Destrui��o da S�ria pela guerra civil vira cen�rio para filmes
�reas devastadas do pa�s �rabe est�o sendo usadas para rodar produ��es como "Home operation", longa com Jackie Chan que reproduz a��o militar chinesa no I�men
Atores do longa protagonizado pelo astro do kung fu Jackie Chan filmam cena no distrito de Hajar al Aswad, pr�ximo de Damasco
(foto: Fotos: LOUAI BESHARA / AFP)
"Construir est�dios similares a esses locais custa muito caro, por isso s�o considerados est�dios de baixo custo"
Rawad Chahine, codiretor de "Home operation"
Hajar al Aswad, um bairro fantasma pr�ximo da capital da S�ria de onde os jihadistas foram desalojados em 2018, voltou � vida como cen�rio de um filme de a��o produzido pelo astro do kung fu Jackie Chan.
"Home operation", cujo roteiro apenas menciona um pa�s fict�cio chamado Poman, � inspirado na evacua��o realizada pela China, em 2015, de centenas de cidad�os chineses e estrangeiros de um I�men devastado pela guerra, a bordo de barcos da marinha chinesa.
Naquele momento, Pequim se jactou do sucesso da opera��o, destacando seu papel humanit�rio e sua crescente influ�ncia mundial.
O I�men, o pa�s mais pobre da pen�nsula ar�bica e ainda dilacerado pela guerra, � considerado perigoso demais e algumas cenas do longa-metragem, que � coproduzido pelos Emirados �rabes Unidos, s�o filmadas na S�ria.
Uma equipe heterog�nea de atores em traje tradicional iemenita, figurantes s�rios e membros da equipe chinesa de filmagem est�o no antigo reduto jihadista desde a quinta-feira passada (14/7), para uma grava��o que levar� v�rios dias.
Jackie Chan, por sua vez, n�o viajar� � S�ria para participar das filmagens, mas � o principal produtor desta superprodu��o, cuja sinopse enaltece o papel das autoridades chinesas em uma evacua��o heroica. O pr�prio diretor Yinxi Song confirma a inten��o laudat�ria do filme.
A equipe de "Home operation" na loca��o na S�ria, onde ser�o filmadas as cenas da hist�ria passadas no I�men, considerado perigoso demais para filmagens
CHUVA DE BALAS
"Colocamo-nos na pele dos diplomatas membros do Partido Comunista, que desafiaram uma chuva de balas em um pa�s devastado pela guerra e levaram todos os compatriotas chineses em uma embarca��o de guerra, s�os e salvos", afirmou a jornalistas, enquanto sua equipe se instalava em Hajar al Aswad, e os tanques tomavam posi��o para a grava��o.
O embaixador da China, um dos poucos pa�ses a manter boas rela��es diplom�ticas com o regime do presidente s�rio Bashar al Assad desde o in�cio da guerra civil no pa�s �rabe em 2011, esteve presente na inaugura��o do set de filmagem, em uma pequena cerim�nia realizada na quinta-feira.
Hajar al Aswad foi uma vez um sub�rbio densamente povoado ao Sul de Damasco, perto do acampamento de refugiados palestinos de Yarmuk.
As duas �reas foram palco de intensos combates durante a guerra e estavam controladas, ao menos parcialmente, pelo grupo jihadista Estado Isl�mico.
A reconquista de ambos os bairros por parte das for�as pr�-governo s�rio, em maio de 2018, consagrou o dom�nio do regime sobre toda a regi�o metropolitana de Damasco. Contudo, se��es inteiras de Hajar al Aswad foram completamente arrasadas, convertendo o local em uma selva de edif�cios cinzentos e sem alma.
Alguns moradores retornaram para �reas menos destru�das do bairro, deixando o restante completamente desabitado.
DEVASTA��O
"As �reas devastadas pela guerra se transformaram em est�dio. Essas �reas atraem os produtores de filmes", explicou o codiretor Rawad Chahine, que integra a equipe s�ria de filmagem.
"Construir est�dios similares a esses locais custa muito caro, por isso s�o considerados est�dios de baixo custo", acrescentou.
Desde 2011, a S�ria tem atra�do muitas produ��es estrangeiras, principalmente de R�ssia e Ir�, dois pa�ses aliados do regime s�rio. A equipe de filmagem de "Home Operation" far� grava��es em diversas partes do pa�s.
A S�ria, no entanto, permanece submetida a uma s�rie de san��es internacionais. Al�m disso, h� minas antipessoais espalhadas por todo o pa�s, que, segundo a ONU, � o mais afetado do mundo por esses artefatos explosivos.
Desde que o conflito s�rio teve in�cio em 2011, mais de 500 mil pessoas morreram e milh�es tiveram que deixar suas casas.