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Estado de Minas M�SICA

Festival on-line e gratuito vai destacar a liberdade do jazz

Amaro Freitas, Marcos Valle, Stacey Kent e Madeleine Peyroux se juntam aos mineiros C�lio Balona, Tulio Mour�o e Rog�rio Delayon no evento que come�a amanh�


24/11/2020 04:00 - atualizado 24/11/2020 07:37

O pernambucano Amaro Freitas diz que abre um canal espiritual com o público em suas apresentações remotas(foto: 78 Rotações/divulgação)
O pernambucano Amaro Freitas diz que abre um canal espiritual com o p�blico em suas apresenta��es remotas (foto: 78 Rota��es/divulga��o)
Pianista virtuoso, Amaro Freitas costuma dar tempo ao tempo. Ali�s, essa � uma caracter�stica que o m�sico pernambucano compartilha com o jazz, estilo que o tornou internacionalmente reconhecido. Mas a m�sica feita por Amaro, registrada em dois �timos �lbuns, carrega refer�ncias n�o t�o comuns ao g�nero norte-americano, como o frevo, o bai�o, o maracatu, a ciranda e o maxixe.

Por conta disso, o artista talvez seja o nome mais apropriado para abrir o Festival Tudo � Jazz 2020, que come�a na quarta-feira (25). Com voz grave e calma, ele explica que, apesar de n�o ter crescido ouvindo esses ritmos, quando entrou em contato com eles, na �poca de faculdade, sentiu uma esp�cie de ilumina��o.

“Fui engolido. Na primeira vez que escutei, fiquei de olho arregalado e pensei: 'Sempre fui isso e n�o sabia'. Esse � o meu lugar de fala. At� ent�o, n�o tinha contato com a cultura nordestina. Conheci a m�sica por meio da igreja, o que ficou ainda mais forte quando meu pai surgiu com a ideia de montar uma banda.”
Marcos Valle promete apresentação intimista com a americana Stacey Kent(foto: Jorge Bispo/divulgação)
Marcos Valle promete apresenta��o intimista com a americana Stacey Kent (foto: Jorge Bispo/divulga��o)


BARBEIRO 

Apesar da vontade de tocar bateria, Amaro foi persuadido a ficar com o teclado. Tomou li��es de um barbeiro do bairro, que, entre um corte e outro, ensinava ao menino sobre melodia, harmonia e ritmo.

Aos 15 anos, foi aprovado no Conservat�rio Pernambucano de M�sica, onde estudou apenas seis meses por conta das condi��es financeiras da fam�lia. Nunca se identificou com a carreira acad�mica, mas sempre alimentou a vontade de ser artista. Cursou produ��o fonogr�fica e encontrou terreno f�rtil ao lado do baixista Jean Elton e do baterista Hugo Medeiros.

“A gente cresce ouvindo que n�o d� para viver de m�sica, ainda mais instrumental. N�o existem exemplos positivos. N�o existe uma f�rmula. Desde sempre, meu desejo foi poder me dedicar � m�sica em sua plenitude. E agora isso � algo que consigo fazer”, comemora.

Desde 2016, ano em que estreou com o �lbum Sangue negro, Amaro Freitas vem criando suas pr�prias f�rmulas. Com Rasif (2018), ele excursionou mundialmente, mas a aten��o no Brasil chegou quando participou do EP beneficente Existe amor (2020), ao lado de Milton Nascimento e Criolo. O pernambucano foi respons�vel por repaginar as m�sicas N�o existe amor em SP, de Criolo, e Cais, de Milton, faixa o �lbum cl�ssico Clube da Esquina (1972).

“Foi um presente da vida poder trabalhar ao lado desses dois artistas. Mas o que mais me deixa orgulhoso � poder ter fala. Tudo comunica e, por meio da minha m�sica, pude me fazer presente em um trabalho de propor��o nacional. Tive a liberdade de construir um arranjo e fazer um solo de uns dois minutos. Tudo isso levando em conta a bandeira que represento”, analisa.

