'Retratistas do morro' resgata cap�tulo importante da mem�ria de BH

Com oito fotos in�ditas e novo formato de exposi��o, a mostra Retratistas do morro volta ao cartaz em BH, agora no espa�o C�meraSete, no Centro. “A inten��o � ampliar o entendimento da nossa hist�ria”, afirma o curador Guilherme Cunha. A exposi��o re�ne 47 imagens feitas por Afonso Pimenta e Jo�o Mendes no Aglomerado da Serra, Regi�o Centro-sul de BH.

Desde a d�cada de 1970, os dois fot�grafos, moradores do Aglomerado, se dedicam ao registro do cotidiano de sua comunidade. “S�o mem�rias coletivas, imagens que antes n�o eram reconhecidas nem preservadas”, explica o curador.

Organizadas de modo a familizarizar o p�blico com aquele contexto, as imagens foram distribu�das em dois andares. No primeiro est�o 14 retratos tr�s por quatro feitos por Jo�o, de 1975 a 1979, mostrando crian�as do Aglomerado. No segundo pavimento, h� um globo espelhado girat�rio e 33 fotos em grande escala dos bailes soul realizados na Serra a partir de 1980, momento emblem�tico da cultura negra na capital.

Jo�o Mendes, de 69 anos, iniciou sua trajet�ria aos 15. Em 1973, tornou-se um dos primeiros fot�grafos profissionais do Aglomerado da Serra. Naquela �poca, fotos eram consideradas artigo de luxo, e Jo�o se dedicava ao registro, �s vezes gratuito, de batizados, formaturas infantis, casamentos e anivers�rios.

A mostra traz uma das primeiras imagens que ele fez do pai, Raimundo In�cio da Silva, o Seu Mundinho, e da m�e, In�s Mendes da Silva. Os registros s�o de 1968. “Filho adotivo de cora��o” de dona In�s, Afonso Pimenta, de 66, aprendeu a fotografar trabalhando com Jo�o. Ele registrou bastidores do movimento black e de bailes soul da Serra, com seus dan�arinos e concursos de dublagem.

“As pessoas que constru�ram a hist�ria agora est�o contando essa hist�ria”, refor�a o curador Guilherme Cunha. Retratistas do morro surgiu h� cinco anos, durante a produ��o do projeto Mem�rias da Vila, voltado para o resgate da hist�ria do Aglomerado da Serra, por meio de entrevistas.

Numa dessas conversas, uma moradora revelou a Cunha que seu maior tesouro eram fotos antigas que guardara. “Foi como se tivesse se aberto uma fenda na hist�ria”, comenta o curador. Todas as imagens foram restauradas pela equipe do projeto.

“O restauro � um processo lento. Acho importante trazer � tona esse trabalho laboratorial, conectando o grupo retratado nas imagens com o restante da popula��o”, conclui Guilherme Cunha