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Estado de Minas

Rita Clemente vive mulher que perde os cinco sentidos em 'Amanda'

Atriz mineira retorna aos palcos com mon�logo que, de forma l�dica, reflexiva e tragic�mica, ressalta a import�ncia da mem�ria


20/07/2018 10:54 - atualizado 20/07/2018 11:08

Montagem estreou em BH em 2015 e já esteve em São Paulo e no Rio(foto: Bob Sousa/Divulgação)
Montagem estreou em BH em 2015 e j� esteve em S�o Paulo e no Rio (foto: Bob Sousa/Divulga��o)
A perda gradativa dos cinco sentidos seria, para muitos, um pren�ncio do fim da vida. N�o para Amanda, personagem da atriz, dramaturga e diretora mineira Rita Clemente, que retorna aos palcos em �nica apresenta��o nesta sexta (20), em BH. O texto � do carioca J� Bilac e foi encenado pela primeira vez em 2015, usando de sutileza e humor para contar uma triste hist�ria. Surda e na imin�ncia de perder paladar, olfato, tato e vis�o, a protagonista encontra na mem�ria a raz�o para continuar vivendo.

O espectador � convidado a uma reflex�o a partir da forma l�dica com que a premissa � desenvolvida. “Amanda � uma personagem que nos ensina sobre a perda dentro de uma fic��o que abarca desde g�neros do absurdo e do surrealismo, passando at� por elementos realistas. Essa fic��o, ilimitada, nos permite repensar o que � a perda, vivenciando-a e, ao mesmo tempo, com ligeira dist�ncia, justamente por ser uma fic��o”, define Rita Clemente, que assina a dire��o, em parceria com Diogo Liberano.

Ela ressalta a capacidade de o texto dispor passagens c�micas seguidas de outras extremamente dram�ticas. A partir da perda dos sentidos, Amanda precisa redirecionar seu cotidiano e tenta, de diversas formas, esconder a quest�o de todos ao seu redor. “O espet�culo conquista uma am�lgama entre humor e trag�dia e, sempre que isso acontece � um ganho para os artistas e espectadores, porque somos tocados em lugares mais humanos, em nossa totalidade”, observa a atriz.

Para ela, gra�a e desgra�a est�o imbricadas desde as trag�dias gregas. “Vemo-nos, muitas vezes, rindo das nossas pr�prias mazelas para sobreviver. N�o somos s� de um jeito. Nossos pensamentos n�o s�o acad�micos, mas ratificados a partir do sentir.” A sensibilidade, segundo a int�rprete, � marca do autor J� Bilac. “Ele � um rapaz de 30 e poucos anos que perpassa universos dos quais nem sequer faz parte – como o feminino – de uma maneira muito sens�vel. Amanda est� dentro de n�s, mulheres, e consegue ainda tocar os homens, falando de maneira ampla sobre o ser humano.”

ESCRITAS A mem�ria, que restar� a Amanda quando todos os sentidos se esva�rem, � um dos elementos centrais da montagem e foi acrescida ao texto por iniciativa da atriz. Parte da cria��o, afinal, vem da pr�pria Rita, cuja escrita � feita no palco e agrega outros aspectos de temas como o automatismo cotidiano, j� contemplado na dramaturgia original. “Nessa escrita de cena, acolhi novos elementos e, talvez, o mais pungente seja a ideia de que essa mulher s� sobrevive por conta da mem�ria. Uma mem�ria que, possivelmente, tamb�m j� entrou em decad�ncia, mas a mant�m criando rela��es em seu dia a dia”, explica.

Rita conta que, desde a primeira encena��o, diversos detalhes se aperfei�oaram, a exemplo de seu vocabul�rio c�nico, hoje mais claro e elaborado em termos de gestual e deslocamento. Al�m de integrar sua pesquisa sobre a rela��o entre musicalidade e encena��o, o espet�culo tamb�m se insere no trabalho de pesquisa desenvolvido por Rita Clemente em torno do di�logo subliminar estabelecido entre personagem e int�rprete.

“O jogo, em cena, est� em fun��o do ator e do personagem e de como eles se relacionam em um mon�logo. � como se eu pudesse conversar com Amanda e ela comigo, e n�s duas transitarmos entre fic��o e realidade de maneira a gerar perguntas no espectador.” Portanto, � como se Rita tamb�m estivesse em cena, lado a lado com a personagem que interpreta. “Sempre existem met�foras pessoais envolvidas na concep��o de um espet�culo. O texto me interessou muito e falou dentro de mim sobre as minhas perdas. N�o fa�o biografia no palco, nem falo necessariamente de mim – embora pare�a, em pequenos trechos, mas � tudo uma grande inven��o”, diz a atriz.

PLATEIA Quando estreou, h� tr�s anos, Amanda deu in�cio � s�rie Cria��es de Bolso, no Sesc Palladium. A trajet�ria da montagem inclui temporadas em S�o Paulo e no Rio de Janeiro, al�m de passagens por Campinas e S�o Jo�o del-Rei. “N�o � uma impossibilidade apresentar trabalhos j� estreados, feitos com certa profundidade e que busquem os espectadores. O p�blico n�o � inculto e h�, sim, um interesse por aquilo que n�o est� catalogado pela TV. Almejo cada vez mais o p�blico comum, levando a ele um trabalho de elabora��o que foge um pouco do realismo a que essas pessoas est�o acostumadas. Ainda assim, sinto que elas t�m uma rela��o de intimidade com o espet�culo”, afirma.

Ela defende que o teatro abra o leque para poder oferecer ao p�blico possibilidades de escolha. “Se ofere�o s� com�dia, ou s� aquilo que ganhou pr�mios, ou s� o que fala apenas �s minorias, n�o estou oferecendo nenhuma op��o. N�s, agentes de cultura, temos que restaurar a rela��o com o p�blico de forma democr�tica.”

AMANDA
Sexta-feira (20/7), �s 20h30. Grande Teatro do Sesc Palladium, Av. Augusto de Lima, 420, Centro. (31) 3270-8100. Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada ou antecipado, nos postos Sinparc ou pelo site www.vaaoteatromg.com.br)


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