Cantora Rihanna segura o filho de nove meses tendo ao fundo berço e cama coberta por colcha vermelha

Rihanna revelou o rosto de seu primeiro filho ao mundo na edi��o da Vogue brit�nica que chega �s bancas hoje

Vogue/reprodu��o


“Uma das principais debutantes da semana � a Vogue, que ser� apresentada no pr�ximo s�bado.” Em dezembro de 1892, n�o havia outro assunto na alta sociedade de Nova York. Aquela apresenta��o n�o era propriamente de uma jovem da elite. Ao pre�o de 10 centavos, edi��o em preto e branco, debutante glamourosa na capa, a primeira edi��o da Vogue foi lan�ada no centro do poder da Era Dourada, o per�odo do boom econ�mico nos Estados Unidos p�s-Guerra Civil.
 
Cento e trinta anos mais tarde, a Vogue � muito mais do que uma revista. Marca mundial, fazedora de milh�es e l�der do mercado h� um s�culo, � a b�blia do mundo do estilo, da moda e dos muito ricos. “Nos bastidores da Vogue”, livro de Nina-Sophia Miralles (Record), acompanha boa parte dessa hist�ria.

Bom gosto, arrog�ncia e tirania

Publicada hoje em 25 pa�ses, est� presente no Brasil desde 1975, o primeiro pa�s latino-americano a ter a sua pr�pria edi��o. Para o livro, a autora, que nunca trabalhou na revista, mirou o foco nas tr�s edi��es mais importantes: a americana, a brit�nica e a francesa. Tal trajet�ria esbarra na “filosofia Vogue”: arrog�ncia, exclusividade, gosto impec�vel e editores tiranos com ideias fora do comum.
 
� uma trajet�ria sobre mulheres muito fortes – por�m, os homens exerceram papel indiscut�vel. A Vogue nasceu, inclusive, da cabe�a de um deles. Arthur Turnure (1856-1906) pertencia � elite nova-iorquina, aquela que s� gostava de dinheiro antigo – novos-ricos, como os Vanderbilt, Carnegie e Frick, eram malvistos na �poca. A Vogue surgiu para que a elite se reconhecesse nas p�ginas e os demais soubessem como ela vivia.
 
Nos anos iniciais, a revista tinha escala infinitamente menor – e quase quebrou na virada do s�culo 20. A primeira grande transforma��o se deu em 1909, quando foi comprada por Cond� Nast (1873-1942), um dos nomes mais importantes da comunica��o dos EUA. Pertenciam a ele dois �cones mundiais da imprensa, a Vanity Fair e a The New Yorker.
 
Nast transformou a Vogue em uma revista de papel brilhante e centrada no sexo feminino, projetada para atrair mulheres que pudessem pagar por artigos de luxo. Sua gest�o foi at� 1934 – as duas eras seguintes foram de Lord Camrose (dono da marca at� 1958) e da fam�lia Newhouse, h� 70 anos � frente da revista.
 
Hist�rias saborosas v�o al�m da fogueira das vaidades. Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, a Vogue francesa por pouco n�o caiu nas m�os dos nazistas durante a Ocupa��o da Fran�a. Michel de Brunhoff, ent�o � frente da edi��o daquele pa�s, chegou a se internar em um hospital com falsos sintomas para fugir do ass�dio dos alem�es, que tentaram at� suborn�-lo para poder administrar a publica��o.
 
Usando tiara de pedras na cabeça, Anna Wintour, editora da revista Vogue, olha para a câmera

Anna Wintour, a dama de ferro que comanda a Vogue h� 38 anos, depois de desbancar a respeitada Grace Mirabella

Angela Weiss/AFP
 

Negra na capa causou demiss�o

A substituta de Brunhoff na vers�o francesa, Edmonde Charles-Roux, chegou � revista em 1954. Ocupou o cargo de editora-chefe at� 1966 – foi demitida porque quis colocar na capa a modelo afro-americana Donyale Luna. A fam�lia New- house, temendo a fuga de anunciantes conservadores diante de uma negra na capa, a dispensou. Detalhe: a editora s� soube que havia perdido o cargo quando recebeu o sal�- rio. Havia um aviso de que aquele seria o �ltimo.

Outra todo-poderosa foi Diana Vreeland, que comandou a edi��o americana entre 1963 e 1971. Sob a administra��o dela, a publica��o cometeu um disparate (pelo menos aos olhos dos mortais): em 1966, encomendou uma sess�o de fotos no Jap�o, que custou US$ 1 milh�o � Vogue.
 
A equipe, a� inclu�do um lutador de sum� de mais de dois metros, passou cinco semanas nas montanhas japonesas para o editorial de 26 p�ginas. “A grande caravana de peles” � impens�vel hoje n�o s� pelos custos, mas tamb�m pela incorre��o pol�tica.
 
