Atriz Gabriela Luque segura prato em cena de bolo republicano

Atriz Gabriela Luque desenvolveu o espet�culo, que ter� sess�o �nica hoje, no Pal�cio das Artes, durante seu curso de mestrado em artes c�nicas

Felipe Temponi/Divulga��o

O mon�logo “Bolo republicano”, de Gabriela Luque, que estreia nesta sexta-feira (27/1) na programa��o da Campanha de Populariza��o do Teatro e da Dan�a, com sess�o �nica no Grande Teatro do Pal�cio das Artes, foi desenvolvido durante o mestrado da atriz em artes c�nicas. Ela define o trabalho, que tra�a um paralelo entres as vidas de uma av� e sua neta, como “autofic��o”. 

“G, que vive nos tempos atuais, encontra um caderno de receitas de sua av�, Z. L�, v� o tal ‘bolo republicano’. Interessada por aquilo, ela decide prepar�-lo. No entanto, conforme vai avan�ando no preparo, mem�rias de eventos ocorridos em sua vida e na pol�tica do Brasil a partir das Jornadas de Junho de 2013, de que ela participou, come�am vir � tona.”

A vida da garota, no entanto, s� vai se entrela�ar com a da av� ao relembrar a vota��o do processo de impeachment de Dilma Rousseff na C�mara dos Deputados, quando parlamentares dedicaram seus votos � fam�lia.

“Quando o ent�o deputado Jair Bolsonaro dedica seu voto � fam�lia e em seguida homenageia um torturador, G. pensa: ‘Que fam�lia � essa? N�o � a minha, porque tenho um tio que foi torturado na ditadura militar’’’, conta Gabriela. 

� a partir dessa observa��o da personagem que as hist�rias de G. e Z. v�o se cruzando. 

Diferentemente da neta, Z. vive em um estado autorit�rio. Ap�s o golpe de 1964, o marido de Z., que era pol�tico, ficou desempregado; a fam�lia passou por dificuldades financeiras e recebeu a not�cia de que o filho mais velho � acusado de ter participado de um ato terrorista.

“A pe�a fala de g�nero, de como as mulheres se colocam nessas duas �pocas diferentes. Enquanto uma � m�e de fam�lia, com seis filhos, a outra n�o tem nenhum filho, sofre um aborto e � estuprada por um conhecido”, afirma a atriz. “Ao mesmo tempo em que h� um espa�o de quase 60 anos entre a vida das duas, o contexto pol�tico e social do Brasil ainda � muito semelhante”, acrescenta.

Tendo apresentado “Bolo republicano” somente como conclus�o do mestrado, Gabriela n�o tinha pretens�o de estrear a pe�a para o grande p�blico. S� mudou de ideia quando constatou que, no teatro, pouco se fala sobre a ditadura militar.

“Ainda � um assunto delicado e espinhoso. No teatro, falou-se muito pouco. Temos mais registros cinematogr�ficos. E justamente por falar pouco que a gente est� onde est�, tendo esse desconforto diante do tema”, conclui.

Campanha supera expectativa

Havia certa apreens�o entre integrantes do Sindicato dos Produtores de Artes C�nicas de Minas Gerais (Sinparc), ao lan�ar a 48ª Campanha de Populariza��o do Teatro e da Dan�a, no �ltimo dia 5. “Se vendermos 50 mil ingressos, j� podemos considerar que a campanha foi um sucesso”, afirmou Dilson Mayron, coordenador-geral da Campanha, em entrevista ao Estado de Minas, dois dias depois do in�cio da promo��o.

Em 20 dias com espet�culos em cartaz, as expectativas de Mayron foram superadas. Na �ltima quarta-feira (25/1), o n�mero de bilhetes vendidos j� ultrapassava os 60 mil. “Pelo andar da carruagem, acredito que a gente consiga chegar a 80 mil at� o final”, avalia.

Em cartaz at� 12 de fevereiro, a edi��o deste ano conta com 112 atra��es, entre pe�as para adultos, crian�as, stand-up comedy, dan�a e musicais. 

Os espet�culos que j� foram apresentados at� agora tiveram sucesso de p�blico. Muitos, inclusive, abriram sess�o extra porque, mesmo depois de ter os ingressos esgotados, a demanda do p�blico continuava alta.

“� muito dif�cil que pe�as infantis tenham sess�es esgotadas. Mas, neste ano, conseguimos isso. Tivemos que abrir sess�o extra em mais de um espet�culo infantil. Ficamos enlouquecidos, no bom sentido”, conta Mayron, emendando uma longa gargalhada.

