Cena de 'Tudo em todo lugar ao mesmo tempo' em que Michelle Yeoh e chef correm pela rua; ela sentada nos ombros dele

Hist�ria sobre fam�lia de imigrantes chineses tentando ganhar a vida nos Estados Unidos tem elementos de drama, com�dia e fic��o cient�fica

Diamond Films/Divulga��o

Independentemente do resultado do Oscar, “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” j� fez hist�ria. O longa-metragem de Dan Kwan e Daniel Scheinert � o 25º filme que recebeu 11 indica��es nos 95 anos do pr�mio da Academia de Artes e Ci�ncias Cinematogr�ficas de Hollywood. Figura ao lado de cl�ssicos como “O poderoso chef�o – Parte 2”, “Gandhi”, “Amor, sublime amor”, “Chinatown”, “A cor p�rpura” e “Amadeus”.

Maior base de dados mundial do cinema, o Internet Movie Database (IMDb) elenca 336 vit�rias para o longa. Nesta listagem, h� pr�mios muito importantes, alguns deles term�metros para o Oscar, como o dos tr�s sindicatos (atores, produtores e diretores) formados por integrantes da ind�stria que tamb�m votam na premia��o da Academia. 

A escalada do filme come�ou h� um ano. Foi em 11 de mar�o de 2022 que “Tudo ao mesmo tempo” teve sua premi�re no South by Southwest, festival em Austin. O evento � um dos respons�veis por fazer do munic�pio uma das cidades mais liberais e art�sticas dos EUA, mesmo estando no conservador Texas.

O filme foi produzido por um est�dio independente, o A24. Nesta edi��o, ele soma 18 indica��es ao Oscar – a� computadas tamb�m as nomea��es de “Aftersun” e “A baleia”. “Moonlight: Sob a luz do luar”, eleito melhor filme em 2017, foi produzido pelo mesmo est�dio.

Mesmo que tenha � frente dois diretores jovens que n�o fazem parte do c�rculo de astros da ind�stria, o filme tem dois nomes bastante conhecidos dos f�s de blockbusters. Os irm�os Anthony e Joe Russo, da franquia “Vingadores”, s�o os produtores. 
 
Ke Huy Quan mostra o troféu que ganhou na categoria de melhor ator coadjuvante no Film Independent Spirit Awards, no último dia 4, em Santa Mônica

Ke Huy Quan mostra o trof�u que ganhou na categoria melhor ator coadjuvante no Film Independent Spirit Awards, no �ltimo dia 4, em Santa M�nica

Chris Delmas/AFP
 

Em cartaz

“Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” chegou ao Brasil em junho de 2022. Ficou 19 semanas em cartaz, um feito para uma produ��o sem grandes estrelas nesta �poca de vacas magras. Com o recorde de indica��es ao Oscar, voltou a ser exibido nas salas no in�cio de fevereiro. Continua em cartaz – em BH, somente no P�tio Savassi – mesmo que esteja dispon�vel para os assinantes da plataforma Prime Video.

Roteiro original escrito pelos Daniels, como a dupla de diretores costuma ser chamada, nasceu da vontade de “combinar os filmes de que gostamos: blockbusters e hist�rias comoventes. Mas n�o sab�amos se ia funcionar”, disse Kwan. Foi rodado em 38 dias com or�amento de US$ 25 milh�es. At� agora, sua bilheteria mundial j� alcan�ou os US$ 105 milh�es.
 

Na hist�ria, Michelle Yeoh � Evelyn, imigrante chinesa que foi tentar a vida nos EUA com o marido Waymond (Ke Huy Quan). No in�cio da narrativa, o casal administra uma lavanderia � beira do fracasso. O casamento tamb�m est� em vias de acabar. 

A vida em fam�lia enfrenta outra crise. Evelyn n�o aceita que a �nica filha, Joy (Stephanie Hsu), tenha uma namorada. Tenta esconder o relacionamento do pai, Gong Gong (James Hong), um chin�s tradicional que chega para comemorar o anivers�rio. Mas h� um problema mais urgente, com pend�ncias com a Receita Federal. Acreditando ter fracassado em tudo, Evelyn, com a ajuda de outra vers�o do pr�prio marido, vai parar em diferentes universos. 

Narrativa que dosa humor e drama de  maneira fren�tica e fora do padr�o hollywoodiano �, em ess�ncia, uma hist�ria sobre reden��o e segundas chances. Que deve se configurar em um dos primeiros pr�mios que ser�o distribu�dos nesta noite.
 
 

Entre os 11 Oscars a que concorre, a maior barbada � a de ator coadjuvante para Ke Huy Quan. O ator vietnamita-americano de 51 anos venceu todos os pr�mios relevantes que antecedem o Oscar, � exce��o do Bafta. E uma vit�ria para Quan neste domingo � o melhor exemplo de reden��o que Hollywood pode fazer.
Ator-mirim de dois blockbusters oitentistas, “Indiana Jones e o templo da perdi��o” (1984) e “Os Goonies” (1985), Quan, ao se tornar adulto, foi escanteado pela ind�stria. Sem pap�is, passou a trabalhar na equipe t�cnica de produ��es americanas e asi�ticas. 

A frase de Waymond em certa altura do filme vai ao encontro com o sentimento em torno da campanha de Quan neste Oscar. “Quando escolho ver o lado bom das coisas, n�o estou sendo ing�nuo. � estrat�gico e necess�rio. Foi assim que aprendi a sobreviver a tudo.”