Meryl Street, de casaco dourado, mexe em arara de roupas e olha para trás em cena do filme O diabo veste Prada

Meryl Streep como Miranda Priestly, a temida editora inspirada em Anna Wintour, no filme "O diabo veste Prada"

20th Century Fox

Anna Wintour versus Grace Mirabella

N�o h� personagem mais presente nesta narrativa do que a g�lida Anna Wintour, a dama de ferro que est� h� 38 anos na Vogue. Mas ela n�o ingressou j� no topo. Brit�nica vivendo em Nova York, entrou para a Vogue como diretora criativa, cargo que a deixava abaixo de Grace Mirabella, a editora-chefe.
 
As duas bateram tanto de frente que, em 1985, a dire��o da Vogue enviou Wintour para administrar a edi��o brit�nica, o que ela fez a contragosto. Os dois anos em que esteve � frente daquela revista s�o chamados de “nuclear winter” (inverno nuclear), brincadeira com seu sobrenome e uma hipot�tica guerra nuclear.

O que o filme “O diabo veste Prada” (2006), fic��o inspirada em Wintour, mostra � fichinha diante dos bastidores que o livro apresenta.
 
O reinado de Wintour na Vogue americana teve in�cio em 1988. Sua antecessora, Grace Mirabella, com 17 anos de casa, descobriu pela televis�o que havia perdido o posto. Sem acreditar, Mirabella ligou para os donos da revista para tentar esclarecer a not�cia. Eles apenas confirmaram sua demiss�o.
 
Rihanna, o marido ASAP Rocky e o filho na capa da Vogue

Rihanna, o marido ASAP Rocky e o filho na capa da Vogue

Vogue/reprodu��o

Rihanna apresenta seu beb� ao mundo na capa da Vogue

A cantora Rihanna, capa da Vogue brit�nica de mar�o, surpreendeu o mundo ao posar para a revista com o filho – cujas imagens evitou divulgar at� agora – e o marido, o rapper ASAP Rocky.
 
Parte da entrevista e imagens da edi��o foram divulgadas previamente no site oficial da Vogue. A estrela americana comentou o nono m�s de vida do menino, a expectativa dos f�s para o lan�amento de um novo �lbum e sua apresenta��o no Super Bowl. A edi��o impressa chega �s bancas hoje.

Em rela��o � maternidade, a cantora se disse “aben�oada”, revelando que levou um tempo para processar o nascimento do primeiro herdeiro. “Essencialmente, de uma pessoa eu me tornei duas. Voc� entra no hospital como casal e sai como fam�lia de tr�s pessoas. Isso � uma loucura”, explicou.
 
“Esses primeiros dias s�o insanos. Voc� n�o dorme de forma alguma. Nem se voc� quises- se. Voltamos para casa, n�o tinha ningu�m. �ramos apenas n�s como pais e nosso beb�. Cara, voc� � um zumbi na maior parte do tempo.”
 
A gravidez do segundo filho, revelada durante o show no Super Bowl no �ltimo dia 12, n�o foi mencionada pela Vogue, mas Rihanna deu ind�cios de que aceitaria trazer mais uma crian�a ao mundo.
 
“Estou a fim de qualquer coisa. Meu desejo seria ter mais filhos. O que Deus quiser para mim, estou aqui”, declarou, de forma enigm�tica. “Estou aberta. Menina, menino. Qualquer que seja.”
 
Para encarar todas essas mudan�as, a parceria com o marido vem sendo fundamental. “N�s temos que estar na mesma p�gina, mas sempre tivemos isso no nosso relacionamento. Tudo muda quando voc� tem um filho, mas isso s� nos tornou mais pr�ximos”, garantiu.

Novo disco

Uma das maiores esperan�as dos f�s � o retorno da diva ao mercado fonogr�fico. Rihanna n�o lan�ou disco de in�ditas desde “Anti” (2016).
 
Recentemente, ela divulgou duas novas can��es, ambas para a trilha sonora do filme “Pantera Negra: Wakanda para sempre”. Com uma delas, “Lift me up”, a cantora disputa o Oscar 2023. Desde ent�o, n�o foram anunciados mais singles.
 
“Existe a press�o que coloco em mim mesma de que se (o novo �lbum) n�o for melhor do que aquele (“Anti”), ent�o n�o valer� a pena. Isso � t�xico”, explicou Rihanna � Vogue. “N�o � a maneira certa de olhar a m�sica, porque m�sica � ve�culo e espa�o de cria��o, voc� pode criar qualquer coisa.”
 
O mist�rio fica ainda maior sobre a possibilidade de novos lan�amentos, pois ela tem buscado algo “certo, perfeito e melhor” em rela��o ao trabalho anterior. “Tenho minhas ideias na minha cabe�a, mas ainda n�o posso revel�-las em voz alta”, completou. (Folhapress
 

Capa do livro Nos bastidores da Vogue traz foto de meio corpo de mulher vestido com roupa vermelha

Capa do livro Nos bastidores da Vogue traz foto de meio corpo de mulher vestido com roupa vermelha

Record/reprodu��o
“NOS BASTIDORES DA VOGUE”

. De Nina-Sophia Miralles
. Tradu��o: Cristina Cavalcanti
. Record
. 308 p�ginas
. R$ 94,90 (livro)
. R$ 34,90 (e-book)