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Em 'Pokas', ria do Brasil com Thiago Ventura

O dia a dia da 'quebrada', o olhar diferenciado sobre a sociedade brasileira e o humor que valoriza o texto s�o marcas registradas do comediante. Stand-up est� em cartaz na Netflix


12/08/2020 04:00

Com Pokas, Thiago Ventura conquistou espaço na Netflix, a maior plataforma de stand-up do mundo (foto: Netflix/reprodução)
Com Pokas, Thiago Ventura conquistou espa�o na Netflix, a maior plataforma de stand-up do mundo (foto: Netflix/reprodu��o)
Thiago Ventura � hoje considerado um dos principais humoristas brasileiros – e humorista de stand-up, pr�tica popularizada no in�cio dos anos 2000 no pa�s por grupos como o Com�dia em P� e o Clube da Com�dia, que projetaram Rafinha Bastos, Danilo Gentili, F�bio Porchat e Diogo Portugal, entre outros.

Nos �ltimos 15 anos, a com�dia brasileira tomou rumos diferentes, e um dos exemplos mais significativos disso � o especial Pokas, o primeiro de Ventura, de 31 anos, naquela que � hoje a maior plataforma de humor stand-up do mundo, a Netflix.

BANCO Thiago nasceu na “quebrada”, em Tabo�o da Serra (SP). Fez faculdade de administra��o e trabalhou em banco antes de se voltar para o que sabia ser a sua voca��o: o stand-up. Conhecido na escola por contar hist�rias e fazer as pessoas rirem, ele teve contato com o g�nero na hist�rica entrevista de J� Soares com Diogo Portugal, realizada em 2006, quando o curitibano listou apresenta��es, nomes e clubes de com�dia, dando proje��o nacional ao g�nero.

“Quando vi Diogo fazendo, tive certeza de que poderia fazer tamb�m”, diz Ventura. “Comecei a criar meus textos com 21 anos, estudava ainda por hobby e decidi participar de open mics (espa�o que os clubes d�o para comediantes iniciantes). Foi muito bom na primeira, a segunda OK, mas na terceira n�o queria mais”, lembra. “Foi quando aprendi: se a com�dia n�o � a �nica coisa que voc� pode fazer na vida, desista.”

Mas Thiago perseverou. Baixava v�deos de comediantes brasileiros e estrangeiros, com legendas, para aprender estrat�gias de set up (prepara��o da piada), punchline (frase que arremata), delivery (o modo de contar) e outros gatilhos, mas tamb�m para saber o que outros estavam criando para n�o fazer igual. “Tinha pastas de anota��o e entendia como cada um se comportava no palco.”

Em 2010, ele come�ou a compartilhar v�deos de seus pr�prios sets – assim, viu sua audi�ncia crescer aos milh�es. Pokas � o seu terceiro especial. O quarto, Modo efetivo, estava em turn� antes de a pandemia da COVID-19 fechar os palcos.

Ventura usa o ensinamento de Dave Chappelle, uma de suas principais influ�ncias: “Tudo o que voc� precisa saber para ser comediante � tudo aquilo que voc� j� sabe”. Com piadas sobre o dia a dia na “quebrada” e sobre modos de pensar a vida, relacionamentos e fam�lia, Ventura trouxe para a com�dia brasileira um elemento social novo, inserindo diversidade no universo antes dominado por uma elite cultural pouco ou nada preocupada com a realidade brasileira. Mas ele garante: “Stand-up n�o quer saber se o comediante � branco ou preto, homem ou mulher. Quer saber se ele tem boas piadas.”

Na opini�o dele, muito da discuss�o sobre os “limites do humor” e sua rela��o com o “politicamente correto”, debate importado dos EUA sem levar em conta as particularidades brasileiras, � feita por gente que n�o entende de com�dia.

“N�o entendem o limite do humor porque n�o entendem de com�dia”, diz, sem citar nomes. “Piada sem gra�a nem existe.” Para Ventura, piadas sobre racismo e sobre sexualidade podem ser equivalentes a uma piada sobre escada. Mas todas t�m que ser boas.

“A com�dia � totalmente pessoal. Meu processo busca entender quem eu sou”, diz ele. Mesmo assim, Thiago reconhece que o mercado brasileiro de stand-up alcan�ou o grande p�blico com a piada “custe o que custar”, refer�ncia ao programa da Band.

“Naquela �poca, o stand-up foi tachado como algo totalmente agressivo, mas n�o � isso nem a pau. O mercado era horr�vel, ningu�m queria ir a um show porque aquilo era conhecido por ser apenas ofensivo.” Agora mudou completamente, ele acredita. “Essa mudan�a se deve ao fato de novos comediantes ocuparem esse lugar. A diversidade deve estar em qualquer lugar: a gente n�o precisaria nem falar disso se n�o houvesse um contexto hist�rico (desfavor�vel).”

Uma caracter�stica do trabalho dele vem da escola americana, que valoriza a import�ncia do texto. “O comediante tem que entender que ele � o texto. Tenho uma performance que gosto de aprimorar, mas tenho que entender que sou o texto”, comenta.

M�TODO Thiago Ventura criou seu pr�prio m�todo de trabalho. Ele anota situa��es e ideias em um aplicativo de celular e depois as encaixa em momentos apropriados ao assunto de que est� tratando.

Em Pokas, ele fala muito sobre de onde veio e aonde chegou com o seu trabalho, bem como sobre erros do passado e aspectos do presente. “Voc�s nunca v�o me ver falando de pol�tica. Sabe por qu�? N�o manjo nada. Sabe de uma coisa que eu manjo? Idiotas”, conclui. (Estad�o Conte�do)

POKAS
. Com Thiago Ventura
. Stand-up
. 122 minutos
. Netflix




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