(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Mostra de Tiradentes destaca document�rio baianos e duas produ��es mineiras

Longa 'A�ucena', sobre uma festa de anivers�rio que celebra todos os anos a mesma idade da aniversariante, vence edi��o digital do evento


01/02/2021 04:00 - atualizado 01/02/2021 09:29

Filme vencedor da Mostra Aurora se situa entre o documentário e a ficção. Premiação do festival foi realizada na noite de sábado, em edição que teve formato virtual, devido à pandemia do novo coronavírus(foto: Mostra de Tiradentes/Divulgação)
Filme vencedor da Mostra Aurora se situa entre o document�rio e a fic��o. Premia��o do festival foi realizada na noite de s�bado, em edi��o que teve formato virtual, devido � pandemia do novo coronav�rus (foto: Mostra de Tiradentes/Divulga��o)


N�o h� respostas prontas em A�ucena. Grande vencedor da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, o longa baiano, estreia do diretor Isaac Donato nesse formato, est� na fronteira entre o document�rio e a fic��o. 
 
Objetivamente, o filme acompanha os preparativos do anivers�rio de uma senhora de 67 anos que vive na Regi�o Metropolitana de Salvador. S� que a celebra��o, anualmente, comemora os 7 anos de idade da mesma personagem.  
 
Para a festa, o grupo de amigos e parentes que a cerca tem que fazer escolhas. Entre elas, quais as bonecas de sua cole��o (de mais de 100) participar�o da festa. E isso se repete ano ap�s ano. “� um document�rio que cobre um universo que inventa, sem ser fict�cio”, afirma Donato. “Dentro desse universo, existe uma realidade que corresponde ao desejo de ser compreendido pelo outro. A inven��o desse tempo � justamente para manter a exist�ncia desse grupo.”
 
O cineasta chegou � dona Guiomar, a personagem central do filme, por meio de uma pesquisa sobre mulheres e patrim�nio imaterial. Rodado durante duas semanas de outubro de 2019, o filme foi finalizado remotamente durante a pandemia. 
 
A pergunta que o espectador se faz o tempo todo �: quem � A�ucena? A resposta, diz Donato, s� pode ser encontrada depois dos cr�ditos finais do longa. “Do contr�rio, poder� haver interpreta��es precipitadas.”
 
Se em 2020 a Mostra de Tiradentes teve uma edi��o normal, j� que realizada pouco antes do in�cio da pandemia, neste ano o evento, que abre o calend�rio anual de festivais nacionais, foi exclusivamente digital. Mas manteve no on-line o modelo do presencial, com sua programa��o dividida entre mostras tem�ticas, oficinas e eventos paralelos. Cento e catorze filmes brasileiros foram exibidos durante nove dias. O evento registrou 550 mil acessos em seu site.

MINEIROS Al�m de A�ucena, a Mostra de Tiradentes premiou quatro produ��es. Duas s�o mineiras, o longa Nh?? y�g m? y�g h�m: Essa Terra � nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Cangu�u e Roberto Romero, e o curta 4 bilh�es de infinitos, de Marco Ant�nio Pereira. Todos os diretores j� haviam sido premiados em edi��es anteriores da mostra.
 
Sueli e Isael Maxakali receberam nesta edi��o o Pr�mio Carlos Reichenbach da Mostra Olhos Livres, mesmo pr�mio que haviam levado no ano passado pelo filme Y�miyhex? – As mulheres-esp�rito. O novo document�rio trata de uma quest�o urgente para todos os povos ind�genas: a terra. “Meu povo perdeu seu territ�rio, mas em nenhum momento meu povo perdeu sua l�ngua e sua tradi��o”, afirmou Sueli, em mensagem de �udio.
 
Tanto ela quanto Isael tiveram sua participa��o restrita no processo de montagem do document�rio, finalizado durante a pandemia. Os dois tamb�m s� o assistiram pelo celular, j� que o acesso � internet � dif�cil onde vivem – no munic�pio de Ladainha, no Vale do Mucuri. 
 
At� junho de 2020, o casal e mais de 100 fam�lias maxakali viveram em terra adquirida em 2007 pela Funda��o Nacional do �ndio (Funai). “S� que n�o havia curso d’�gua e tinha uma demanda grande por uma terra com �gua”, explica o antrop�logo Roberto Romero. Os maxakali cresceram neste per�odo e, como n�o vivem em grandes aldeias, espalharam-se em pequenos grupos familiares.
 
“Durante a pandemia a situa��o foi agravada, inclusive com o avan�o de mission�rios evang�licos. Eles sa�ram da reserva de onde viviam e mudaram-se, provisoriamente, para um local arrendado pela prefeitura de Ladainha. No in�cio deste ano, quando a gest�o (municipal) mudou, o arrendamento n�o continuou. Neste momento, est�o � procura de outra terra, para onde pretendem se mudar com as 100 fam�lias e realizar o sonho de criar uma aldeia-escola-floresta, que seria um espa�o de fortalecimento da cultura e de preserva��o ambiental.”

