Na quarentena, Eric Nepomuceno n�o para: da literatura aos curtas

Depois de 100 dias isolado em Petr�polis (RJ), o jornalista, escritor e tradutor carioca Eric Nepomuceno resolveu respirar novos ares e veio a Minas passar uns dias na fazenda da fam�lia da mulher, a escritora mineira Martha Vianna, em Lagoa Santa, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Literalmente, se desplugou em terras mineiras. “Fui parar num lugar onde n�o pega e-mail e nem internet. Ent�o, foi muito bom para arejar a cabe�a”.

Ele admite que precisava desse refresco. “Desde que aprendi a andar, nunca fiquei 100 dias parado. Isso � coisa de maluco. Tive de sair de casa”, conta. Apesar do passeio, n�o deixou de retomar as grava��es dos curtas que est� lan�ando na internet. “Quem grava comigo � o meu filho, Felipe, cineasta e dono da Nepomuceno Filmes. Voltei ao Rio na quarta (8), onde j� estou dando sequ�ncia aos trabalhos.”

O escritor lan�ou no domingo (5) a videocarta Palavras �midas, curta de 12min com fotografia de Walter Carvalho e trilha sonora de Marcos Rogozinski. “A jovem autora paulistana Aline Bei me mandou um texto dela muito bonito sobre o escritor paulista Raduan Nassar. Eu lhe respondi contando como � o perfil dele e como � a nossa rela��o de amizade.” J� na segunda-feira (6), houve a estreia da s�rie F�bricas do amor, na qual Eric l� poemas do escritor argentino Juan Gelman (1930-2014), que ter� novos epis�dios de segunda a sexta, �s 11h, at� 17 de julho.

Neste domingo (12), produzido pela Nepomuceno Filmes, de Tereza Alvarez e do cineasta Felipe Nepomuceno, estreia o curta A pedra queima, de 13min. “Nesse, leio a tradu��o que fiz para o livro La piedra arde, que o escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) escreveu para os jovens, em 1980.” Eric traduziu quase toda a obra de Galeano. Essa era das que faltavam. “Ele foi um irm�o que a vida me deu.” A trilha sonora � do acordeonista ga�cho Beb� Kramer, e as ilustra��es do artista Luiz de Horna.

E o trabalho n�o para. Em 19 de julho, entra em cartaz, tamb�m nas plataformas digitais, a videocarta Mem�rias de resist�ncia, com Eric e o escritor angolano Ondjack. No dia 20, �s 11h, ele ler� contos de seu livro Antologia pessoal (editora Record), em 10 epis�dios, de segunda a sexta-feira, at� o fim deste m�s. No dia 26, ser� a vez do curta As livrarias, de seis minutos. Ele gravou o �udio, e o irm�o, Guto Nepomuceno, arquiteto, criou os desenhos em aquarelas e as ilustra��es.

Mas Eric n�o para por a�. “Sigo escrevendo meus artigos para fora do Brasil. Tamb�m estou trabalhando em um livro novo. N�o paro um minuto, porque, se parar, a ang�stia se torna algo muito forte. � preciso ter paci�ncia e segurar a onda, porque o neg�cio est� barra-pesada. Estou terminando um livro de n�o fic��o, que estou devendo h� cerca de cinco anos. S�o sete perfis, mem�rias de pessoas que, de alguma forma, mudaram a minha vida e com as quais eu pude conviver.”

O Seis teclados e um bandoneon representa, al�m de Eric, o m�sico Astor Piazzolla (1921-1992) e os escritores Eduardo Galeano, Julio Cort�zar (1914-1984), Juan Rulfo (1917-1986), Gabriel Garc�a M�rquez (1927-2014), Juan Carlos Onetti, escritor uruguaio, e o poeta, jornalista e tradutor argentino Juan Gelman. “Comecei o isolamento tomando esse livro para ver se o entrego o mais r�pido poss�vel. S� que, de repente, pintou uma ideia que j� estava em minha cabe�a h� anos, um livro de fic��o, no qual mergulhei tamb�m.” Eric acredita que finalizar� os dois neste ano. (AP)