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Estado de Minas

Nesta quarentena, Olavo Romano d� li��es de �cio pra l� de criativo

Escritor mineiro revisita Guimar�es Rosa, l� antigo livro de Dee Brown sobre o massacre de �ndios nos EUA, planeja a reedi��o de algumas de suas obras e aprecia a taioba trazida pelo filho


postado em 29/03/2020 04:00

"Estamos aqui, a princ�pio, s� para buscar uma muda de roupa. Afinal, a gente nasce pelado e morre vestido%u201D

Olavo Romano,escritor

Marcada para maio, a Bienal Mineira do Livro foi adiada para setembro em fun��o da pandemia do coronav�rus. Olavo Romano, homenageado desta edi��o, entende que o momento � “de recorrer �s gavetas, que podem ser at� o HD do computador”. Seguindo rigorosamente as orienta��es de distanciamento social e isolamento residencial, o escritor, de 81 anos, aproveita para ler novos livros, reler outros e se envolver novamente com textos que o levaram a conquistar lugar de destaque na literatura mineira.

Com cerca de 20 livros publicados, o presidente em�rito da Academia Mineira de Letras dedica as homenagens que vem recebendo aos antepassados.  “Isso me emociona pelo lugar de onde venho, pelo esfor�o dos meus ancestrais para que eu e meus familiares pud�ssemos seguir o nosso caminho”, diz Romano, natural de Morro do Ferro, distrito de Oliveira, na Regi�o Oeste de Minas. Essas ra�zes est�o fortemente presentes em sua obra.

Reconhecido como not�vel contador de causos, daqueles t�picos do imagin�rio mineiro, o autor de A cidade submersa: e outras hist�rias sortidas (Editora Ramalhete, 2016) observa com sensibilidade o distanciamento imposto pela pandemia, que altera alguns costumes, mas resgata outros.

Embora descarte a exist�ncia de uma �nica identidade cultural no estado, sobretudo com o passar das d�cadas e o crescimento das cidades, ele brinca: “Se um mineiro conversa 15 minutos com algu�m, ou vira parente ou vira compadre. Para pessoas assim, estar confinado pode ser quase uma viol�ncia.” E pondera: “Observo que as pessoas est�o conversando mais, telefonando mais umas para outras. At� quem n�o era muito disso tem me ligando esses dias.”

O escritor reconhece a gravidade da situa��o e garante: n�o sai de casa para nada. “Eu e a K�tia, minha mulher, n�o sa�mos. Para nossa sorte, temos uma neta muito carinhosa, que tem feito todas as compras que precisamos”, conta.

Olavo ainda encontra brechas para desfrutar segundos mais afetuosos com a fam�lia, sem abrir m�o de se precaver. “Outro dia, meu filho veio trazer bananas e taioba da horta dele. Ia deixar na portaria, mas pedi que subisse, s� para ver a cara dele, como ele est�. Sem chegar perto, depois conversamos por telefone ou mensagem”, revela o escritor, que mora em Belo Horizonte.

MASSACRE 

Embora assista a um filme por dia, a grande aliada nos dias de isolamento, como era de se esperar, � a literatura. No momento, Olavo Romano se diz imerso em Enterrem meu cora��o na curva rio, lan�ado em 1970 pelo norte-americano Dee Brown. Empolgado, descreve o romance sobre o massacre imposto pelo homem branco sobre ind�genas da Am�rica do Norte como “emocionante e terr�vel”.

Nos intervalos, outra op��o � a releitura da obra-prima de Guimar�es Rosa, Grande sert�o: Veredas. “Estou lendo devagarinho ridicando, como dizemos l� no interior. Tudo para entrar na l�gica do texto. Cada vez que leio novamente, vejo outra coisa. � uma sinfonia, uma coisa fant�stica.”

Rever Guimar�es � o exemplo que Olavo Romano d� sobre a import�ncia de revisitar “as gavetas”, retomando projetos e ideias antigos nesta �poca de quarentena. “� o tempo de fazer algo que t�nhamos vontade, mas n�o tivemos tempo. Escrever alguma coisa, reinventar a vida. Caso contr�rio, afundamos. Como diz um amigo l� de Morro do Ferro, muito s�bio e bem-humorado, estamos aqui, a princ�pio, s� para buscar uma muda de roupa. Afinal, a gente nasce pelado e morre vestido. Ou seja, as possibilidades s�o muitas”, reflete.

Nesse sentido, o tempo de reclus�o � tamb�m de trabalho. Ele cuida da edi��o de novos t�tulos da Editora Caravana e da reedi��o de algumas de suas obras, como Minas e seus casos (1982), al�m Prosa de mineiro (1986) e Dedo de prosa (1986), que devem se juntar no mesmo volume. Novidades que ser�o compartilhadas com o p�blico na Bienal, remarcada para 18 a 27 de setembro, no BH Shopping.


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