
Marjorie Estiano interpreta mulheres determinadas em As boas maneiras, Entre irm�s e Sob press�o. A atriz curitibana, de 35 anos, � uma das revela��es de sua gera��o.
Marjorie Estiano est� em todas. Coestrela o longa Entre irm�s, ao lado de Nanda Costa, dirigido por Breno Silveira. Divide a cena com Isabel Zuaa em As boas maneiras, longa de Marco Dutra e Juliana Rojas. E tamb�m � �tima na s�rie Sob press�o, de Jorge Furtado e Andrucha Waddington, exibida recentemente pela Globo.
Todas as faces de Marjorie. A m�dica confrontada com a precariedade do sistema de sa�de (Sob press�o); a mulher tentando achar seu caminho no Nordeste dos anos 1930 (Entre irm�s); a mulher que enfrenta uma gravidez de risco (As boas maneiras).
“Isso representou muito trabalho pra mim, mas me sinto privilegiada por estar mostrando coisas t�o diferentes, tudo ao mesmo tempo”, conta a atriz curitibana, de 35 anos. Sob press�o, por exemplo, confronta o p�blico com a realidade em estado bruto. A s�rie se inspirou no longa dirigido por Andrucha Waddington, que estreou em 2016.
“O que me fascina � esse sentimento de urg�ncia. O filme j� era muito bem escrito, muito benfeito, e a s�rie n�o perdeu nada de sua for�a. � um assunto que apanha todo mundo, a sa�de. O horror do sistema de sa�de, tal como funciona no Brasil”, diz Marjorie.

As boas maneiras � terror – cinema de g�nero. A personagem est� gr�vida. Vai gerar... Olha o spoiler. Mas que beb� � esse? Marjorie tem cenas de sexo com Isabel Zuaa, que faz a bab�. O que foi mais dif�cil – a falsa barriga ou a intimidade sexual? “As pessoas sempre fantasiam muito as cenas de sexo, mas n�o tem nada menos er�tico, quando a gente faz, que o sexo no cinema. O filme � muito bom, porque eles (os cineastas Marco Dutra e Juliana Rojas) s�o �timos na cria��o de clima”, diz Marjorie.
ROMANCE Entre irm�s tem Emilia e Luzia, pap�is de Marjorie e Nanda Costa. O filme � uma adapta��o do romance de Frances de Pontes Peebles. Duas irm�s costureiras criadas no sert�o: uma mais rom�ntica (Emilia/ Marjorie), a outra mais realista, ou amarga (Luzia/Nanda).
Luzia sofreu um acidente, ficou com um defeito no bra�o. � chamada de Vitrola. Acha que o defeito a impedir� de conhecer o amor, de ser feliz. Por isso, quando o cangaceiro Carcar� lhe estende a m�o, ela n�o vacila. Vira cangaceira.
No agreste, o diretor Breno Silveira rodava Gonzaga – De pai pra filho, lan�ado em 2012. J� estava fisgado pela vontade de filmar o canga�o, mas o qu�? O livro de Frances forneceu-lhe o material. Duas irm�s, uma tentando achar seu caminho na cidade, a outra no canga�o. Um �pico – grande pela paisagem, pelos conflitos, pelo tamanho das cenas.

“Nunca havia feito um filme assim t�o grande, mas o Breno passa uma confian�a muito grande para a gente. Frances diz que, sem ser autobiogr�fico, o filme se inspira nas hist�rias das mulheres fortes de sua fam�lia. Pra mim, � isso. Um filme sobre a for�a das mulheres. H� 70 anos, e em condi��es adversas, Em�lia e Luzia j� estavam procurando seus caminhos”, diz Marjorie. “� uma honra fazer um filme com uma mulher protagonista da pr�pria hist�ria e ver que elas, as guerreiras, j� existiam antigamente, quando as condi��es eram muito mais dif�ceis. Em�lia e Luzia seguem as escolhas delas, que n�o s�o polu�das por impedimentos sociais para seguir aquilo que desejam ou acreditam. � a pr�pria ess�ncia do feminismo”, afirma Marjorie.
Em�lia sonha com um pr�ncipe encantado, pensa haver encontrado o seu em Degas, mas o marido termina por decepcion�-la. Luzia, sim, encontra seu pr�ncipe no canga�o – o rude Carcar�. “O filme reverte expectativas, estere�tipos. Neste momento em que se debate a cura gay, � impressionante como ele � atual, falando sobre personagens em situa��es ocorridas muitas d�cadas atr�s – feminismo, homossexualidade. Acho que � um choque para muita gente”, comenta Marjorie.
MULHERES Como ocorre em As boas maneiras, Marjorie tem cenas de sexo com uma mulher – Lindalva, a personagem de Let�cia Colin, algu�m � frente de seu tempo. A sertaneja Em�lia descobre o mar com Lindalva. Ficam nuas e entram oceano adentro.
Marjorie admite: “Foi minha primeira cena de nu, mas confesso que estava assustada por outra coisa. Nadar naquele mar... Ouvem-se tantas hist�rias de ataques de tubar�es. Estava morrendo de medo.” (Estad�o Conte�do)