A cantautora Lucina, que se diz "rainha da parceria", calcula ter2 mil in�ditas guardadas, metade delas com Luhli
Patr�cia Ferraz/divulga��o
“Um �lbum raro e especialmente recheado de significados”. Assim a cantora Z�lia Duncan define “Nave em movimento”, o novo disco de Lucina, que traz 11 faixas compostas por ela e sua parceira Luhli. Z�lia participa da faixa “Barra Leblon”.
O repert�rio re�ne in�ditas de Luhli e Lucina, duo muito atuante na cena independente da MPB entre as d�cadas de 1970 e 1990. A dupla comp�s para Ney Matogrosso, As Fren�ticas, Nana Caymmi, Tet� e Alzira Esp�ndola, Joyce, Rolando Boldrin e Wanderl�a, entre outros cantores.
“Queria muito fazer essa homenagem a Luhli, que se foi em 2018. Foi um grande desafio esse �lbum solo, mas o fiz sem qualquer pretens�o. Acho que consegui ter a nossa assinatura num disco que � meu”, orgulha-se Lucina.
“Fiz uma pequena audi��o com a Tet� Esp�ndola, e ela me disse: 'Mas a Luhli est� dentro de voc�'. Por conta da for�a emotiva e musical que nos uniu a vida inteira, ela est� aqui”, acredita a cantautora, de 72 anos.
Luhli e Lucina come�aram a trabalhar juntas nos anos 1970 e decidiram seguir carreiras solo em 1997
Facebook/Reprodu��o
'Queria muito fazer essa homenagem a Luhli, que se foi em 2018. Foi um grande desafio esse �lbum solo, mas o fiz sem qualquer pretens�o. Acho que consegui ter a nossa assinatura num disco que � meu'
Lucina, cantora e compositora
Ba� repleto de can��es
Lucina guarda cerca de 1 mil can��es in�ditas com a amiga, al�m de “quase 1 mil” compostas s� por ela. O disco “Nave em movimento” traz m�sicas da dupla criadas nas d�cadas de 1970, 1980 e 1990. “Tem at� de 2018, a �ltima que a gente fez juntas, diz.
O novo disco foi gravado em v�rios lugares. “Fiz a minha parte das bases em dois est�dios. Um deles, no alto da Mantiqueira, com o Ot�vio Ortega, que tocou piano e acordeom em v�rias faixas. O est�dio fica na casa dele. �s vezes, voc� tem de parar a grava��o porque um cachorro latiu, o carro passou l� na estrada... Fica bem no meio do mato, e a gente deixou a natureza entrar em algumas faixas”, comenta Lucina.
“Sente-se o passarinho no meio da m�sica. Para 'Tempo tapuia', que fala dos ind�genas, Ot�vio captou o som da mata ao entardecer. Uma coisa linda, n�o � efeito de est�dio”, comenta.
O outro est�dio, pertencente a Maur�cio Cajueiro, fica em Campinas (SP), onde a artista mora atualmente. “Com ele fiz o meu �lbum 'Canto de �rvore', lan�ado em 2017”, informa. “Os arranjos de 'Nave em movimento' s�o coletivos. Ali tem pessoas que tocaram comigo e outras com a Luhli. H� uma galera mais jovem e a turma mais veterana.”
Al�m de Z�lia Duncan, o �lbum traz Jo�ozinho Gomes e M�rio Avellar nas faixas “Misturada cabana” e “Na noite de um amanh�”, respectivamente. Lucina planeja fazer pequena tiragem de LPs. “Est� tudo muito bonito, e acho o vinil uma obra de arte. Quanto � divulga��o, vou come�ar com audi��es, porque n�o d� para juntar a turma toda. Ent�o, tenho de fazer uma coisa mais enxuta. Vai rolar show, com certeza.”
O novo disco de Lucina (voz e viol�o) � um verdadeiro mutir�o. Participam dele Murilo O'Reilly (percuss�o), Peri Pane (cello), Bruno Aguilar (baixo), Marcelo Caldi (acordeom), Marcelo Dworeck (baixo), Ney Marques (bandolim), Decio Gioielli (flauta e percuss�o), Ot�vio Ortega (acordeom e piano), Patr�cia Ferraz (efeitos percussivos), Gustavo Cabelo (guitarra), Julia Borges (voz), Elione Medeiros e Jess� Sadoc (fagotes), Curumin Tanaka (bateria), Maur�cio Cajueiro (guitarra), Z�lia Duncan (voz), Ney Marques (guitarra), Jaime Alem (viol�o) e Poeta Arruda.
Ney Matogrosso durante show com as amigas Luhli e Lucina, de quem gravou 11 m�sicas
Facebook/reprodu��o
FIM DA DUPLA N�O DESFEZ PARCERIA
Luhli morreu aos 73 anos, em decorr�ncia de uma pneumonia, em 2018. Cantora, compositora e multi-instrumentista, foi ela quem apresentou Ney Matogrosso aos m�sicos do Secos e Molhados. A carioca � coautora de “O vira” e “Fala”, sucessos da banda, em parceria com Jo�o Ricardo, integrante do grupo.
A cuiabana Lucina conheceu a carioca Luhli no Rio de Janeiro. “Em apenas um m�s de amizade, j� hav�amos composto mais de 20 m�sicas”, relembra.
A parceria virou oficial quando as duas participaram do Festival Internacional da Can��o, em 1972, com “Flor lil�s”, que ganhou arranjo de Z� Rodrix (1947-2009).
O primeiro disco da dupla, “Luli e Lucinha”, � de 1979. Uma delas assinava Lucinha e a outra ainda n�o havia adicionado a letra H a seu nome.
Em seguida, vieram “Amor de mulher – Yorimat�” (1982), “Timbres temperos” (1986), “Porque sim, porque n�o” (1992), “Elis e elas” (1995) e o �lbum comemorativo aos 25 anos de carreira, em 1996.
Quando a dupla se desfez, em 1997, seguiram carreiras solo, mas prosseguiram compondo. S� Ney Matogrosso gravou 11 can��es delas.
“Temos tamb�m o document�rio 'Yorimat�', que est� rodando no YouTube”, emenda Lucina. “Embora tenha composto muitas m�sicas sozinha, sou a rainha da parceria. Posso gravar, de boa, uns 10 trabalhos que est�o prontos com parceiros diversos.” S� com Z�lia Duncan, diz ter “umas 80”.
Lucina iniciou sua carreira 1967, como integrante do Grupo Manifesto, vencedor do Festival Internacional da Can��o daquele ano, com “Margarida”, de Guttemberg Guarabyra.
Essa m�sica ficou famosa n�o por vencer o festival, mas por derrotar “Travessia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, no FIC. O primeiro disco solo da cantautora cuiabana s� chegou em 1998.
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