No riso, ele deixa evidente o al�vio com o sucesso da Campanha e a sensa��o de recompensa depois da frustra��o com os �ltimos anos. Afinal, em 2020 e 2021 o evento foi suspenso por causa da pandemia. 

No ano seguinte, teve seu retorno anunciado com programa��o reduzida. Contudo, um desacordo entre as normas sanit�rias no �mbito municipal e no federal para ingresso nas salas de espet�culos provocou uma crise de dif�cil solu��o para o Sinparc, prejudicando a temporada de diversos espet�culos e mantendo a Campanha num clima de incerteza e mudan�as constantes.

Este ano, sem imbr�glios com o poder p�blico, a Campanha chegou com programa��o mais ampla, comparada com a do ano passado. Mas, mesmo assim, sem pretens�es de atingir a quantidade de p�blico que costumava alcan�ar antes da pandemia. Dos 112 espet�culos, 40 far�o sua estreia no evento. 
 
Marcelo Ricco olha para o alto, de braços abertos, e segura fita métrica de marceneiro

Marcelo Ricco leva para o palco os apertos que passou durante a pandemia

Alyson Jardim/Divulgacao
 

Stand-up autobiogr�fico

Entre eles est� “Aceita que d�i menos”, de Marcelo Ricco, que ser� apresentado em sess�o �nica nesta sexta (27/1), no Sesc Palladium.

Transitando entre o tradicional formato do mon�logo e o stand-up comedy, o espet�culo aborda perrengues que Ricco enfrentou ao longo da vida e mais especificamente durante a pandemia, quando, impossibilitado de se apresentar em teatros e casas de shows, precisou procurar alternativas para ganhar seu sustento.

“Eu tive filho durante a pandemia. Ent�o me vi sem meios para sustentar minha fam�lia”, lembra o ator. Para n�o ficar sem trabalhar, ele se cadastrou como motorista de aplicativo. “A� voc� pode imaginar a quantidade de hist�rias que eu ouvi e que acabaram servindo de inspira��o para o meu show”, conta.

Al�m de trabalhar como motorista, Ricco tamb�m se dedicou � marcenaria, ao com�rcio e a consertos de aparelhos el�tricos. At� marido de aluguel ele foi, realizando servi�os de instala��o e manuten��o hidr�ulica e el�trica.

“Se todo mundo parar para analisar a pr�pria vida, garanto que a conclus�o de todos ser�: aceita que d�i menos. Porque, at� a gente chegar onde realmente deseja e alcan�ar aquilo que quer, tem que passar por experi�ncias das quais n�o gosta. E, se precisamos passar por isso, aceitar � melhor do que ficar reclamando e lamentando”, afirma.

No palco, Ricco procura fazer um stand-up com caracter�sticas do teatro tradicional. “N�s n�o perdemos a ess�ncia do teatro, mas nos demos a liberdade de nos relacionar com a plateia de forma um pouco mais din�mica, que � uma caracter�stica mais forte do stand-up. Assim, conseguimos passar a mensagem para o nosso p�blico e fazer com que ele receba essa mensagem de maneira mais r�pida”, diz. 

“BOLO REPUBLICANO”

Texto e performance: Gabriela Luque. Grande Teatro do Pal�cio das Artes. Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. (31) 3236-7400. Ingressos a R$ 20 (pre�o �nico), nos postos de venda do Sinparc (shoppings Cidade e P�tio Savassi) e no site da Campanha

“ACEITA QUE D�I MENOS”

Texto e performance: Marcelo Ricco. No Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. (31) 3270-8100. Nesta sexta (27/1), �s 20h30. Ingressos a R$ 20 (pre�o �nico), nos postos de venda do Sinparc (shoppings Cidade e P�tio Savassi) e no site da Campanha.

EM CARTAZ

Confira a programa��o deste fim de semana (27 a 29/1)