FILME-ESTRADA O document�rio recupera a luta hist�rica pela terra dos maxakali, povo que habita o Nordeste de Minas Gerais. “Eles t�m alguma terra demarcada, mas esta demarca��o nunca seguiu a regi�o que eles reconhecem como territ�rio tradicional”. 
 
As solu��es, de acordo com Romero, sempre foram foi paliativas. O document�rio foi pensado como um filme de estrada, em que Sueli, Isael e outros maxakali passam por v�rios espa�os onde viveram, mostrando mem�rias vivas e afetivas. “Seguimos um pouco o mapa do territ�rio tradicional dos maxakali”, explica ele.
 
Para o antrop�logo, a chegada de filmes realizados por ind�genas em festivais do porte de Tiradentes, Gramado e Bras�lia � uma conquista bastante significativa. “Espero que essa produ��o comece a ser vista como merece, pois � imprescind�vel que alcance o m�ximo de pessoas poss�vel. Mas os desafios s�o de toda ordem, pois � tudo feito artesanalmente.” Atualmente, eles est�o negociando um licenciamento dos filmes para uma plataforma de streaming.
 

 
Curta 4 bilhões de infinitos, de Cordisburgo(foto: Mostra de Tiradentes/Divulgação)
Curta 4 bilh�es de infinitos, de Cordisburgo (foto: Mostra de Tiradentes/Divulga��o)
 
Diretor premiado cresceu 
sem conhecer cinema
 
A segunda produ��o mineira premiada em Tiradentes � o curta 4 bilh�es de infinitos, vencedor do Pr�mio Canal Brasil. � uma narrativa sobre sonhos e impossibilidades, que dialoga com a pr�pria hist�ria de seu diretor, Marco Ant�nio Pereira.
 
Mineiro de Cordisburgo, de 30 anos, ele entrou pela primeira vez em uma sala de cinema em 2007, quando assistiu a uma mostra de videoarte no Cine Humberto Mauro. Ent�o estudante de jornalismo em Belo Horizonte, Pereira, impactado pela exibi��o, decidiu que faria cinema. Dez anos mais tarde, depois de ter vivido em outros lugares, retornou a Cordisburgo, onde come�ou a fazer curtas.
4 bilh�es de infinitos acompanha os irm�os Adalberto e Ana J�lia, que, sem energia el�trica em casa, criam seu pr�prio cinema, a despeito da aus�ncia de luz. A ideia partiu de um encontro de Pereira com um rapaz que pedia para uma vizinha dinheiro emprestado para pagar a conta de luz. “Comecei a reparar que Cordisburgo estava com v�rias casas com energia cortada”, ele conta.
 
O curta teve premi�re em setembro, no Festival de Cinema de Gramado. Depois,participou de outros eventos do g�nero, no mesmo per�odo em que houve o apag�o no Amap�. As crian�as que est�o no filme de Pereira s�o vizinhos, e o cen�rio � todo ao redor de sua casa. Seus filmes s�o feitos com atores n�o profissionais.
 
O diretor diz que faz filmes “para impactar a vida das pessoas”, principalmente as “mais simples”. E acredita que seus curtas tenham apelo de p�blico, pois j� levou cinco Kikitos em Gramado e tamb�m um trof�u do j�ri popular em Tiradentes (pelo curta A retirada para um cora��o bruto, de 2018). 
Planeja lan�ar um longa, Era uma vez em Cordisburgo, com a reuni�o de cinco curtas. 4 bilh�es de infinitos foi o quarto. O �ltimo da s�rie, para o qual ele tenta encontrar patroc�nio, se chamar� A �ltima vez que eu vi Deus chorar.  
 
Arnalda Maxakali no filme Essa terra é nossa!(foto: Roberto Romero/Divulgação)
Arnalda Maxakali no filme Essa terra � nossa! (foto: Roberto Romero/Divulga��o)
 
 
 
TROF�U BARROCO
 
» Longas
 .Mostra Aurora (j�ri oficial): 
A�ucena (BA), de Isaac Donato
 
. Pr�mio Carlos Reichenbach da Mostra Olhos Livres (j�ri jovem): 
Nuhu?? y�g mu? y�g h�m: essa terra � nossa! (MG), de Isael Maxakali, 
Sueli Maxakali, Carolina Cangu�u e Roberto Romero 
 
.Pr�mio Helena Ignez para destaque feminino: 
Ana Johann, diretora e roteirista de A mesma parte de um homem (PR) 

» Curtas

. Mostra Foco (j�ri oficial): Abjetas 288 (SE), de J�lia da Costa e Renata Mour�o
 
. Pr�mio Canal Brasil: 4 bilh�es de infinitos (MG), de Marco Ant�nio Pereira
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)