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Conhe�a a paraibana que tocou nas apresenta��es de Beyonc� e Billie Eilish no Oscar

Karoline Menezes, de 33 anos, se mudou para os EUA em 2009 e hoje vive em Los Angeles - foi a quarta vez que ela se apresentou na cerim�nia


01/04/2022 05:49 - atualizado 01/04/2022 12:42


Karoline Menezes
Foi a quarta vez que Karoline Menezes se apresentou na cerim�nia do Oscar (foto: Arquivo pessoal)

Ao se ver no palco no �ltimo domingo (27/03), Karoline Menezes n�o quis parecer surpresa ou em �xtase.

Era ela, na cerim�nia do Oscar, tocando viola para os melhores atores e atrizes do cinema. Finneas e Billie Eilish eram as estrelas no palco, assim como Beyonc� fora mais cedo, numa apresenta��o em que Karoline tamb�m marcou presen�a.

De olho na viola e lembrando da sequ�ncia da m�sica No Time to Die, vencedora na categoria Can��o Original, ela viu Nicole Kidman e Will Smith � frente. N�o que isso simbolize chegar ao topo, porque para m�sicos a vida sempre � incerta e a correria � di�ria, algo que Karoline pede que seja ressaltado, mas mostra uma boa progress�o em sua carreira.

Afinal, esta n�o foi a primeira vez que esteve na cerim�nia do Oscar. Foi a quarta. O ciclo se iniciou com The Weeknd, em 2016, e ganhou sequ�ncia com Eminem (2020), Celeste (2021) e agora com Beyonc� e Billie Eilish. A vida, claro, n�o � cheia de glamour como parece.

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Karoline, de 33 anos, se mudou para os Estados Unidos em 2009 e hoje vive em Los Angeles. Saiu do Nordeste, como faz quest�o de mencionar, de Jo�o Pessoa, na Para�ba, filha de pais que sa�ram do sert�o para tentar uma vida melhor.

"Tudo isso � inacredit�vel e inimagin�vel. Eu sempre quis tocar com a Beyonc�, por exemplo. � uma das maiores artistas da atualidade e muito respeitada aqui nos Estados Unidos, tanto que a chamam de "Queen B". Foi algo muito �pico, porque ela criou algo �nico, como sempre faz, e pude estar presente. Gravamos em est�dio e fizemos a performance ali, na quadra em que as Williams aprenderam. � preciso ter muita vis�o para fazer algo assim. Beyonc� � um s�mbolo. Com a Billie Eilish, eu fiquei nervosa porque era ao vivo, sem partitura, com frio na barriga. � um clima muito surreal", conta ela, por chamada de v�deo, � BBC Brasil.

https://www.instagram.com/tv/CbqRTXrFNvl/?utm_medium=copy_link

Sentir-se feliz com essas experi�ncias tamb�m � um contraponto da saudade que sente da fam�lia, que est� em Jo�o Pessoa. A cultura do Nordeste est� enraizada em Karoline apesar da dist�ncia, muito pelo exemplo de seus pais — Maria das Dores de Souza e Valdemir Menezes Tavares. Ela viajar� ao Brasil em breve e tem apresenta��es marcadas, mas antes pretende passar um tempo com a fam�lia.

"Meus pais sa�ram do sert�o da Para�ba para dar melhores condi��es aos filhos. Ser Nordestina simboliza mais do que ser brasileira, porque isso est� muito forte em mim. N�s temos que lutar muito, sempre, para conquistar coisas boas. � esse o esp�rito que trazemos, que minha fam�lia traz, que eu trago. Eu sempre sonhei em assistir aos festivais e, depois, em tocar neles, mas sempre havia uma dist�ncia muito grande para percorrer. Estou aqui pela luta dos meus pais que, gra�as a Deus, permitiu que muita coisa boa chegasse para nossa fam�lia", lembrou ela.


Brasileira Karoline Menezes
'Tudo isso � inacredit�vel e inimagin�vel', diz ela (foto: Arquivo pessoal)

Karoline se mudou para os Estados Unidos ao ganhar uma bolsa de estudos para bacharelado em m�sica, em 2009, na Azusa Pacific University, da Calif�rnia, por conta do violino. Ela se formou, mudou de instrumento principal (agora � a viola) e come�ou a trilhar a sua carreira internacional. Na Para�ba, ela j� havia tra�ado apresenta��es na Escola Estadual de M�sica Anthenor Navarro, na Orquestra Sinf�nica Jovem da Para�ba, na Camerata Parahyba e na Camerata Bras�lica.

'Deixei o ingl�s por falta de condi��es, mas aprendi com a m�sica'

Desde nova, por influ�ncia de seu pai, Karoline ouviu bastante The Eagles. Hotel California era m�sica obrigat�ria dentro de casa de tal maneira que ela, que diz 'tocar s� um pouco de viol�o', fez quest�o de aprend�-la para aben�oar os ouvidos do pr�prio pai, que sempre lhe pedia.

