Mostra Vertentes, que come�a hoje, reage a sucateamento imposto � cultura

A partir desta quinta-feira (24/06), a Associa��o Campo das Vertentes realiza a primeira “Mostra Vertentes”, evento virtual e gratuito que ir� apresentar 10 artistas da m�sica e do teatro de Belo Horizonte. At� domingo (27/06), sempre �s 20h, quatro programas se voltar�o para a trajet�ria e o trabalho de cantores, atores, compositores e instrumentistas que iniciaram suas carreiras nas oficinas e espet�culos da associa��o criada por Titane, Jo�o das Neves, Irene Ziviani e S�rgio Perer�.

Nos quatro v�deos disponibilizados via YouTube, o p�blico conhecer� Bia Nogueira, K�tia Aracelle, Irene Bertachini, Rodrigo Jer�nimo, Rubens Aredes, Jardel Rodrim, Michelle Ferreira, Amorina, Larissa Horta e V�nia Silv�rio. As produ��es mostram como cada um desenvolve seu trabalho.

Todos integraram o corpo c�nico de algum dos espet�culos desenvolvidos pela Associa��o Campo das Vertentes. “Neste contexto da pandemia, o projeto tem o objetivo de movimentar a carreira dos convidados e tamb�m de outros profissionais da m�sica, do audiovisual e da produ��o. � a nossa contribui��o para uma cena muito prejudicada pela paralisa��o das atividades no �ltimo ano.”

Devido � COVID-19, cada v�deo foi gravado separadamente em dois locais, seguindo protocolos de seguran�a: no est�dio Engenho e no Parque Lagoa do Nado, onde ocorreram as primeiras oficinas da associa��o.

Roteirizados por Brisa Marques e Irene Bertachini, com dire��o de arte assinada por Lucas Bois, os v�deos trazem apresenta��es musicais e c�nicas, al�m de entrevistas com os artistas, can��es e poemas de Jo�o das Neves, S�rgio Perer� e Eduardo Galeano.

Criada em 2004 como desdobramento de oficinas e espet�culos realizados por Titane, Jo�o das Neves, Irene Ziviani e S�rgio Perer�, a Associa��o Campo das Vertentes desenvolve processos coletivos de cria��o, realizando forma��o art�stica integrada � montagem de espet�culos.

Entre as obras mais conhecidas do grupo est�o a pe�a “Madame Sat�” (2007) e o show “Titane e o Campo das Vertentes” (2010).

“A associa��o � mais do que um CNPJ ou um suporte administrativo para artistas. Ela funciona como um coletivo marcado por troca de ideias e estrat�gias de sobreviv�ncia”, explica Titane. “Pensamos quest�es como o aperfei�oamento profissional e a compreens�o de pol�ticas p�blicas. Participam artistas que t�m o m�nimo de afinidade. Somos um coletivo integrado”, pontua.

Por conta da crise de sa�de, o coletivo quase perdeu sua sede, no Bairro Cachoeirinha, na Regi�o Nordeste de BH. Fechada desde o in�cio da pandemia, a casa estava sempre ocupada por um dos associados. O que possibilitou a sobreviv�ncia do Campo das Vertentes foi o apoio emergencial da Prefeitura de Belo Horizonte e, agora, a capta��o, por meio da Lei Aldir Blanc, para a realiza��o da mostra.

“A Lei Aldir Blanc, fruto da mobiliza��o dos trabalhadores da cultura, criou condi��es para a continuidade da nossa produ��o. � uma conquista, enquanto o governo federal insiste em sucatear a cultura brasileira”, avalia Titane.

Com a pandemia, a associa��o tamb�m expandiu sua presen�a on-line. Apesar de manter canal no YouTube h� mais tempo, utilizava a plataforma apenas para quest�es internas. A partir de agora, a ideia � aliment�-la com a divulga��o da produ��o art�stica e intelectual que desenvolve.

Desde a cria��o de sua conta no Instagram, em maio, a Associa��o Campo das Vertentes tem divulgado os projetos desenvolvidos ao longo dos �ltimos anos. Segundo Titane, h� planos de promover cursos e oficinas virtuais.

“Como nossa associa��o surgiu a partir de uma experi�ncia de forma��o art�stica, temos vontade de compartilhar os m�todos desenvolvidos ao longo de todos esses anos. N�o s� compartilhar, mas adapt�-los para o on-line”, explica a cantora.

