Andrea Bocelli, em entrevista ao EM, fala sobre o poder curativo da m�sica

 

Aos 11 anos, a italiana Virginia, como qualquer garota, adora Taylor Swift. Mas o pop bem produzido da cantora fica em segundo plano quando a pr�pria Virginia tem que soltar a voz. Tinha apenas 8 quando registrou “Hallelujah”, m�sica mais gravada de Leonard Cohen, de versos profundos em que o pr�prio narrador, com a f� abalada, questiona Deus.

 

Virginia n�o estava sozinha em sua estreia. Tinha ao lado o pai, o tenor Andrea Bocelli, de 65. O registro de “Hallelujah” foi em dezembro de 2020, no Teatro Regio di Parma, sem plateia, como ditado pelo primeiro ano da pandemia. O v�deo, hoje com 28 milh�es de visualiza��es no YouTube, est� na rec�m-lan�ada edi��o de luxo de “A family Christmas”.

 

O �lbum dos Bocelli – Andrea, Virginia e Matteo, de 26, o filho n�mero dois dos tr�s do tenor – re�ne 22 can��es (nove a mais do que a vers�o de 2022). S�o can��es tradicionais com arranjos para as tr�s vozes. O single “Let it snow” (1945) � mais um dueto de pai e filha. Mas a can��o preferida de Virginia � outro standard natalino, “Silver bells” (1950).

 

Com “A family Christmas”, Virginia, de certa maneira, se juntou a Taylor Swift. Em 202, Bocelli assinou um acordo com a Universal Music, a maior gravadora do mundo (e a mesma da cantora), para maximizar seu potencial no streaming. O acordo inclui n�o s� novos �lbuns, mas projetos audiovisuais, licenciamento da m�sica para uso em TV, cinema, games etc.

 

Bocelli � uma marca. Maior tenor do mundo em atividade, j� vendeu 90 milh�es de discos e realizou grava��es e performances ao vivo antol�gicas. Termina 2023 com um �lbum natalino, mas ao longo do ano tamb�m lan�ou novas grava��es das �peras “Otello” e “A for�a do destino”, de Verdi.

Retorna ao Brasil em 2024, em sua sexta passagem pelo pa�s. A temporada come�a por Belo Horizonte. Treze anos depois de estrear na cidade – para uma noite gratuita para 90 mil pessoas, na Pra�a da Esta��o –, vai se apresentar em 17 de maio com orquestra, coral, convidados e ingressos cujos melhores setores atingem os quatro d�gitos.

 

Em entrevista ao Estado de Minas, Bocelli falou sobre cantar para as multid�es, o poder curativo da m�sica e os grandes momentos da carreira. Virginia chegou na parte final da videoconfer�ncia, quando a c�mera foi aberta e a garota, ao lado do pai, comentou que n�o sabe se vai seguir o caminho da m�sica.

 

O senhor canta em casas de �pera, teatros, est�dios e pra�as p�blicas. A emo��o � sempre a mesma?

Como s�o ambientes diferentes, as atmosferas s�o sempre diferentes. � claro que em um lugar menor, o relacionamento com o p�blico fica mais �ntimo. Quando estou em um est�dio, o que sempre me impressiona � a quantidade de gente que vai me ouvir. Mas no fim das contas, o que se quer � emocionar, n�o importa muito a maneira escolhida. O objetivo � alcan�ar o cora��o das pessoas.

Sua apresenta��o em 12 de abril de 2020 no Duomo, em Mil�o, foi o primeiro momento da pandemia em que a m�sica uniu todo o mundo. Qu�o impactante foi para o senhor?

Foi inesquec�vel, mas aquele dia n�o foi uma performance. Foi uma ora��o. A inten��o era que fosse uma ora��o pelo mundo, por todas as pessoas que sofriam n�o somente pela doen�a, mas tamb�m pelo medo. Temos que nos lembrar como as pessoas estavam assustadas e o medo nunca � um bom conselheiro. Achei que era importante escolher um lugar simb�lico, e a Catedral de Mil�o � este lugar. Como disse Santo Agostinho, quem canta reza duas vezes. Foi esta a minha inten��o ao enviar uma mensagem de esperan�a e otimismo naquele momento.

Acredita no poder de cura da m�sica?

Ela tem poderes terap�uticos e isso foi demonstrado pela ci�ncia. Por�m, temos que prestar uma aten��o especial sobre o uso da m�sica, para n�o abusarmos dela. A m�sica est� ao nosso redor: nos restaurantes quando comemos, nos carros quando dirigimos, nos hot�is, nos elevadores. Ouvimos m�sica em todos os lugares. E � assim que abusamos, pois ela se perde. A m�sica que faz bem � alma � a m�sica de qualidade. Temos que ouvi-la somente em determinados momentos, quando podemos dar a ela a aten��o que exige. � somente a� que podemos falar de m�sica de cura.

O senhor j� se apresentou para papas, chefes de na��o, grandes eventos mundiais. Qual foi a que mais o tocou?

Cantar em frente ao santo padre, nosso papa, para um cat�lico como eu, foi inesquec�vel. Houve ainda um momento de uma humanidade profunda. Cantei na casa do Muhammad Ali quando ele j� estava devastado pela doen�a (o pugilista, morto em 2016, lutou por 32 anos contra o Parkinson). Mesmo muito doente, seu corpo estava realmente em forma, ainda estava muito forte. H� outras mem�rias que considero muito importantes, como o concerto no Central Park (que resultou no �lbum “One night in Central Park”) e minha primeira vez no Metropolitan Opera House.

O que a �pera o ensinou sobre a vida?

A �pera, desde sempre, � a minha grande paix�o. Fiz enormes sacrif�cios para poder me dedicar a ela e cantar da forma que canto. Tive que estudar muito. ‘Desesperadamente’, como diria meu pai. Noites e noites desesperado estudando. Ela me ensinou a import�ncia da disciplina, de saber amar o que se faz. E ainda a ser grato pela vida, porque quando era jovem, ouvia �peras incr�veis, muito bem executadas. E lembro-me de como elas me deixavam felizes na �poca.

 

ANDREA BOCELLI EM BH

17 de maio, no Mineir�o. Ingressos: platinum: R$ 2.310 (meia) e R$ 2.541 (meia social); diamante: R$ 2.062,50 (meia) e R$ 2.269 (meia social); esmeralda: R$ 1.897,50 (meia) e R$ 2.088 (meia social); ouro: R$ 1 mil (meia) e R$ 1.100 (meia social); prata: R$ 250 (meia) e R$ 275 (meia social). Meia social � v�lida para todos (com parte da renda revertida para a organiza��o 

M�dicos Sem Fronteiras). � venda na loja Eventim, Shopping 5ª Avenida (sem taxa de conveni�ncia) 

e no eventim.com.br.

 

 

 

“A FAMILY CHRISTMAS”

De Andrea, Matteo e Virginia Bocelli

 22 faixas

Universal

 Dispon�vel nas plataformas digitais