Coronav�rus deixa a capital da m�sica em sil�ncio
Confinamento da popula��o e suspens�o das atividades culturais frustram o plano de Viena de fazer de 2020 o Ano Beethoven, para comemorar os 250 anos de nascimento do compositor
A Catedral de Santo Est�v�o foi fechada no �ltimo dia 11 de mar�o, quando o governo determinou a quarentena no pa�s
(foto: HERBERT NEUBAUER/AFP)
O ano de 2020 seria dedicado em Viena ao 250º anivers�rio do nascimento de Ludwig van Beethoven, mas, na capital mundial da m�sica, afetada pelo novo coronav�rus, os moradores est�o confinados em suas casas, e as salas de espet�culo, fechadas e em sil�ncio.
"Normalmente, a �pera Nacional de Viena � um formigueiro, onde trabalham 1.000 pessoas", afirma o diretor Dominique Meyer, que n�o esconde a emo��o. "Agora, o lugar est� em sil�ncio e, emocionalmente, � muito dif�cil", diz.
Em um per�odo normal, Viena, cidade impregnada de recorda��es de Mozart, respira m�sica. Os festivais ocorrem em sequ�ncia, e sempre h� um concerto ou �pera para se ouvir e admirar.
Mas a temporada musical foi bruscamente interrompida no m�s passado, quando as primeiras medidas de confinamento para frear a pandemia da COVID-19 for�aram o fechamento das salas de concerto das grandes institui��es musicais.
O Museu Albertina, outro destaque na agenda cultural da capital austr�aca, tamb�m deixou de receber visitantes
"Viena oferece uma agenda cultural compar�vel � de uma metr�pole de 5 milh�es de habitantes, quando tem apenas 1,8 milh�o", afirma o diretor da Ag�ncia de Turismo, Norbert Kettner.
Isso � o que atrai 75% dos 8 milh�es de visitantes anuais", destaca, antes de recordar que o n�mero de turistas aumentou 62% na �ltima d�cada.
As tr�s �peras e duas salas de concerto re�nem quase 10 mil pessoas a cada noite. A cidade tem algo para todos os amantes de m�sica e para todos os bolsos, com ingressos a partir de 5 euros. Mas para conseguir entrar na lista da Orquestra Filarm�nica de Viena h� uma espera de 14 anos.
A �pera Nacional de Viena, onde um contingente de mil pessoas trabalha nas temporadas regulares, est� fechada (foto: Fotos: JOE KLAMAR/AFP)
VALSAS
Para a cidade das valsas felizes compostas pela dinastia musical dos Strauss, o freio brutal na ind�stria cultural representa uma cat�strofe financeira sem precedentes desde 1945.
"A �pera de Viena tem em geral uma bilheteria de 131 mil euros por dia", afirma Meyer. "� um pulm�o econ�mico vital, que lota seis ou sete hot�is e os restaurantes da regi�o ap�s os espet�culos", explica.
Agora tudo est� paralisado e os mais prejudicados s�o os pr�prios artistas. "Eu interpretaria Arabella (�pera de Richard Strauss) em maio, viajaria a Toronto, Istambul, Paris", comenta o tenor Michael Schade.
"N�o vou cantar Schubert, 30 apresenta��es foram canceladas", afirma o bar�tono Florian Boesch. "As casas de espet�culo recorrem � cl�usula de for�a maior e n�o recebemos nenhuma compensa��o", lamenta.
Adiar produ��es l�ricas � imposs�vel, j� que s�o programadas com anos de anteced�ncia. "Quando um projeto cai, todo um microssistema desaba", explica o diretor de �pera Benjamin Prins.
Cartaz na fachada do Akademietheater, em Viena, informa: "Fechado hoje", Capital austr�aca atrai turistas por sua vida cultural
"T�cnicos, designers de ilumina��o e cantores reservam seis meses de sua vida para ensaios, mas agora est�o parados em suas casas sem um centavo, porque geralmente o pagamento s� acontece na noite de estreia", aponta.
Sem um sistema de seguro-desemprego, o governo austr�aco estabeleceu mecanismos de apoio que permitem que cada artista receba 1 mil euros (R$ 5,6 mil) ou 2 mil euros (R$ 11,2 mil) ao m�s, durante 16 semanas.
Na semana passada, a �ustria come�ou a suavizar sua quarentena, autorizando parte do com�rcio a reabrir. No entanto, n�o h� ainda previs�o para a retomada das atividades culturais, j� que se teme que aglomera��es possam provocar um novo surto de contamina��o.
"Mesmo sem apresenta��es, continuamos cantando", disse Boesch. "Nunca houve tanta m�sica on-line, n�o podemos ser silenciados."