste ano que mais chamaram a aten��o da cr�tica est� o russo DAU. Natasha, dirigido por Ilya Khrzhanovsky e Jekaterina Oertel. O longa faz parte do pol�mico projeto art�stico experimental chamado DAU, em que os realizadores reconstru�ram uma vila ucraniana na Fran�a e contrataram russos exilados para viver ali, com roupas e utens�lios dos tempos do regime sovi�tico entre 1938 e 1968.

Na trama, a protagonista Natasha (Natasha Berezhnaya) trabalha na cantina de um instituto russo de pesquisa. O local � fechado, mas ela adora beber e se relacionar. Fala de amor, sexo e outros assuntos sem meias medidas. O filme inclui cenas de viol�ncia, tortura e at� sexo expl�cito em suas 2h30min de dura��o.

Segundo os diretores, a ideia � reproduzir a sensa��o de medo e inseguran�a de viver sob um regime totalit�rio, em sua opini�o ainda presente na R�ssia de Vladimir Putin, onde o filme est� proibido de ser exibido, classificado pelo minist�rio respons�vel como “propaganda pornogr�fica”. Em Berlim, ele provocou opini�es fortemente antag�nicas na cr�tica.

COREIA DO SUL 

O cultuado sul-coreano Hong Sang-soo, por sua vez, teve uma recep��o amplamente favor�vel a The woman who ran, cuja hist�ria, conforme diz o t�tulo, mostra uma mulher “em fuga” e seus encontros com outras pessoas nesse processo. Outro candidato asi�tico � Days, do malaio-taiwan�s Tsai Ming-Liang, exibido no pen�ltimo dia da disputa.

O longa, ambientado em Bangcoc (Tail�ndia), aborda os encontros de um jovem garoto de programa com um homem mais velho, doente e confinado em sua pr�pria resid�ncia. Forte representante da tem�tica LGBT, o filme tem tamb�m um vi�s documental sobre a prostitui��o masculina e o envelhecimento.

Outro destaque � Berlin Alexanderplatz, do germano-afeg�o Burhan Qurbani. Uma adapta��o para os dias atuais do romance hom�nimo escrito por Alfred Doblin, em 1929, que aborda as tens�es migrat�rias na Alemanha. Al�m dele, First cow (EUA), da diretora Kelly Reichardt, chamou a aten��o ao propor um western protagonizado por um chin�s e um norte-americano.

Da It�lia, pa�s do novo diretor art�stico do festival, Carlo Chatrian, respons�vel pela curadoria, v�m os concorrentes Favolacce, de Damiano e Fabio D'Innocenzo, e Volevo nascondermi, de Giorgio Diritti. Os �ltimos filmes apresentados na mostra principal foram Irradi�s, do cambojano Rithy Panh, e There is no evil, do iraniano Mohammad Rasoulof, programados para a noite de sexta-feira (28).

No domingo (1º/3), o festival promove uma repescagem para o p�blico, que tem a chance de votar em seus favoritos. O Brasil venceu duas vezes o Urso de Ouro – em 1998, com Central do Brasil, de Walter Salles, que deu tamb�m o pr�mio de melhor atriz a Fernanda Montenegro; e com Tropa de Elite, de Jos� Padilha, em 2008. (Com ag�ncias de not�cias)

Os diretores Caetano Gotardo e Marco Dutra após a exibição de Todos os mortos para a imprensa credenciada pela mostra alemã, no domingo passado(foto: Fotos: John MACDOUGALL/AFP)
Os diretores Caetano Gotardo e Marco Dutra ap�s a exibi��o de Todos os mortos para a imprensa credenciada pela mostra alem�, no domingo passado (foto: Fotos: John MACDOUGALL/AFP)
As atrizes Natalia Berezhnaya e Olga Shkabarnya, do longa russo DAU. Natasha, que dividiu opiniões com suas cenas de violência e sexo explícito
As atrizes Natalia Berezhnaya e Olga Shkabarnya, do longa russo DAU. Natasha, que dividiu opini�es com suas cenas de viol�ncia e sexo expl�cito


Reda��o da Cahiers du cin�ma se demite

B�blia dos cin�filos, a revista francesa Cahiers du cin�ma perdeu todos os seus jornalistas nesta semana. Na quinta-feira (27), os 15 redatores assalariados da publica��o mensal anunciaram que deixariam seus cargos, por n�o concordar com as diretrizes e o perfil dos novos acionistas da empresa.

Os empregados optaram pela cl�usula de cess�o, um dispositivo de demiss�o que os jornalistas podem ativar em caso de mudan�a de propriedade. No in�cio deste m�s, Richard Schlagman, ex-propriet�rio das Ediciones Pha�don, que comprou o jornal Le Monde em 2009, vendeu a revista a um grupo de cerca de 20 personalidades, entre as quais propriet�rios de provedores de televis�o a cabo, redes de not�cias e sites de namoro na internet, al�m de produtores de filmes (Marc du Pontavice, Toufik Ayadi, Christophe Barral, Pascal Caucheteux).

“Os novos acionistas, incluindo oito produtores, levantam um conflito de interesse imediato em uma revista de cr�tica. Quaisquer que sejam os artigos publicados nos filmes desses produtores, eles ser�o suspeitos de complac�ncia”, destaca o comunicado conjunto de demiss�o.

A Cahiers du cin�ma foi fundada em 1951 pelo intelectual Andr� Bazin e contribuiu decisivamente para o nascimento da Nouvelle Vague. Muitos dos colaboradores da revista passaram a dirigir filmes essenciais do movimento, como Jean-Luc Godard, Fran�ois Truffaut e Claude Chabrol. A publica��o tamb�m � respons�vel por s�ries de entrevistas com grandes diretores, que mais tarde foram editadas em livro, tal sua relev�ncia para a compreens�o da obra e do pensamento dos artistas.

As vendas da Cahiers ca�ram nos �ltimos anos, de 15 mil c�pias em m�dia, em 2015, para 12 mil no ano passado. (AFP)


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