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Estado de Minas

Fabr�cio Carpinejar apresenta 'stand up dram�tico' nesta quinta (4), em BH

Poeta perform�tico leva ao palco do Cine Theatro Brasil o seu mais recente livro, 'Cuide dos pais antes que seja tarde'. '� para chorar', promete o artista


04/10/2018 14:00 - atualizado 04/10/2018 14:31

Em livro e peça, Carpinejar busca desfazer preconceitos em relação aos velhos(foto: Cláudio Fonseca/Divulgação )
Em livro e pe�a, Carpinejar busca desfazer preconceitos em rela��o aos velhos (foto: Cl�udio Fonseca/Divulga��o )

"Passamos metade da vida fugindo dos pais e a outra metade tentando reencontr�-los. A encena��o de meu livro traz este apelo: reencontre-os, antes que seja tarde"

. Fabr�cio Carpinejar, escritor


Fabr�cio Carpinejar leva para o palco seu novo livro, Cuide dos pais antes que seja tarde (Bertrand Brasil). O pr�prio escritor conduz um espet�culo que prega a valoriza��o dos mais velhos, em especial aqueles respons�veis por nossa cria��o. O “stand up dram�tico”, como ele diz, chega nesta quinta-feira (4) ao Cine Theatro Brasil Vallourec, em BH. “� pra chorar! N�o levem len�os, levem len��is e, se poss�vel, o travesseiro de estima��o”, convida Carpinejar.

O autor define a palestra-show como interpreta��o das pausas, suspiros e arrebatamento das cr�nicas de seu livro. “Nessa comunica��o sangu�nea que � o teatro, tento desfazer os preconceitos em rela��o aos velhos. S� aceitamos velhos que s�o jovens, aventureiros, adolescentes. S� se aceita a velhice maquiada, n�o com suas c�licas, seus amigos mortos e sua solid�o”, observa Carpinejar.

Ele fala sobre a necessidade de, na velhice dos pais, o filho ser principalmente amigo, pois, com o avan�ar da idade, eles passam a perder entes queridos. “Ningu�m tem ideia de como meu pai e minha m�e precisam ter resili�ncia para ver os amigos indo embora e eles ficando. A tal ponto que j� n�o sabem o que � melhor: ir ou ficar. Imagine n�o ter os melhores amigos para telefonar, ir ao boteco, ter aquela cumplicidade e a telepatia do desafogo”, observa.

O livro nasceu justamente da conscientiza��o de Carpinejar de que era um filho relapso. “Adiava o telefonema para meus pais, sempre os deixava para depois. Com o pretexto de ganhar tempo, perdemos pessoas, enquanto dever�amos perder tempo para ganh�-las. Eles n�o eram prioridade na minha vida, eu s� buscava a minha felicidade pessoal. Por�m, quando queremos nossa felicidade, nem sempre nos damos conta de que, dentro dela, h� muito espa�o para receber a fam�lia”, pondera.

“Passamos metade da vida fugindo dos pais e a outra metade tentando reencontr�-los. A encena��o de meu livro traz este apelo: reencontre-os, antes que seja tarde. A saudade deve ser praticada agora. Praticar a saudade � dizer aos pais, por exemplo, sobre o que voc� se orgulha de ter aprendido com eles. Saudade do que n�o aconteceu � culpa. Voc� pode escolher entre ter saudade daquilo que foi realizado ou a culpa daquilo que n�o foi”, adverte.

MANIFESTO Perceber pais e m�es como indiv�duos � a maior li��o que Carpinejar busca transmitir. “Esse � um manifesto para que o filho saia da condi��o de eterno receptor e se torne tamb�m doador, que se inverta a perspectiva”, resume.

“N�o devemos ser filhos da nossa idealiza��o. Devemos perceber as tentativas. Ningu�m nasce sabendo ser pai ou m�e; � tentativa e erro. Se os pais n�o foram t�o bons, com certeza deram o melhor deles para isso. Se s� tinham aquilo para dar, era o poss�vel. N�o h� maior solid�o do que a maternidade ou a paternidade, pois � a solid�o sem recompensa. � o amor mais gratuito que existe”, defende.

