
Berlim – Todo mundo ama blackberries. Blackberry � o nome em ingl�s para a frutinha silvestre que conhecemos no Brasil como amora. Todo mundo ama amoras. E � capaz que todo mundo ame “BlackBerry”, o filme, exibido no festival de Berlim.
Mas esse blackberry n�o tem nada a ver com amoras, e sim com o primeiro smartphone que se popularizou no planeta, aparelho que mudou a forma como as pessoas trabalhavam na d�cada de 2000.
Lan�ado inicialmente em 1999 apenas como uma esp�cie de pager – outro aparelho da �poca dos dinossauros –, que permitia que voc� conversasse com outro possuidor do aparelho via mensagens de texto, o BlackBerry mudou o mundo em 2002, quando conseguiu incorporar fax – l� vamos n�s de novo –, e-mails e, finalmente, o telefone m�vel, tudo cabendo na palma da m�o.
“BlackBerry”, dirigido por Matt Johnson, conta de forma bastante divertida a hist�ria da empresa canadense que lan�ou esses aparelhos, uma hist�ria real de ascens�o explosiva e queda brutal, adaptada do livro “Losing the signal: The untold story behind the extraordinary rise and spectacular fall of Blackberry” – ou “Perdendo o sinal, a hist�ria n�o contada por tr�s da extraordin�ria ascens�o e espetacular queda do BlackBerry” –, da rep�rter Jacquie McNish.
Apesar de engra�ado, o filme de Johnson n�o escapa a nenhum dos clich�s desse mundo. H� cita��es nerds para todo lado, h� o g�nio geek, h� o amigo doid�o, h� o local de trabalho com divers�o, h� o empres�rio implac�vel e tudo mais.
Talvez seja tudo verdade, mas � inescap�vel a sensa��o de estarmos assistindo a um longa de duas horas baseado na s�rie “Silicon Valley”, que mostra exatamente esses mesmos clich�s.
Falando em s�rie, o filme tamb�m remete a “The office” pela forma como � filmado e principalmente pelas piadas c�usticas de passar vergonha alheia.
Seja como for, as duas s�ries s�o de primeira linha, e “BlackBerry” n�o faz feio ao beber nessas fontes.

Temos aqui basicamente a hist�ria de Mike Lazaridis, papel de Jay Baruchel, um nerd gaguejante que manja tudo de eletr�nica e constr�i os aparelhos praticamente sozinho.
Seu amigo doid�o � Doug, interpretado pelo diretor Matt Johnson. O executivo que se une a eles para fazer o neg�cio prosperar � vivido por Glenn Howerton.
Uma das gra�as est� em ver aquela improv�vel empresa crescer e ir superando os obst�culos at� se tornar uma das mais valiosas do mundo.
Apple p�s fim � festa
Mas a gra�a mesmo acontece quando uma outra companhia lan�a um smartphone que, em vez de possuir in�meras e min�sculas teclas f�sicas para digitar, apresenta um aparelho no qual o teclado some e aparece na tela de vidro quando necess�rio.
Sim, estamos falando do lan�amento do iPhone pela Apple em 2007, que levou a companhia canadense a uma longa sangria, at� simplesmente desistir de produzir aparelhos em 2016.
Na Berlinale, Johnson contou que n�o planejava atuar no filme. Essa ideia chegou a ser recha�ada pelos parceiros, que n�o o viam no papel de Doug.
“Jay (Baruchel) disse que s� entraria na produ��o se eu atuasse com ele, ent�o tive que fazer”, afirmou. �tima chantagem, pois Johnson e Doug s�o um dos pontos altos de “BlackBerry”.