Dos tropeiros ao capeta do Vilarinho, livro conta a hist�ria de Venda Nova
Criado no S�o Jo�o Batista, historiador Bruno Viveiros Martins aborda a import�ncia do maior distrito de BH em novo volume da s�rie ''A cidade de cada um''
Bruno Viveiros Martins nas quadras do Vilarinho, espa�o esportivo que, com seus bailes, se tornou �cone da cultura de BH (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
J� fazem 17 anos que a cole��o “BH. A cidade de cada um” conta a hist�ria de bairros, lugares, fatos e personagens da capital mineira por meio de autores cujas trajet�rias pessoais se cruzam com os temas abordados. O 35º t�tulo n�o � diferente. “Venda Nova”, que ser� lan�ado neste s�bado (27/11) pela Conceito Editorial, com sess�o de aut�grafos na Livraria Ouvidor Savassi, � assinado pelo historiador Bruno Viveiros Martins, venda-novense t�pico, nascido e criado neste distrito de Belo Horizonte.
“Venda Nova � uma regi�o que engloba uma s�rie de bairros. Nasci no S�o Jo�o Batista, um dos mais antigos. Passei a inf�ncia ali, fiz o ensino fundamental e o m�dio nas escolas de l�. Ent�o, estou habituado com essa periferia que tem ruas de terra e muito verde. Depois que me casei, fui morar no Jardim Am�rica, na Regi�o Oeste de BH, mas a minha rela��o com Venda Nova nunca acabou, principalmente por conta da minha fam�lia”, conta o autor.
FUTEBOL DE BOT�O
Rua Padre Pedro Pinto, com seu com�rcio agitado, mant�m a tradi��o das vendas do s�culo 18, frequentadas por tropeiros (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Campe�o de futebol de bot�o da rua onde passou a inf�ncia e adolesc�ncia, Bruno cresceu ouvindo hist�rias sobre a regi�o. N�o abandonou essa curiosidade quando come�ou a cursar a faculdade de hist�ria. Entusiasta da maioria dos autores que participaram da cole��o “A cidade de cada um”, foi ele quem prop�s o livro sobre Venda Nova aos editores Jos� Eduardo Gon�alves e S�lvia Rubi�o, que aceitaram a empreitada.
“Desde a inf�ncia, escuto hist�rias sobre como o bairro foi um arraial importante para Minas Gerais, o quanto as vendas da regi�o s�o uma tradi��o local. Quando terminei o ensino m�dio, continuei pesquisando essas informa��es. Como acompanho a cole��o desde o in�cio, j� sabia a linha que gostaria de seguir antes mesmo de minha proposta ser aceita”, ele conta.
Bailes de Venda Nova: celeiro da m�sica funk criada em BH, que chama a aten��o do pa�s (foto: Auremar de Castro/EM/D.A Press/16/04/07)
A partir de relatos de personagens da regi�o, colhidos ao longo da pandemia por meio de entrevistas via telefone, Bruno Viveiros Martins conta a hist�ria de Venda Nova do Imp�rio � modernidade.
Com cerca de 250 mil habitantes, o local pertenceu a Sabar�, Santa Luzia e Ribeir�o das Neves, antes de ser anexado � capital mineira, em 1948.
Durante o Imp�rio, Venda Nova desempenhou importante papel pol�tico, comercial e religioso. Seu sucesso entre tropeiros e viajantes correu de boca em boca devido �s vendas que ali funcionavam – da� o nome da regi�o. Muitos desses com�rcios pertenciam a portugueses, oferecendo mantimentos, como arroz, feij�o e toucinho, e tamb�m produtos raros na �poca, como querosene e couro.
“Meu principal objetivo � entender como um arraial fundado no s�culo 18 passou a fazer parte da capital planejada e inaugurada no s�culo 19. Enquanto Venda Nova possui mais de 300 anos de hist�ria, Belo Horizonte tem pouco mais de 120 anos”, lembra.
PADRE
Toninho Black e o Baile da Saudade divulgaram a cultura black de Venda Nova para a periferia de BH (foto: Toninho Black/acervo)
Bruno recorre a figuras emblem�ticas da regi�o, como padre Pedro Pinto, o primeiro cidad�o a conseguir habilita��o para dirigir em Belo Horizonte, eloquente e caridoso orador. O livro tamb�m trata de refer�ncias contempor�neas, como o Baile da Saudade, que ajudou a fomentar a cultura black na capital mineira sob a influ�ncia de Toninho Black.
“O venda-novense mais famoso de que se tem not�cia � o Capeta do Vilarinho, lenda urbana que surgiu no final dos anos 1980, no auge dos bailes nas quadras do Vilarinho. Durante um concurso, esse capeta est� dan�ando e � ovacionado. Com a como��o da plateia, ele perde a concentra��o, deliza e o p�blico percebe que tem um par de chifres. At� hoje tem gente que faz sinal da cruz quando passa pela quadra”, Bruno conta.
Capeta do Vilarinho, personagem venda-novense, ganhou edi��o da revista de HQ de Lacarm�lio Alf�o de Ara�jo, o Celton (foto: Celton/Reprodu��o)
DEU NO NYT
O capeta chamou a aten��o do pa�s e rendeu not�cia at� no exterior, no jornal The New York Times. Embora seja um dos destaques do livro, Bruno garante que nele h� tamb�m hist�rias comprovadamente reais, o que comprova as diferentes facetas da regi�o.
“Falo dos armaz�ns, mercearias e mercadinhos que fazem parte da hist�ria de Venda Nova; do amor pelo esporte, a exemplo do futebol amador, do ciclismo e corridas de cavalo; da luta dos moradores por melhores condi��es de vida, como o acesso � educa��o p�blica a partir dos col�gios Santos Dumont e Geteco; da defesa das �reas verdes e espa�os de sociabilidade p�blica, como o Parque Serra Verde, o Centro Cultural Venda Nova e o Centro de Mem�ria Regional”, lista o historiador.
(foto: CONCEITO/REPRODU��O)
“BH. A CIDADE DE CADA UM: VENDA NOVA”
. De Bruno Viveiros Martins
. Conceito Editorial
. 168 p�ginas
. R$ 25
. Sess�o de aut�grafos com a presen�a do autor neste s�bado (27/11), a partir das 11h, na Livraria Ouvidor Savassi. Rua Fernandes Tourinho, 253, Savassi.