Na rela��o com os mais velhos, h� uma s�rie de comportamentos que devem ser combatidos, adverte Carpinejar. “Lentid�o n�o � incompet�ncia. Repetir hist�rias n�o � mem�ria fraca. Pelo contr�rio, repetir � fortalecer a musculatura da mem�ria. � grifar. N�o grifamos livros? Tamb�m fazemos isso com a mem�ria, sublinhando recorda��es”, diz.

Segundo ele, livro e espet�culo podem servir como guia tanto para pais e filhos que convivem quanto para aqueles que j� enfrentaram a morte. “N�o d� para tratar a morte dos pais como fatalidade, maldi��o ou acidente. Ela deve ser planejada, como a gravidez. A morte n�o deve ser aceita como fim, pois ela n�o extingue o legado, a heran�a. Minhas melhores fotografias est�o impressas no meu pr�prio corpo. Quando sorrio, minha risada � igual � do meu pai. Quando fico confuso, meu rosto fica id�ntico ao da minha m�e”, diz.

Para o escritor, o espet�culo � oportuno. “Pais est�o vivendo mais e, por isso, ficando mais tempo em casa, necessitando de maiores cuidados. Os filhos tamb�m est�o saindo mais tarde de casa. O cruzamento desses fatores sociais refor�a o significado da apresenta��o de hoje”, avalia.

Carpinejar no colo da mãe, Maria Carpi, e ao lado do pai, Carlos Nejar(foto: acervo pessoal)
Carpinejar no colo da m�e, Maria Carpi, e ao lado do pai, Carlos Nejar (foto: acervo pessoal)
PROVIS�RIO Carpinejar � um poeta popular, que, incansavelmente, busca conquistar leitores. Vers�til, investe n�o apenas no palco, mas tamb�m na internet e na TV. “Sou escritor e poeta, n�o importa qual o suporte. Hoje, � importante assumir o provis�rio, o ef�mero, ser el�stico e ter voca��o para adapta��o. Nada � mais moderno do que se adaptar”, diz.

Carpinejar usa as limita��es a seu favor – mesmo quando uma plataforma exige, no m�ximo, 280 caracteres. Nas redes sociais, vemos poemas e reflex�es dele em guardanapos. “Em vez de escrever na folha tradicional, mostro que o descart�vel tamb�m � importante. Valorizar o pouco, a gl�ria da banalidade, � uma proposta para a vida toda”, afirma.

A maior parte das postagens de Carpinejar fala de rela��es amorosas, mas ele n�o se restringe a esse tema. A pol�tica, assunto que domina o ciberespa�o nessa v�spera de elei��es, tamb�m est� na pauta. Carpinejar garante que apesar de optar pelo subliminar, as frases sobre o atual cen�rio s�o bastante precisas. “Postei outro dia: ‘O amor vence o �dio e o preconceito’. H� como ser mais direto do que isso?”, comenta, �s gargalhadas.

 

Durante a entrevista ao EM, o autor fez uma pausa no almo�o com o pai, o poeta Carlos Nejar. Os dois, ali�s, fazem turn�s pelo pa�s com recitais de poesia. Orgulhoso, Carpinejar conta que a m�e, a poetisa Maria Carpi, concorre ao posto de patrona da Feira do Livro de Porto Alegre. “Tenho cultivado com mais const�ncia aquilo que deixava idealizado para um fim de semana, como fazer um caf�, convidar para um cinema... Dedico a eles meia hora do meu dia, que seja. Tenho imenso orgulho de ser filho dos dois”, diz.

 

CUIDE DOS PAIS ANTES QUE SEJA TARDE
Com Fabr�cio Carpinejar. Quinta-feira (4), �s 21h. Cine Theatro Brasil Vallourec. Pra�a Sete, Centro, (31) 3201-5211 e 3243-1964. Plateia 1A: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia-entrada). Plateia 1B: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada). Plateia 2: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada). Vendas pelo site eventim.com.br.


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