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Estado de Minas QUARENTENA

Atriz Cynthia Paulino reaprende a viver nestes novos tempos

Autora da pe�a 'Coisas boas acontecem de repente' experimenta 'metamorfose' nestes dias de isolamento, reinventando sua vida em meio a desenhos, plantas, poemas e gatos zen-budistas


postado em 17/05/2020 04:00 / atualizado em 17/05/2020 10:53

Nestes tempos de crise, Cynthia Paulino aconselha: 'Deixe a sua criança interior brincar um pouco'(foto: Catarina Paulino/divulgação )
Nestes tempos de crise, Cynthia Paulino aconselha: 'Deixe a sua crian�a interior brincar um pouco' (foto: Catarina Paulino/divulga��o )

“Eu me sinto muito grata de pensar que estou no melhor lugar do mundo neste momento. S� choro pelos filhos que perderam as m�es e pelas m�es que perderam os filhos”, afirma a atriz e dramaturga Cynthia Paulino, ao comentar como enfrenta a revolu��o imposta pelo coronav�rus � vida das pessoas.

� preciso parar um pouco de reclamar e passar a agradecer, defende Cynthia. “Pare de buscar l� fora. N�o � l� fora que voc� vai encontrar o que busca. O colo t� � a� dentro.” Apesar de reconhecer que frases como essa j� se tornaram “clich� e estampa de camisa”, elas n�o deixam de ser verdadeiras, afirma.

O momento exige humildade de todos, sobretudo para perceber que chegou a hora de mudar. “Como era, jamais vai voltar a ser. S�o novos tempos, devemos encontrar uma nova forma de olhar para as coisas e de nos relacionarmos com elas. Mas que seja leve”, diz, especulando sobre o mundo p�s-pandemia.

Cynthia passa a quarentena no apartamento onde mora com o marido, o ator Luiz Arthur, a filha, Linda, e os gatos Cher, Neil, Tim e Spike. “Quem tem bicho em casa tem um guardi�o, um mestre zen-budista e um massagista. Eles me alegram o tempo inteiro”, revela.

O isolamento � encarado com tranquilidade, apesar dos pesares. “Estamos sobrevivendo! Na verdade, sempre fui muito caseira. N�o gosto muito de bagun�a, gosto mais de bicho mesmo. O sofrimento vem por causa das not�cias. Fica todo mundo muito ansioso, mas temos de seguir em frente, sem surtar.”

A atriz e dramaturga cita o t�tulo do �ltimo espet�culo escrito e interpretado por ela, Coisas boas acontecem de repente, pe�a que ficou em cartaz no ano passado. “Voc� conhece o ch�o, mas se levanta, vai em frente. Vamos pensar que isso vai passar. Acredito que no final vai ser muito bom. O tempo inteiro tem coisa ruim, mas coisas boas acontecem de repente”.

Por�m, Cynthia critica a falta de posicionamento do governo a respeito das v�timas do coronav�rus. “Nem uma nota oficial dirigida �s fam�lias dessas pessoas”, lamenta. “Venho pensando em textos que honrem o sofrimento das fam�lias, das pessoas que est�o indo.”

CRIAN�A

A arte � um alento neste momento complicado. “Fico impressionada com pessoas que n�o se conectam artisticamente com algo. Para evitar ficar s� pensando em problemas, seja criativo. Deixe a sua crian�a interior brincar um pouco. N�o entendo como algu�m pode passar por tudo isso sem ter a arte como aliada”, observa.

Aten��o especial deve ser dada aos idosos, destaca a atriz. “Minha m�e j� est� mais velha, tem 72 anos. N�o quer ler, entrou na onda de querer dormir o tempo inteiro. Todos os dias, �s 19h, eu, ela, minhas duas irm�s e minha filha nos reunimos para colorir. A gente a estimula dessa forma. Com isso, o humor da minha m�e mudou. Quando o desenho est� pronto, ela demonstra at� uma satisfa��o juvenil”, conta Cynthia, aconselhando todo mundo a “fazer arte” durante o isolamento social.

A atriz sempre cultivou plantas em v�rios espa�os de seu apartamento. A cole��o se multiplicou durante a quarentena. “Plantei na forma de bolo, no balde, e agora estou partindo para a lata de bijuterias. Minha av� plantava at� em tampa de caneta. Ela me ensinou que tudo � poss�vel”, lembra, entre risos. Bordado, tric� e costura tamb�m est�o na agenda dela.

AULAS Professora de teatro na PUC Minas, Cynthia diz que as aulas on-line representam outro desafio para ela. “A gente j� tinha come�ado o semestre e agora temos de continuar. Voc� deve se acostumar com o v�deo, buscar conex�o com os alunos. Est� dando certo”, comemora.

O restante do tempo � ocupado com aulas on-line de espanhol, franc�s, ingl�s e italiano, no aplicativo Duolingo, e o curso Por que lutamos?, sobre o feminismo no Brasil. “Voc� est� em casa. Ent�o, se desconstrua, v� ler sobre feminismo e mude essa cabe�a”, aconselha.

Cynthia tamb�m recomenda a poesia de Manoel de Barros e o livro Poemas m�sticos, de Jalal Al-Din Husain Rumi, para enfrentar os tempos dif�ceis. “Voc� pode n�o acreditar em nada, mas � medida que vai lendo, percebe que somos mais do que um saco de osso”, garante. E promete: “Vou sair da pandemia como uma borboleta com asas de drag�o.”

* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria


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