O primeiro dia da “Mostra Vertentes” ser� protagonizado por Bia Nogueira e K�tia Aracelle, que participaram do espet�culo “Madame Sat�”. Bia � cantora e gestora cultural, al�m de integrante do coletivo Imune. K�tia � atriz e atuou nos longas “Ar�bia” (2018), de Jo�o Dumans e Affonso Uchoa, e “Baixo Centro” (2018), de Ewerton Belico e Samuel Marotta, al�m do curta “Plano controle” (2018), de Juliana Antunes.

No v�deo, as duas apresentam m�sicas e textos do espet�culo “Dandara para todas as mulheres”, do Grupo dos Dez, companhia que nasceu na associa��o.

oficina “Eu e K�tia somos parceiras de cena h� muitos anos em espet�culos dirigidos pela Titane e pelo Jo�o das Neves”, conta Bia. A rela��o da cantora com a Associa��o Campo das Vertentes come�ou h� 16 anos, durante a oficina “A voz como express�o do corpo em movimento”.

 

Na �poca, Bia cursava geografia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e se inscreveu por conta de seu interesse no universo musical. Posteriormente, a cantora abandonou a gradua��o para cursar m�sica na mesma universidade.

“Se hoje sou artista, � por causa da Associa��o Campo das Vertentes. E era para ser. Cheguei atrasada para fazer a inscri��o na oficina, no �ltimo dia e no �ltimo hor�rio. Pedi pelo amor de Deus para me inscreverem. Toda a ementa da oficina era pensada para levantar o espet�culo 'Rosa dos ventos'. Foi uma experi�ncia muito impactante, porque a metodologia era muito espec�fica”, diz.

Apesar de n�o ser oficialmente associada por quest�es burocr�ticas, Bia sempre manteve rela��o muito pr�xima com a Campo das Vertentes. Tanto � que, antes da pandemia, ela frequentava a casa da Cachoeirinha periodicamente por conta de outros projetos.

“Est�vamos no meio do processo de montagem de um espet�culo, j� no processo de imers�o, criando cenas. Mas tivemos de parar tudo”, relembra. “Eu tamb�m estava produzindo o Festival Imune, que pela primeira vez contaria com um patroc�nio grande e aconteceria em S�o Paulo, no Rio de Janeiro e em BH, com a presen�a da Elza Soares e do Djonga.”

Voltado para a promo��o do protagonismo de artistas musicais negros, esse evento ganhou edi��o virtual e Bia foi eleita Profissional do Ano pelo Pr�mio SIM. Segundo ela, 2020 foi um ano intenso de trabalho, o que a levou a pisar no freio e rever a quantidade de projetos que estava desenvolvendo.

Um deles era o EP in�dito com singles lan�ados separadamente. Bia Nogueira chegou a lan�ar tr�s can��es desse trabalho –  “Ignom�nia”, “Retrovisor” e “Dandara” –, voltadas para o universo da eletr�nica, mas decidiu pausar os lan�amentos para retom�-los em momento mais oportuno.

“Antes da pandemia, tinha planos de morar entre BH e S�o Paulo. Agora, estou entre BH e Mario Campos, onde busquei uma cura emocional. Estamos vivendo um problema sanit�rio e pol�tico seri�ssimo, atingindo n�meros alt�ssimos de mortos por causa de uma pol�tica que n�o colocou a vida humana em primeiro lugar. Por outro lado, este momento possibilitou o movimento de me rever e tentar entender quais seriam os pr�ximos caminhos a serem trilhados”, avalia.

NOVO DISCO

Atualmente, ela est� gravando seu segundo �lbum de est�dio, sucessor de “Diversa” (2018), que deve refletir as mudan�as est�ticas presentes nos singles lan�ados ao longo de 2020.

“Estou gravando a voz, mas j� tenho muita coisa registrada. Fiz imers�o em Macacos e saiu um disco que tem muito a ver com o momento que estamos vivendo”, adianta.

Segundo Bia, o trabalho est� 80% pronto e ter� duas participa��es especiais que ainda ser�o gravadas. Ainda n�o h� previs�o de lan�amento.

. Com Bia Nogueira e K�tia Aracelle

. Com Irene Bertachini e

Rodrigo Jer�nimo

. Com Rubens Aredes, Jardel Rodrim e Michelle Ferreira

. Com Amorina, Larissa Horta e V�nia Silv�rio

Sempre �s 20h, no canal da Associa��o Campo das Vertentes no YouTube. Mais informa��es no Instagram (@campodasvertentes)