
Treze pessoas de oito religi�es diferentes em cima de um palco tocando sobre amor, aceita��o, solidariedade e a import�ncia de ajudar o pr�ximo. Essa � a receita da banda Soul da Paz, grupo musical interreligioso. “Imagina como � juntar esse tanto de gente, com idades entre 20 e 50 anos, e religi�es, gostos e forma��es socioculturais diferentes? � uma sopa, e uma sopa bem estranha. Mas acaba saindo coisas bem importantes dela”, brinca Ricardo Camilo, budista e um dos primeiros membros a entrar no grupo.
A banda paulista, que existe desde 2017, acaba de lan�ar o disco hom�nimo Soul da paz, primeiro da carreira e que contou com a participa��o do cantor Bruno Gouveia, do Biquini Cavad�o, e produ��o de Kiko Zambianchi. “Temos como filosofia tentar fazer m�sicas de v�rios ritmos para que pessoas que tenham gostos diferentes possam gostar das nossas m�sicas e receber nossa mensagem”, ressalta Ricardo. As composi��es, que v�o do rock ao reggae, est�o dispon�veis gratuitamente nas plataformas Spotify, Deezer, Google Play e Amazon Music.
O disco � composto por oito m�sicas autorais, que passaram pela aprova��o de cada membro do grupo, para garantir que as letras n�o ofendem os princ�pios de nenhuma religi�o. “Se tem alguma coisa que n�o est� legal, vamos mudando. Cada um tem a sua verdade e ela tem que ser respeitada”, defende Ricardo. A m�sica tema do �lbum, Somos todos iguais, � a favorita dele. “'D� para viver todos juntos, d� para vivermos em paz. Todos s�o t�o diferentes, todos tamb�m s�o iguais'. Esse � o refr�o dela e resume tudo”, explica o m�sico.
J� Eliel Leonardo, crist�o protestante que tamb�m faz parte do grupo h� mais de cinco anos, revela que a composi��o que mais gosta � Um ajuda o outro. “'� quem � crente, ajuda o pai de santo, amigo da gente’. Esse pequeno refr�o � muito legal porque ilustra uma dificuldade que muita gente tem. O que queremos mostrar nas apresenta��es � que � poss�vel ser inteiro em rela��o ao que acreditamos e mesmo assim respeitar os outros.”
Eliel conta que ele os m�sicos da banda enfrentam cr�ticas at� mesmo em rela��o �s pessoas que comungam da mesma f� que os integrantes do grupo. “Escutamos coment�rios como ‘ele abandonou a f� (por participar da banda)’. Algumas pessoas torcem o nariz, revela. “Temos que estar preparados para aqueles que reclamam. Somos uma banda e temos que aceitar cr�ticas e compreender os que n�o gostam � a gente”, completou Ricardo.
Para o m�sico, a Soul da Paz retrata um pouco do que o � o Brasil. “Aqui, apesar de ter alguns problemas de intoler�ncia religiosa, que devem ser combatidos, as religi�es t�m uma rela��o bacana. N�o vivemos em uma situa��o ideal, mas estamos em uma situa��o melhor que muitas parte do mundo”, pondera Ricardo.
CONVIV�NCIA TRANSFORMADORA “Pergunta para qualquer m�sico se � f�cil lidar com outros m�sicos. Agora imagina em um contexto interreligioso? De modo geral, nossa rela��o � a melhor poss�vel”, revela Eliel.
Para Ricardo, uma das coisas mais importantes do projeto � a amizade formada pelos membros. “As nossas conversas s�o muito enriquecedoras. O impacto dessa conviv�ncia � imensamente transformador. Ningu�m entra na banda e sai igual.”
Mahesh, sacerdote br�mane (hindu�smo) e o respons�vel por reunir os m�sicos, explica que o grupo tem como princ�pio o respeito pelas diversas cren�as. “N�o fazemos nenhuma reza ou liturgia em conjunto, somos inteiros no que cremos, n�o somos a m�dia do grupo. Antes de sermos de qualquer grupo religioso, somos humanos e precisamos nos respeitar como seres humano.”
Mahesh conta que a ideia de montar um grupo surgiu enquanto voltava para casa de um evento interreligioso. “Pensei que seria legal se tiv�ssemos uma banda com representantes de v�rias religi�es e que tocasse m�sicas cujas as letras falavam sobre o que as religi�es t�m em comum, como amor, paci�ncia e toler�ncia”.
A banda ainda conta com Jo�o Rafael (hindu�smo), Gilberto Venturas (juda�smo), Zen Le�o (espiritismo), Pai Torres (umbanda), Marcio Scialis (esp�rita crist�o), Fl�vio Irala, Andr� Herklotz, Paulo Miranda, D�bora D’Zamb� e Julio D’Zamb� (cristianismo).
* Estagi�ria sob a supervis�o da subeditora Tet� Monteiro