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BBB22: por que brasileiros s�o t�o fascinados por reality shows

Diversos estudiosos das �reas de comunica��o, marketing e psicologia j� se debru�aram sobre o g�nero televisivo em que pessoas comuns ou celebridades vivem seu dia a dia e enfrentam desafios espec�ficos.


19/01/2022 22:48 - atualizado 19/01/2022 22:48

Casa dos Artistas, exibido pelo SBT pela primeira vez em 2001
Casa dos Artistas, exibido pelo SBT pela primeira vez em 2001 (foto: Divulga��o)
A 22ª edi��o do Big Brother Brasil estreou nesta segunda-feira (17/01) com a maior audi�ncia da TV brasileira em 2022 e cerca de 5,6 milh�es de telespectadores por minuto apenas na cidade de S�o Paulo.

 

Antes mesmo da exibi��o do primeiro epis�dio, o programa j� havia mobilizado multid�es nas redes sociais, com discuss�es acaloradas sobre os participantes.

 

No ar pela TV Globo h� duas d�cadas, o programa passou por diversas altera��es para se manter vivo na grade e j� se tornou o reality mais longevo do pa�s. Seu sucesso � ineg�vel e mesmo quem n�o o assiste regularmente sabe quando est� no ar.

 

Na edi��o de 2021, o programa atingiu um alcance m�dio di�rio de 39,8 milh�es de pessoas e quebrou o recorde de maior participa��o de sua hist�ria, com 3,6 milh�es de votos por minuto.

 

A popularidade n�o foi suficiente para bater o recorde de audi�ncia da televis�o brasileira, que pertence � novela 'Selva de Pedra' de 1986, mas impressiona diante da enorme variedade de produtos de entretenimento dispon�veis hoje.

 

O atual sucesso do reality brasileiro se torna ainda mais impressionante quando comparado �s vers�es estrangeiras do mesmo programa. A �ltima edi��o do Big Brother Estados Unidos, por exemplo, teve como recorde uma audi�ncia de 3,33 milh�es de pessoas, enquanto a vers�o alem� terminou com uma m�dia de 890.000 telespectadores em 2020.

 

Mas afinal, por que os brasileiros s�o t�o fascinados pelo reality show?

Diversos estudiosos das �reas de comunica��o, marketing e psicologia j� se debru�aram sobre o g�nero televisivo em que pessoas comuns ou celebridades vivem seu dia a dia e enfrentam desafios espec�ficos.

 

Todos eles concordam que a principal explica��o por tr�s da atra��o despertada est� na identifica��o com os participantes.

'Gente como a gente'

Uma pesquisa desenvolvida pelo professor de Psicologia Jonathan Cohen, da Universidade de Haifa, em Israel, mostrou que os telespectadores dos reality shows desenvolvem grandes sentimentos de empatia pelos participantes e, muitas vezes, se reconhecem em suas escolhas e a��es.

 

O experimento entrevistou 183 pessoas sobre 12 reality shows diferentes, incluindo produ��es que contam com vers�es em diversos pa�ses, como Big Brother, MasterChef e Supernanny. Os resultados mostraram que quanto mais as pessoas gostam de um programa, maior � a identifica��o e a vontade de um dia fazer parte da atra��o.

 

"No passado, muitos assumiam que o interesse pelos reality shows estava ligado a uma esp�cie de voyeurismo, ou gosto por presenciar situa��es de humilha��o e dificuldade", diz Cohen.

 

"Mas pesquisas mais recentes mostram que os telespectadores se veem nas situa��es vividas pelos participantes, torcem por eles e compartilham o entusiasmo da competi��o".

 

Segundo Cohen, os realities por vezes levam vantagem sobre pe�as de fic��o justamente por se tratarem de obras da vida real. "O fasc�nio est� justamente no fato de serem pessoas reais, que correm riscos reais e sentem emo��es reais", diz. "� dif�cil assistir �s provas e desafios sem imaginar como nos sair�amos no lugar dos participantes".

 

"As pessoas tendem a se projetar naqueles participantes com quem mais se identificam", diz Mariana Munis, professora de Marketing e especialista em Comportamento do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas. "Justamente por isso, os competidores mais carism�ticos e honestos acabam se transformando quase que em fen�menos".