Pe�as infantis

“Tr�s Porquinhos – A cl�ssica hist�ria”, Teatro da Assembleia, sexta-feira, �s 16h30; s�bado e domingo, �s 15h e 16h30
“A Liga da Justi�a vs Coringa”, Teatro P�tio Savassi, s�bado e domingo, �s 16h
“A vaquinha Lel�”, Cineart do Shopping Cidade, s�bado e domingo, �s 11h
“As aventuras de Dom Quixote”, Teatro Francisco Nunes, s�bado e domingo, �s 16h30
“Chapeuzinho Vermelho”, Teatro Sesiminas, s�bado e domingo, �s 16h
“Jo�o e o p� de feij�o”, Teatro p�tio Savassi, sexta-feira, �s 16h30 (esgotado)
“Joj� e Palito em: As cigarras e as formigas”, Espa�o Cultural Luchini, s�bado, �s 17h; domingo, �s 11h
“Mogli, o menino lobo”, Teatro Mar�lia, s�bado e domingo, �s 16h
“O show das princesas”, Teatro Padre Machado, domingo, 16h
“Os 3 porquinhos – O cl�ssico”, Cine Theatro Brasil Vallourec, domingo, �s 16h
“Os saltimbancos”, Teatro Jos� Aparecido de Oliveira da Biblioteca P�blica Estadual, s�bado e domingo, �s 16h
“Os Vingadores”, Teatro P�tio Savassi, domingo, �s 17h15
“Rapunzel”, Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, domingo, 16h

Pe�as adultas

“A empregada quase perfeita”, Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, s�bado, 20h30
“A noite perfeita”, Teatro Esta��o BH, s�bado, �s 20h30; e domingo, �s 19h
“A obscena senhora H – Paix�o e obra de Hilda Hilst”, Teatro Jo�o Ceschiatti, no Pal�cio das Artes, sexta-feira e s�bado, �s 20h; domingo, �s 19h
“Aceita que d�i menos”, Sesc Palladium, sexta-feira, 20h30
“Acredite, um esp�rito baixou em mim”, Cine Theatro Brasil Vallourec, sexta-feira, 21h; s�bado, 18h e 21h; domingo, 19h
“Bolo republicano”, Grande Teatro do Pal�cio das Artes, sexta-feira, �s 20h
“Cabar� Lid�”, Galp�o de Ideias, sexta-feira e s�bado, �s 20h30; domingo, �s 19h30 
“Caf� com Jandira”, Teatro Sesiminas, sexta e s�bado, �s 20h30; domingo, �s 19h
“Como desencalhar depois dos 30”, Teatro Padre Machado, sexta e s�bado, �s 20h30 (esgotados); e domingo, �s 19h30
“Como se livrar das d�vidas em 12 hil�rias presta��es”, Teatro P�tio Savassi, sexta, �s 20h30; s�bado, �s 19h e 21h; e domingo, �s 19h
“Como vencer a burocracia sem ter um infarto”, Sala Juvenal Dias do Pal�cio das Artes, sexta e s�bado, 19h; domingo, 18h
“Cuidado pro meu pai n�o descobrir!”, Teatro Francisco Nunes, sexta e s�bado, �s 20h30; domingo, �s 19h
“Death Lay – Na vida tem jeito pra tudo”, CCBB, sexta a domingo, �s 19h
“Deus da carnificina”, Teatro Jos� Aparecido de Oliveira da Biblioteca P�blica Estadual, sexta e s�bado, �s 20h; domingo, �s 19h

Atriz conversa com ator segurando seu rosto em cena de E ainda assim se levantar

"E ainda assim se levantar" ficar� em cartaz no Teatro Mar�lia

Kika Antunes/Divulga��o
 
“E ainda assim se levantar”, Teatro Mar�lia, sexta e s�bado, �s 20h; domingo, �s 19h
“Elis - 40 anos de legado”, Teatro Padre Machado, sexta e s�bado, 20h30; e domingo, �s 19h
“Fam�lia p�o com ovo”, Teatro Nossa Senhora das Dores, sexta e s�bado, �s 20h, e domingo, �s 19h30
“Francisco de Assis – Do rio ao riso”, Cine Theatro Brasil Vallourec, sexta e s�bado, �s 21h
“Meu tio � tia”, Teatro do Col�gio Santo Agostinho, sexta e s�bado, �s 20h30; domingo, �s 19h30
“O belo indiferente”, Teatro Feluma, s�bado, �s 21h, e domingo, �s 20h
“�pera massacre”, Teatro Sesiminas, sexta, �s 20h; domingo, �s 19h
“Pequena cole��o de frases em tempos de fundos pensamentos”, CCBB, sexta a domingo, 20h
“Por caminhos de Br�s Cubas”, Funarte, sexta a domingo, 20h
“Rirvotril – Porque rir � melhor que rem�dio”, Teatro da Assembleia, sexta e s�bado, �s 20h (esgotadas); domingo, �s 19h
“Show Avoar”, Funarte, s�bado e domingo, �s 16h30

STAND-UP COMEDY

“Stand-up com Thiago Souza, Jos� Wallison e Everton Lima”, Cineart do Shopping Cidade, sexta-feira, 20h