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Estado de Minas

Nos 80 anos do Superman, HQ revela os bastidores da cria��o do personagem

Celebrando os 80 anos da primeira publica��o do Superman, chega ao Brasil a biografia em quadrinhos do artista que criou um �cone da cultura pop


09/11/2018 08:15 - atualizado 09/11/2018 08:15
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(foto: Divulga��o DC Comics)
N�o � p�ssaro, tampouco avi�o: a cria��o do roteirista Jerry Siegel e do ilustrador Joe Shuster foi o prot�tipo do que hoje conhecemos como super-her�i. Celebrando os 80 anos da primeira publica��o do Superman na edi��o nº 1 da revista Action Comics, chega ao Brasil 'A Hist�ria de Joe Shuster: O Homem por Tr�s do Superman' (editora Aleph), biografia em quadrinhos do artista que criou um �cone da cultura pop, que conta com roteiro do autor alem�o Julian Voloj e ilustra��es do quadrinista italiano Thomas Campi.

"Sem Superman, n�o ter�amos todos os super-her�is que temos hoje. Tenho certeza disso", afirma Campi em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. "N�o � s� porque foi o primeiro super-her�i, mas porque era o in�cio da ind�stria de quadrinhos na Am�rica. Se n�o fosse por esse personagem, creio que esse tipo de hist�ria n�o existiria hoje", acrescenta o ilustrador.

A ideia original do roteiro de Voloj era contar a cria��o do Superman pelo ponto de vista tanto de Siegel quanto de Shuster, mas ele teve acesso �s correspond�ncia do artista no acervo da Columbia University e ficou fascinado com sua hist�ria. "Essas cartas falavam sobre sua situa��o de pobreza, o que me fez decidir torn�-lo o narrador dessa hist�ria. Normalmente voc� n�o escuta falar de Joe Shuster, porque Jerry Siegel era a for�a motriz da dupla. Mas foi Joe quem realmente criou o imagin�rio do super-her�i", conta o roteirista.

Campi utiliza um estilo quase aquarelado que lembra pinturas de Edward Hopper para contar a hist�ria. Ao mostrar tirinhas antigas durante a graphic novel, o ilustrador reproduz o tra�o de quadrinistas cl�ssicos como Winsor McCay, Will Eisner e do pr�prio Shuster com perfei��o.
Filho de imigrantes judeus - sua m�e, cansada dos pogroms (persegui��o deliberada de um grupo �tnico ou religioso) na R�ssia, foi para a Am�rica tentar a vida com o marido, que ela conheceu na Holanda -, Shuster passava os dias de inf�ncia no cinema em que seu tio trabalhava como projecionista, o que o fez ser cin�filo desde crian�a.

Na �poca, lia quadrinhos cl�ssicos como Os Sobrinhos do Capit�o, Boob McNutt e Little Nemo. Joe compartilhava com o amigo de inf�ncia e colega de escola Jerry Siegel as paix�es por cultura pop, literatura pulp e filmes. N�o por acaso, uma de suas maiores influ�ncias visuais era Frank Paul, ilustrador das capas da revista Amazing Stories, do lend�rio editor Hugo Gernsback - que apresentou ao mundo autores como Isaac Asimov, Robert Heinlein e Arthur C. Clarke e hoje d� nome ao mais prestigiado pr�mio da fic��o cient�fica.

A ideia original de um personagem que usava seus poderes sobre-humanos para combater o crime foi concebida por Siegel aos 19 anos, em 1933. No entanto, A Hist�ria de Joe Shuster mostra que o caminho at� a publica��o, cinco anos mais tarde, foi bastante tortuoso.


O ilustrador Joe Shuster e o roteirista Jerry Siegel eram ainda muito jovens quando come�aram a receber as primeiras respostas negativas das editoras a respeito do Superman, como retrata a graphic novel A Hist�ria de Joe Shuster, de Julian Voloj e Thomas Campi. A inexperi�ncia dos rapazes aliada ao anseio de ver sua cria��o publicada fez os dois venderem os direitos do personagem por meros 130 d�lares, em 1938 - em 2012, num leil�o realizado pelo site ComicConnect, o cheque que eles receberam da editora foi arrematado por 160 mil d�lares.