 

As �ltimas edi��es do Big Brother Brasil ainda adicionaram um elemento a mais ao jogo com a inclus�o de celebridades entre os "brothers". "Para os f�s daquele artista ou influencer � uma oportunidade �nica de ver seu �dolo em situa��es do dia a dia", avalia a especialista.

Heran�a brasileira

Entre os brasileiros, h� tamb�m um elemento de tradi��o que colabora para o sucesso dos reality shows. O primeiro programa do g�nero produzido e exibido no pa�s foi lan�ado pela MTV em 2000 e chamava-se 20 e Poucos Anos. A atra��o, que mostrava a vida efervescente de jovens no in�cio da vida adulta, durou tr�s temporadas.

 

No mesmo ano, a TV Globo lan�ou o programa No Limite, inspirado no americano Survivor. A emissora ainda adquiriu os direitos para produzir a vers�o brasileira do Big Brother, que deveria estrear como o primeiro reality de confinamento do Brasil. Poucos meses antes do lan�amento, por�m, o SBT saiu na frente com Casa dos Artistas.

 

Mas muito antes de qualquer rivalidade entre canais de televis�o, os brasileiros j� haviam sido fisgados pelo entretenimento que se baseia na imprevisibilidade e antecipa��o.

 

A paix�o pelos programas seriados, cujos cap�tulos s�o exibidos aos poucos, data dos folhetins. As hist�rias de fic��o e romance publicadas de forma parcial e sequenciada em jornais e revistas de todo o pa�s atingiram seu pico de popularidade no final do s�culo XIX e serviram de inspira��o para as r�dio e telenovelas.

 

"Os realities conservam um elemento que era central aos folhetins e que tamb�m foi herdado pelas novelas que � a imprevisibilidade", diz Elmo Francfort, pesquisador da televis�o brasileira e professor do curso de R�dio, TV e Internet da Universidade Anhembi Morumbi. "Os brasileiros foram fisgados pelos sentimentos de curiosidade e antecipa��o despertados por esse g�nero e adoram torcer pelos personagens, sejam eles fict�cios ou reais".

Feitos para encantar

Para al�m de qualquer fasc�nio ou tradi��o, as emissoras televisivas usam e abusam de t�cnicas de marketing para atrair telespectadores. A f�rmula do sucesso, baseada em boas narrativas, um elenco diversificado e muita propaganda, faz com que seja dif�cil resistir �s espiadinhas.

 

"Tudo que envolve o processo de produ��o de um reality show � pensado para satisfazer as necessidade e desejos do consumidor", diz a professora Mariana Munis. "As provas precisam ser emocionantes, os participantes devem ser pessoas muito diferentes entre si para causar conflito e at� mesmo o tempo de dura��o do programa � planejada para que haja uma hist�ria envolvente, com come�o, meio e fim".

 

Para as redes de televis�o, o formato tamb�m costuma ser uma aposta certeira e barata. "� mais barato produzir um reality do que uma novela, em que se gasta muito com atores, cen�rios e edi��o", diz Elmo Francfort, da Universidade Anhembi Morumbi. "Al�m disso, os programas costumam seguir a mesma f�rmula em todas as suas edi��es, garantindo uma previsibilidade de sucesso".

Relev�ncia social

E se no passado muitos realities eram considerados f�teis e perda de tempo, esses programas ganharam mais credibilidade ao discutirem temas de relev�ncia social. O Big Brother, em especial, movimentou grandes debates em suas �ltimas edi��es que alavancaram sua audi�ncia.

 

Por meio de atitudes controversas dos participantes, alguns deles acusados de machismo, racismo e xenofobia, as redes sociais foram inundadas de textos e v�deos que contribu�ram para manter a popula��o mais informada.

 

A pr�pria Globo percebeu a relev�ncia dessas discuss�es e passou a dar mais visibilidade a elas, ao passo que abandonou pr�ticas e quadros que sexualizavam algumas das participantes. "O p�blico passou a encarar o programa de forma diferente gra�as a esses debates. Ao mesmo tempo, telespectadores mais jovens e que n�o costumam assistir televis�o aberta foram atra�dos", avalia Francfort.

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