Festivais de cinema se unem para promover evento global no streaming

Um festival on-line que re�ne os maiores eventos de cinema do mundo; lan�amentos via streaming; e um blockbuster que poder� (com ousadia e muita sorte) salvar a cadeia cinematogr�fica. Sim, do cen�rio de terra devastada das primeiras semanas, o cinema vem buscando alternativas para continuar fazendo a roda girar, dois meses e meio depois de declarada a pandemia mundial do novo coronav�rus. Mas s�o possibilidades, n�o solu��es, pelo menos por ora.

Vinte e um festivais internacionais, incluindo os de Veneza (que confirmou sua 77ª. edi��o para 2 de setembro) e Cannes (cuja 73ª. edi��o, neste m�s, foi cancelada) se uniram para o We Are One, festival global que ter� in�cio nesta sexta (29) pelo YouTube. Gratuito, via streaming e sem comerciais, o evento � uma realiza��o da Tribeca Enterprises, empresa criada pelo ator Robert De Niro e pela produtora Jane Rosenthal, que promove o Tribeca Film Festival, em Nova York.

At� 7 de junho, ser�o exibidos mais de 100 filmes de 35 pa�ses, selecionados pelos festivais participantes. Ser�o 31 longas e 72 curtas. Desses, 13 s�o estreias mundiais, 31 estreias on-line e cinco estreias on-line internacionais. Nomes de peso do cinema contempor�neo participam de palestras, a maior parte delas tiradas de encontros de edi��es recentes dos pr�prios eventos.

Ser�o exibidos os encontros que Francis Ford Coppola teve com Steven Soderbergh na edi��o de 2019 do Festival de Tribeca e o de Bong Joon-ho e seu ator favorito, Song Kang-ho (o Ki Taek de Parasita), durante a edi��o 2019 de Locarno.

Outros grandes nomes que falar�o sobre o cinema e o estado da arte s�o Guillermo del Toro, Jane Campion, Alain Delon e Ang Lee. Completando a programa��o, h� tamb�m uma sele��o de produ��es de VR (realidade virtual).

Um dos longas in�ditos � o document�rio Ricky Powell: The individualist, de Josh Swade, sobre o fot�grafo de rua de Nova York que durante muitos anos foi conhecido como o quarto integrante da banda Beastie Boys. Outra premi�re � a do document�rio The iron hammer. Dirigido pela atriz chinesa Joan Chen (O �ltimo imperador, Twin Peaks), aqui estreando por tr�s das c�meras, o longa conta a hist�ria da estrela do v�lei ol�mpico Jenny Lang Ping.

A ex-jogadora que se tornou treinadora acabou sendo t�o bem-sucedida fora das quadras quanto o foi dentro, garantindo inclusive o ouro para as chinesas nos Jogos Ol�mpicos do Rio, em 2016.

Entre os curtas, uma das novidades � o japon�s Yalta conference online, produzido exclusivamente para o festival por Koji Fukada. O est�dio Dreamworks Animation lan�a on-line as anima��es em curta-metragem Bilby, Marooned e Bird Karma.

J� na seara das s�ries, a israelense Losing Alice � um thriller psicol�gico que envolve uma cineasta e uma jovem roteirista. John Legend, Oprah Winfrey e Lupita Nyong’o est�o no elenco de curtas em realidade virtual.

As edi��es deste ano dos eventos que integram o We Are One est�o sendo repensadas, quando n�o suspensas, como a de Cannes. Uma edi��o compacta de um festival e uma vers�o on-line, as alternativas poss�veis, afetam toda a cadeia, chegando at� o Oscar. Os festivais servem como term�metro.

Melhor explicando: um longa que tenha sido premiado em Cannes, por exemplo, pode ir para o Festival de Toronto, depois ser indicado ao Globo de Ouro e finalmente chegar � premia��o da Academia de Artes e Ci�ncias Cinematogr�ficas de Hollywood. Foi basicamente o que ocorreu com Parasita, de Bong Joon-ho, grande vencedor do Oscar neste ano.

Com a cadeia interrompida, ocorre como um efeito domin�. Isso sem falar na s�rie de filmes que tiveram suas estreias adiadas. J� se cogita um poss�vel adiamento da 93ª. edi��o do Oscar, marcada para 28 de fevereiro de 2021. Ajustes come�am a ser feitos. A Academia vem facilitando as regras de elegibilidade de uma produ��o, permitindo que filmes n�o exibidos nos cinemas entrem na disputa.

Com centenas de t�tulos in�ditos impedidos de chegar aos cinemas, alguns v�m optando pelo lan�amento exclusivo on-line. E n�o � coisa s� de filme independente. A plataforma de streaming Apple TV Plus comprou os direitos mundiais da Sony Pictures para lan�ar Greyhound, estrelado por Tom Hanks.

Drama ambientado na Segunda Guerra Mundial e com or�amento estimado em US$ 50 milh�es, seria lan�ado nos cinemas dos EUA no pr�ximo dia 12 de junho. Uma nova data ainda n�o foi anunciada pela plataforma.

Agora, mesmo com as alternativas, nada substitui um lan�amento no cinema. Todas as esperan�as do meio cinematogr�fico americano – que reflete nos mercados dos outros pa�ses – est�o neste momento concentradas em um �nico filme.

Em 17 de julho, a Warner Bros. pretende lan�ar Tenet, 11º longa de Christopher Nolan, hoje o cineasta que agrega as maiores bilheterias dos EUA – seus tr�s �ltimos filmes, Dunkirk (2017), Interestelar (2014) e A origem (2010) arrecadaram, no mundo todo, mais de US$ 2 bilh�es.

Tudo est� sendo mantido no maior segredo. A inten��o da Warner Bros. � fazer um lan�amento massivo no ver�o americano. Se Tenet for bem-sucedido, outras grandes produ��es de est�dios tamb�m ir�o, posteriormente, para o cinema. Caso seja um fracasso, o mercado pode ser retrair ainda mais. A ideia � fazer de Tenet o filme-s�mbolo da reabertura dos Estados Unidos. Tal lan�amento ir� ocorrer caso os dois maiores mercados do pa�s, Nova York e Los Angeles, estejam em julho totalmente abertos. O que, neste momento, � muito incerto.

Tenet, um filme sobre o qual se fala muito mas se sabe pouco, ser� o primeiro blockbuster a chegar aos cinemas desde que a pandemia foi declarada. Com um or�amento estimado em US$ 205 milh�es, o longa foi rodado em sete pa�ses e traz no elenco Michael Caine, Kenneth Branagh, Robert Pattinson e John David Washington. Sem sinopse revelada, apenas os trailers j� lan�ados d�o uma ideia de que a narrativa vai tratar da manipula��o do tempo para tentar impedir a Terceira Guerra Mundial.

Em um artigo no The Washington Post, Nolan defendeu a import�ncia das salas de cinema. “Quando essa crise passar, a necessidade de engajamento humano coletivo, a necessidade de viver, amar, rir e chorar juntos ser� mais poderosa do que nunca. N�o devemos isso apenas aos 150 mil trabalhadores desta grande ind�stria americana, devemos a n�s mesmos. N�s precisamos daquilo que os filmes podem nos oferecer.”