Tatuagem nas costas de uma mulher

Tatuagem nas costas de uma mulher

PxFuel
Tatuagem � coisa de presidi�rio. A frase de teor pejorativo, usada por muito tempo para constranger quem decidia marcar o corpo com desenhos, pode ser levada ao p� da letra e at� exposta em centros culturais. Um conjunto de m�quinas de tatuar criadas por detentos do extinto pres�dio do Carandiru pode ser visto agora pelo p�blico no Farol Santander, em S�o Paulo, numa mostra que recupera a hist�ria da tatuagem no Brasil.

Na impossibilidade de terem acesso a m�quinas de tatuar vendidas no mercado, os presidi�rios constru�am seus aparelhos com motores de vitrola ou de barbeador acoplados a tubos de caneta esferogr�fica e a cordas de viol�o afiadas, que faziam as vezes das agulhas, de acordo com Polaco, um dos tatuadores mais antigos do pa�s, com est�dio h� 40 anos, e que ajudou a organizar a exposi��o. A tinta, ele acrescenta, era feita com raspas de sola de sapato misturada � urina dos detentos.

Estes objetos, parte da hist�ria da tatuagem no Brasil, comp�em o acervo de Polaco, que emprestou diversas pe�as e artes para a exposi��o, dentre as quais duas pinturas originais de Lucky, marinheiro considerado o primeiro tatuador do pa�s. O dinamarqu�s aportou em Santos em 1959 e montou na cidade um est�dio, onde marcava os corpos dos clientes com ilustra��es no estilo "old school", isto �, com drag�es, �guias, caravelas, �ncoras e pin ups desenhados em at� cinco cores.

Intitulada "Arte da Alma - Hist�ria da Tatuagem no Brasil", a mostra no Farol Santander tem car�ter did�tico e quer atingir todo tipo de p�blico, n�o s� quem gosta de tatuagem, diz Antonio Curti, o outro organizador. Nas paredes h� dezenas de desenhos e pinturas que representam os estilos mais populares de tatuagem, como tribal, oriental e geom�trico. As ilustra��es foram feitas por tatuadores brasileiros conhecidos pela qualidade de seu tra�o, como Gregorio Marangoni e Victor Montaguini.

Est�o tamb�m em exibi��o moldes de bra�os, pernas e torsos tatuados, para que o p�blico entenda como ficam os desenhos sobre o corpo. "A tatuagem n�o � uma arte contemplativa nem de experi�ncia. � uma arte que voc� escolhe para ter para o resto da sua vida no seu corpo", afirma Curti, justificando o fasc�nio que a tatuagem exerce. "As pessoas se conectam porque ela n�o est� na parede."

H� ainda um mostru�rio com diversos tipos de tebori, um instrumento de tatuar anal�gico, por assim dizer, dado que ele n�o depende de energia el�trica. Tratam-se de bast�es de madeira com agulhas na ponta, que s�o aplicadas sobre a pele como uma s�rie infinita de pontos, n�o tra�os, formando desenhos de est�tica �nica. Os teboris s�o muito associados ao estilo oriental, com motivos como carpas, ondas e flores tatuados em blocos.

De modo geral, a exposi��o � um testamento de como a tatuagem evoluiu no decorrer das d�cadas e passou a ser mais aceita socialmente. "Quando eu comecei n�s �ramos chamados de marginais, mas hoje a gente virou artista", diz Polaco, o tatuador.

 

ARTE DA ALMA - HIST�RIA DA TATUAGEM NO BRASIL

Quando: At� 12 de novembro; de ter�a a domingo, das 9h �s 20h

Onde: Farol Santander - rua Jo�o Br�cola, 24, S�o Paulo

Pre�o: R$ 35