Para o Tudo � Jazz, Amaro pensou em um repert�rio especial a partir do t�tulo do evento. Sozinho ao piano, vai apresentar composi��es autorais, interpretar algumas de outros autores e, principalmente, improvisar. “Come�o com uma, espont�nea, de oito minutos. Uma das ess�ncias do jazz � a improvisa��o e s�o diversos os fatores ultraobjetivos que a determinam.”
Para ele, o fato de a apresenta��o ter sido pr�-gravada em est�dio, sem a presen�a do p�blico, influenciou a performance, mas n�o de forma negativa. “Existe uma espiritualidade na m�sica. Na minha experi�ncia com apresenta��es remotas, entendo que o artista abre um canal com o p�blico. No momento em que estou tocando, toda a negatividade do momento que estamos vivendo vai embora e consigo me conectar com meus antepassados, com a natureza, e com o maior ancestral de todos: o som.”
Devido � pandemia, a edi��o 2020 do festival, tradicionalmente realizado em Ouro Preto, ganhou formato on-line. As seis apresenta��es foram pr�-gravadas e ser�o transmitidas entre de 25 a 27 de novembro, a partir das 20h, no site do festival.

Amaro Freitas gravou sua participa��o no Est�dio Carranca, no Recife. Os mineiros C�lio Balona, Pianissimo Jazz e T�lio Mour�o filmaram na Sala Juvenal Dias, no Pal�cio das Artes, em BH. E Marcos Valle, que se apresenta com Stacey Kent na sexta-feira (27), gravou no est�dio que te em casa, no Rio de Janeiro.

A parceria de Marcos com a norte-americana remonta ao anivers�rio de 80 anos do Cristo Redentor, em 2011. Os dois dividiram o palco para cantar Samba de ver�o. A parceria gerou frutos, como shows no Blue Note de T�quio, um DVD e o document�rio Marcos Valle & Stacey Kent – From Tokyo to New York, lan�ado em 2016.

“De certa forma, essa apresenta��o � uma forma de reviver projetos que j� fizemos juntos. Por conta de toda a caracter�stica do festival, nossa ideia foi criar um clima bem intimista, com uma magia por tr�s. Eu de c� e ela de l�, gravamos cinco m�sicas. Mas tamb�m h� uma troca nossa, tanto nos momentos em que cantamos juntos quanto naqueles em que apenas conversamos”, adianta.

ESTRANHO 

Ambientado com as lives, Marcos vem, aos poucos, se preparando para voltar aos palcos. No �ltimo m�s, ele se apresentou ao lado de Roberto Menescal, no Rio Montreux Jazz Festival. “No in�cio, estava tudo muito estranho. A essa altura, j� estamos acostumados com o ritmo que a pandemia nos imp�s e tamb�m com o fato de que, para fazer m�sica ao vivo, precisamos abrir m�o da nossa intimidade, deixar que o p�blico entre na nossa casa. Gosto desses desafios”, revela.

Ainda assim, viveu na pele os efeitos provocados pelas medidas de isolamento social. Em junho de 2019, ele lan�ou o �lbum Sempre. Em janeiro de 2020, colocou na pra�a o disco Cinzento. O ano seria repleto de shows n�o s� no Brasil, como nos Estados Unidos, na Europa e no Jap�o.

Apesar das temporadas adiadas, Marcos Valle n�o parou de produzir. “Por meio do Marcus Preto, comecei a trabalhar com o Nando Reis. J� compusemos cinco m�sicas. Tamb�m estou compondo com o Ivan Lins. J� estamos na terceira. Quem tamb�m manifestou a vontade de trabalhar comigo foi o Otto”, conta. “N�o tem sido tempo desperdi�ado, muito pelo contr�rio. Minha cabe�a � m�sica o tempo todo”, diz ele.

FESTIVAL TUDO ï¿½ JAZZ
Quarta (25/11)
» Amaro Freitas
» Madeleine Peyroux 
e Celio Balona

Quinta (26/11)
» Tulio Mour�o e Trio
» Natasha Agrama 
e Rogerio Delayon

Sexta (27/11) 
» Pianissimo Jazz
» Marcos Valle e Stacey Kent

A partir das 20h, no site www.tudoejazz.com. 
Evento gratuito.

PARA BII�A
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

Criadora, coordenadora e curadora do Festival Tudo � Jazz, a mineira Maria Alice Martins morreu em 14 de novembro, v�tima do novo coronav�rus. Mais conhecida como Bii�a, ela tinha 67 anos e ficou 55 dias internada. Sua mem�ria ser� lembrada no evento que come�a amanh�. Maria Alice tamb�m produziu os projetos Tudo � Jazz no Porto, Som Clube e Ponto de Cultura do Alto da Cruz, com atua��o celebrada no meio art�stico.


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