"A m�sica, na verdade, sempre foi essencial na minha vida. Eu fiz um tempo de ingl�s quando era mais nova, s� que tive de parar pela falta de recurso. Da�, resolvi imprimir todas aquelas m�sicas internacionais que gostava e passei a traduzir palavra por palavra, at� que as coisas fizessem sentido. Ganhei muito vocabul�rio desse jeito. The Eagles, Scorpions… J� me ajudaram bastante."

A l�ngua, entretanto, j� lhe fez cometer um engano, justamente antes de come�ar a ensaiar para sua primeira apresenta��o no Oscar, em 2016. Acompanhada de outros artistas, ela ainda n�o sabia quem seria o respons�vel por aquela apresenta��o, at� conversar com os colegas.

"Eles me disseram que ir�amos tocar para o The Weeknd. S� que eu n�o entendi, porque n�o conhecia muito do trabalho dele ainda. E a� eu respondi, na hora: "Eu sei que vamos tocar no fim de semana (em ingl�s, 'the weekend' significa 'fim de semana'), porque o Oscar � no domingo". E a� eles meio que olharam assim e disseram: "N�o, n�s vamos tocar para o The Weeknd", e a� eu entendi que estavam falando do cantor. Essas coisas acontecem", disse.

A performance com The Weeknd, lembra ela, foi a que mais abriu os caminhos e mudou a sua pr�pria mentalidade dentro daquele mundo do entretenimento.

O n�vel de exig�ncia e as necessidades seriam ainda maiores, com desafios dentro da pr�pria apresenta��o, j� que a coreografia tamb�m envolvia os m�sicos, que teriam de se mexer sem parar de tocar.

"Foi a apresenta��o que mais demandou de mim, para falar a verdade. No final da apresenta��o, eu estava na mesma reta que ele, e t�nhamos que nos levantar, andar de salto alto e continuar tocando. Foi bem dif�cil, mas abriu esse caminho. J� s�o algumas apresenta��es no Oscar e a gente nunca sabe quando vai ser ou se haver� uma pr�xima, por isso sou grata a cada um desses momentos."

Karoline tamb�m atua em s�ries e filmes, ajudando a produzir trilhas sonoras, um trabalho que pode falar menos, por conta dos contratos de sigilo.

'Nem tudo � glamour'

Pegar o curr�culo de Karoline e enumerar os artistas com quem j� se apresentou � um desafio grande, porque um deles pode ser esquecido.

Em resumo, para al�m dos citados no Oscar, podemos adicionar The Eagles, Adele, Elton John, Snopp Dogg, Queen Latifah, Mary J. Blige, Andrea Bocelli…

Mas nem tudo � glamour. Karoline frisa isso mais uma vez.

"� preciso lembrar que o Oscar s� acontece uma vez no ano", salienta.


A musicista Karoline Menezes
Karoline se mudou para os EUA em 2009, quando ganhou uma bolsa para estudar m�sica %u2014 na �poca, seu principal instrumento era o violino (foto: Arquivo pessoal)

Em uma entrevista para o podcast 'A Song Called Life', ela contou que a ansiedade e a correria da vida na m�sica eram grandes, a ponto de chegar perto de ter burnouts.

"� complicado porque sempre pensam que conquistas como essas s�o o topo do mundo, o �pice, que agora estamos ricos. � tudo regulamentado, valor padr�o. A realidade � muito diferente da percep��o de 'zerar a vida', j� que essa vida de m�sico ou no entretenimento nunca � est�vel. Somente 1% alcan�a o topo e esse ainda � um n�mero generoso. Aqui, tenho que correr atr�s de oportunidades, com muito trabalho, j� que a cultura dos EUA � meio workaholic."

A vida de imigrante, embora j� esteja h� muito tempo no pa�s, continua sendo um grande desafio. Al�m de viagens longas para ganhar valores que ajudam a fechar as contas, existe a rotina de apresenta��es, os treinos, a correria. Os desafios a correlacionam ainda mais com a cultura nordestina.

"Ainda hoje � dif�cil. � muito diferente de ser um artista de palco. Existe toda uma estrutura no background daquela apresenta��o, que � onde estamos. Infelizmente, a m�sica ou o entretenimento n�o � visto como necess�rio ou essencial, quando n�s sabemos que �. Ent�o, continuamos seguindo em frente, com muita vontade de vencer e agradecendo pelas oportunidades que estou tendo."

A vida n�o permitiu a Karoline que conseguisse tocar com a maioria dos artistas que sonhava quando era nova. Muitos deles j� faleceram e alguns pouco tempo antes que a brasileira fosse al�ada ao n�vel de hoje, em que poderia se apresentar com eles. Esse � o caso de Whitney Houston, um lamento que Karoline carrega consigo. Hoje, o objetivo � tocar com Lauryn Hill.

"Acho que ela � a pessoa que eu gostaria de tocar hoje. J� consegui me apresentar com alguns dos que sonhava quando mais nova, ent�o acabo lembrando desses que faleceram antes que eu tivesse a oportunidade. A Lauryn Hill � um nome que me empolga hoje em dia e espero conseguir."

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