(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas M�SICA

Disco traz a homenagem de Toquinho e Yamand� Costa ao viol�o brasileiro

O di�logo de gera��es marcou o show realizado em outubro, na edi��o pand�mica do Montreux Jazz Festival idealizada por Marco Mazzola


22/05/2021 04:00

Toquinho, de 74 anos, e Yamandú Costa, de 41, tocaram composições autorais e clássicos da MPB
Toquinho, de 74 anos, e Yamand� Costa, de 41, tocaram composi��es autorais e cl�ssicos da MPB (foto: MZA/DIVULGA��O)

Quando o mundo somava quase sete meses em regime de isolamento social, em outubro do ano passado, o produtor Marco Mazzola conseguiu realizar um dos mais originais projetos on-line da era pand�mica. Solid�rio aos amantes do jazz, que sofriam sinais de abstin�ncia de uma das express�es art�sticas que mais dependem de presen�a f�sica para ocorrer, convenceu os donos da marca su��a Montreux Jazz Festival e fez o que nem a matriz ousou: promover a segunda edi��o do evento no Rio de Janeiro, sediada em um hotel que garantisse a bela vista da orla que o mundo se acostumou a ver.

Mazzola contou com uma base nos Estados Unidos, de onde artistas que n�o podiam viajar fariam shows, e levou para o Fairmont Copacabana nomes internacionais que j� estavam no Brasil. Stanley Jordan, aqui no pa�s, se uniu ao guitarrista Diego Figueiredo. Dos EUA, o grupo vocal gospel Sing Harlem fez homenagem a Milton Nascimento, e Milton a respondeu daqui. O baiano Letieres Leite compareceu com sua Orkestra Rumpilezz. O paulistano Toquinho e o ga�cho Yamand� Costa cruzaram seus viol�es.

SUCESSO 

O show de Yamand� e Toquinho, realizado em 25 de outubro de 2020, mesmo sem grandes planejamentos e depois de dois ensaios, foi lan�ado em �udio ontem. “N�o h� pretens�o alguma em fazer sucesso com isso”, diz Yamand�, de Lisboa, onde mora desde dezembro. “Fizemos uma grande homenagem ao viol�o brasileiro, mais do que �s nossas carreiras.”

Surpreso com a decis�o do lan�amento, Toquinho tamb�m tirou o foco de qualquer cerimonial. “Se soubesse que seria lan�ado, teria ensaiado mais”, comentou, rindo.

S�o 10 temas nos quais se revezam os representantes de duas gera��es e escolas de viol�es t�o diferentes – e esse � um ponto que fica interessante ao vivo. Eles s� se encontram mesmo em quatro momentos: “Apelo” (Baden Powell e Vinicius de Moraes, can��o de 1966), no choro “Odeon” (de Ernesto Nazareth, lan�amento de 1909, letrado por Vinicius em 1968), em “Tua imagem” (de Canhoto da Para�ba, de 1968) e na can��o “Bachianinha nº 1” (do mestre de Toquinho, Paulinho Nogueira, feita em 1965).

Nos outros temas, o duo faz performances solo: Toquinho nas caymmianas “O bem do mar” e “Saudade da Bahia”, al�m de “Asa branca”. Yamand� em “A Legrand”, homenagem ao compositor franc�s Michel Legrand, in�dita em grava��es, al�m de “Porro” e “Sarar�”.

Por vezes, h� um pouco de Yamand� em Toquinho quando se ouve a abertura de “O bem do mar”. A m�o direita vem mais pesada na intensidade com que age sobre as cordas, t�o marcante nas explos�es do amigo ga�cho.

A voz do viol�o de Toquinho, algo entendido logo no in�cio de suas aulas, ainda menino, com o professor Paulinho Nogueira, e que se tornou marca registrada antes mesmo que ele virasse o compositor consagrado por parcerias (Jorge Benjor, Chico Buarque, Vinicius de Moraes) se faz muito das melodias tocadas ao mesmo tempo que os acordes que encadeia como mestre.

O viol�o de Toquinho � das can��es, das harmonias, e n�o dos solos, o que n�o o torna menor. Mas o clima espont�neo que se v� em sua passagem por Montreux cobra um pre�o. Nem todas as frases chegam limpas e os andamentos podem se apressar. Coisas das apostas nas quais mais valem as amizades e o sabor do momento do que o peso da exatid�o.

A origem de Yamand�, bem mais ao sul do paulistano Toquinho, vem da conflu�ncia de argentinos, ga�chos e mouros. O choro do Sudeste s� chegou depois. Sim, ele diz, a coloniza��o �rabe em territ�rio rio-grandense � percebida. “A rela��o com o cavalo, o assado, temos muito desses resqu�cios.” Na m�sica, ele se reconhece agora ainda mais, respirando os ares de Lisboa.

O viol�o de personalidade flamenca e cigana de Yamand� parece procurar sempre o espet�culo, algo que o difere da sobriedade de Raphael Rabello, e n�o se doma por partituras (que, ali�s, o ga�cho n�o l�). O outro lado de quem mant�m a temperatura sempre elevada em sua performance talvez esteja nos ef�meros tempos na delicadeza e na pouca capacidade de perman�ncia nos campos da contempla��o. O viol�o de Yamand�, como um bailarino espanhol, quer sempre os aplausos depois do grand finale.

TRIO 

A viv�ncia ib�rica do ga�cho vai render um primeiro projeto, que ser� divulgado em breve. “Caminantes” � um �lbum gravado em trio, com o viol�o de sete cordas de Yamand�, a guitarra portuguesa do lusitano Luis Guerreiro, virtuoso expoente da m�sica moderna de seu pa�s que j� esteve com a cantora Mariza em grandes salas de concerto do mundo, e o bandoneon do argentino Martin Sued, tamb�m de digita��es �geis e frases longas.

Esse disco autoral mostra uma outra matriz racial pouco falada, mas muito formadora da linguagem brasileira n�o ligada diretamente � �frica. A m�sica peninsular de Yamand�, Sued e Guerreiro prova como o fado, o tango e a milonga saem, ao final, da mesma m�e. (Ag�ncia Estado)
(foto: MZA/REPRODU��O)

“BACHIANINHA: TOQUINHO & YAMAND� COSTA”
Rio Montreux Jazz Festival
MZA Music
10 faixas
Dispon�vel nas plataformas digitais


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)