O resto � hist�ria: 130 mil exemplares da primeira Action Comics vendidos e, at� o final de 1939, 60 jornais publicavam tiras di�rias ou dominicais do her�i. At� ent�o, as tirinhas de aventura se passavam em outros planetas, selvas afastadas ou �pocas futuristas, deixando o ambiente realista para hist�rias detetivescas. O �xito do Superman foi justamente levar tem�ticas irreais para o cen�rio urbano. A graphic novel mostra, por�m, como Shuster e Siegel se arrependeram do contrato firmado com sua editora. Quando foram demitidos, amargaram a pobreza e tiveram de travar uma batalha judicial para serem creditados por sua cria��o.

Tanto Campi quanto Voloj admitem n�o serem leitores ass�duos de super-her�is. "Estou interessado em hist�rias sobre pessoas normais", diz o ilustrador. "� por isso que eu quis tanto contar a vida de Joe Shuster e Jerry Siegel, pois � sobre amizade, paix�o pela arte, gan�ncia, sonhos", completa Campi.

As origens judaicas do Superman, como as compara��es com o mito de Mois�s e a ideia de um imigrante na Terra, n�o s�o muito exploradas na HQ. "Essas interpreta��es s�o v�lidas, mas foram posteriores", explica Voloj. "Mesmo sabendo que Siegel e Shuster vinham de fam�lias de imigrantes judeus, esse tra�o n�o me parece ser uma motiva��o consciente na concep��o do Superman. Ele � mais uma encarna��o da Am�rica do que um her�i judeu."

Relev�ncia

Ivan Freitas, curador da exposi��o Quadrinhos - em cartaz no Museu da Imagem e do Som a partir de 14 de novembro -, comenta a import�ncia do personagem para a hist�ria dessa m�dia: "A Action Comics n�mero 1 foi um ponto de virada porque introduziu uma s�rie de elementos que acabaram virando a base da ind�stria de quadrinhos e da forma como os super-her�is s�o representados. O collant, a cueca por cima da cal�a, o s�mbolo no peito, a capa eram uma repagina��o de uma s�rie de coisas que j� existiam e culminaram naquela forma que eles criaram e que virou padr�o".

O Superman lutou contra os nazistas antes mesmo dos EUA entrarem na 2ª Guerra - em uma tirinha de 27 de fevereiro de 1940, antecipando a ic�nica capa da Marvel com o Capit�o Am�rica desferindo um soco no rosto de Hitler no ano seguinte. Mas Ivan Freitas acredita que o personagem n�o conseguiu manter, ao longo das d�cadas, a mesma relev�ncia. "O mundo � mais c�nico, ele talvez seja bonzinho demais para os dias de hoje. Mas foi fundamental."

J� Ivan Reis, o atual ilustrador do Superman na DC Comics, discorda: "Ele nunca foi t�o relevante quanto neste momento. O mundo � muito c�clico e est� voltando a ser preto e branco, est� se polarizando novamente. Ter uma figura como o Superman para representar uma ideia de justi�a � fundamental nos dias de hoje". Para Reis, o her�i se tornou muito mais do que um mero personagem. "� um s�mbolo. N�o importa quem o carregue. Em um mundo onde todo mundo precisa de representa��o, n�o h� uma figura �nica que represente todos. O foco hoje do Superman � representar todos, e ele s� consegue isso por ter virado a ideia do que � certo, da compaix�o."

Em 'A Hist�ria de Joe Shuster', Voloj e Campi mostram tamb�m como os criadores do her�i foram privados do reconhecimento que mereciam por sua cria��o - Shuster chegou a dormir na rua ap�s perder o emprego como ilustrador. Foi apenas �s v�speras do lan�amento do filme do personagem, j� nos anos 1970, que a situa��o financeira de Shuster e Siegel se tornou p�blica e a Warner Bros. decidiu pagar uma pens�o vital�cia aos criadores. Como em uma boa hist�ria do Superman, triunfaram a verdade e a justi�a.

A HIST�RIA DE JOE SHUSTER
Autores: Julian Voloj e Thomas Campi
Tradu��o:Marcia Men
Editora: Aleph (192 p�gs., R$ 59,90)


As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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