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Estado de Minas CINEMA

Kleber Mendon�a lan�a livro com roteiros de Bacurau, Aquarius e O som ao redor

O diretor pernambucano afirma que a obra, publicada pela Companhia das Letras, traz um arquivo de hist�rias da cultura brasileira


30/11/2020 04:00 - atualizado 30/11/2020 09:23

O som ao redor (2012)/Aquarius (2016)/Bacurau (2019)
O som ao redor (2012)/Aquarius (2016)/Bacurau (2019) (foto: Indie / Divulga��o/ViCtor Juc� / Divulga��o/ViCtor Juc�/ Divulga��o)

O primeiro longa-metragem de Kleber Mendon�a Filho nasceu em Belo Horizonte. Mais precisamente, na Avenida Afonso Pena, em um dos quartos do finado Othon Palace, onde o cineasta se hospedou em 2007 durante uma edi��o do Festival Internacional de Curtas.

A proximidade da data-limite de um edital do Minist�rio da Cultura fez o pernambucano escrever 76 p�ginas em nove dias. Mas, na verdade, o filme j� come�ara a ser concebido – na cabe�a do cineasta. “A escrita veio de um ac�mulo de ideias anotadas ao longo de alguns anos; o roteiro n�o foi selecionado naquela primeira tentativa, mas ficou entre os vinte finalistas, e j� era o filme que seria feito mais tarde, com o acr�scimo de novas ideias, informa��es e detalhes”, narra Kleber na introdu��o do livro rec�m-lan�ado com os roteiros de O som ao redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019), este �ltimo com Juliano Dornelles. “Acho que este livro � a pequena pe�a para um acervo, um arquivo de hist�rias da cultura brasileira”, diz o diretor, em entrevista por telefone ao Estado de Minas.

O livro inclui um alentado pref�cio do professor e pesquisador Ismail Xavier, com an�lises pormenorizadas dos tr�s longas e do trabalho de cria��o. “Os tr�s roteiros s�o muito claros em sua exposi��o de cada fase da trama”, observa Ismail, destacando tamb�m a habilidade na constru��o dos di�logos, “sempre ajustados ao teor dram�tico da cena”, e a liberdade do autor nas indica��es t�cnicas e outras orienta��es. “Acredito que � preciso ser claro e objetivo, mas refletindo o seu estilo de escrever e de ver as coisas”, afirma Kleber Mendon�a. Entusiasmado com a liberdade do uso de palavras para cria��o de personagens e conflitos, o cineasta cogita escrever um romance. “� uma ideia cada vez mais atraente.”

Produzidos e lan�ados nos �ltimos dez anos, os tr�s longas de Kleber Mendon�a espelham as tens�es, impasses e conflitos – alguns velados, outros expl�citos – cada vez mais presentes na sociedade brasileira. Ele admite que “subiu o tom” de O som ao redor, no qual “as coisas n�o s�o ditas, s�o mostradas”, para Aquarius. “Veio naturalmente, n�o d� para se fingir de mouco e ignorar o que est� se passando no pa�s”, diz o cineasta, que se manifestou contra o impeachment de Dilma Rousseff na estreia de Aquarius, em 2016, no Festival de Cannes.

Mapa de Bacurau traçado pelo codiretor Juliano Dornelles. ''É um povoado pequeno e digno, com uma rua central semicoberta de areia, ladeada por casas modestas dos dois lados, uma igreja católica e outra evangélica e uma escola no limite da comunidade'', descreve o roteiro
Mapa de Bacurau tra�ado pelo codiretor Juliano Dornelles. ''� um povoado pequeno e digno, com uma rua central semicoberta de areia, ladeada por casas modestas dos dois lados, uma igreja cat�lica e outra evang�lica e uma escola no limite da comunidade'', descreve o roteiro

“Quando a gente estava filmando uma externa com a Sonia (Braga), passou um cara e xingou a equipe de ‘vagabundos, filhos da puta’ e mandou a gente trabalhar. N�o consegui ignorar, por isso o filme tem discuss�es com dedo na cara e confronto forte no final”, lembra.

A eleva��o de tom prosseguiu com Bacurau, o filme mais bem sucedido do diretor de 52 anos. Pr�mio Especial do J�ri em Cannes, o longa-metragem foi visto por mais de 700 mil espectadores no pa�s no ano passado. O roteiro nascido da “vontade de misturar energias distintas” (western, drama, suspense, fic��o cient�fica) foi escrito ao longo de oito anos.

“Eu e Juliano constru�mos Bacurau em cima de erros, agress�es e viol�ncias hist�ricas que t�m marcado a sociedade brasileira e o mundo”, detalha o cineasta pernambucano.

“Apesar de se passar num futuro pr�ximo, n�o tem nada de novo. S�o os conflitos hist�ricos: ignor�ncia, racismo, falta de respeito com o Nordeste, com o passado, com as minorias e a capacidade das pequenas comunidades de se unir para enfrentar essas injusti�as”, destaca Kleber. “E, como estamos no cinema de g�nero, isso nos libera para a catarse e para usar as ferramentas do cinema de a��o, como a viol�ncia gr�fica.” Ele externa os sentimentos que o moveram nas tr�s cria��es: “Tem compaix�o em todos eles, e, �s vezes, tem tamb�m alguma raiva: porque �s vezes � preciso reagir.”


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