
A carta endere�ada a Macarr�o � de novembro e tem um trecho riscado. Segundo o advogado Rui Pimenta, as frases ileg�veis dizem que Macarr�o tinha obriga��o de assumir o crime. “Ainda n�o particip�vamos da defesa do Bruno e, mesmo se o Macarr�o assumisse a morte da Eliza para o Bruno voltar a trabalhar, ele j� foi pronunciado e s� vai ganhar a liberdade se o j�ri popular quiser. Mas o trecho riscado, em que em Bruno chama o Macarr�o de irm�o, de tigr�o, diz algo do tipo: voc� n�o faz mais do que sua obriga��o de assumir sozinho porque voc� me traiu sumindo com a Eliza”, afirma Pimenta.
O advogado Francisco Simim, que integra a defesa do atleta, tamb�m foi ao pres�dio. “A carta � real, mas foi mal interpretada porque o intuito era avisar ao Macarr�o que os dois n�o seriam mais amigos se ele tivesse envolvimento no crime”, disse.
Pimenta ainda levantou suspeita sobre a motiva��o do assassinato da modelo e a paternidade do filho de Eliza. “Houve um conluio sexual e os dois tiveram rela��es com Eliza. Houve ainda um desrregramento sexual. Eles eram muito amigos, entre aspas, e tem coisas que a gente n�o precisa falar, para n�o ficar t�o escrachado. Os dois fizeram programas com a Eliza e a homossexualidade est� em participar deste mesmo ato, o que pode ter ocorrido outras vezes. Pode ser que Macarr�o tenha se apaixonado por ela e, como n�o foi correspondido, matou por ci�mes.” Segundo o advogado, essa rela��o traz indefini��o � paternidade. “Foi um caldeir�o em que um introduziu no outro. Eliza saiu com Bruno no dia 11 e dia 22 j� estava com outro. De quem � o filho, ent�o?”.
Estrat�gia
Para o assistente de acusa��o no processo de desaparecimento e morte de Eliza Samudio, o advogado Jos� Arteiro Cavalcante Lima, dizer que Bruno e Macarr�o mantiveram relacionamento amoroso � querer fazer a sociedade de idiota. “Est�o querendo fazer crer que os dois se relacionavam desde crian�a e que continuaram fazendo sexo depois de adultos. Isso � hist�ria para boi dormir”, disse. Para ele, a tatuagem nas costas de Macarr�o declarando amor a Bruno n�o foi nada mais do que uma homenagem ao amigo.
A carta, segundo Arteiro, j� existe h� quase um ano e foi plantada pela defesa do goleiro. “Bruno quer sair fora da pris�o e trabalhar. Quem transou com a Eliza foi ele, quem bateu nela no Rio foi ele e Macarr�o, tanto � que eles foram condenados por isso. Bruno soltou essa carta para se livrar da acusa��o”, explicou.
O advogado de Macarr�o n�o quis comentar o teor da carta, mas lembrou que esta n�o � a primeira vez em que se p�s em d�vida a op��o sexual dele. “Vamos discutir somente o que est� nos autos e a carta n�o integra o processo. H� uns meses esse assunto foi objeto de nota e informamos que s�o vers�es falaciosas. Luiz Henrique n�o � homossexual e jamais houve rela��es sexuais entre eles. Trata-se de um absurdo. Tamb�m n�o h� nenhuma possibilidade de ele assumir nada sozinho para preservar a amizade”, disse Leonardo Diniz.
processo O Minist�rio P�blico informou que o novo promotor do caso � Henri Wagner Vasconcelos de Castro, que assumiu a 14ª promotoria do Tribunal do J�ri de Contagem h� uma semana e ainda estuda o processo, que est� no Tribunal de Justi�a desde agosto, para julgamento de recursos. Sobre a inclus�o da carta nos autos ou cobran�a de investiga��es sobre o policial aposentado Jos� Lauriano de Assis Filho, o Zez�, que apresentou Bruno e Macarr�o ao ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, o MP informou que o promotor s� vai se pronunciar depois que receber o processo de volta.
De acordo com o ex-chefe do Departamento de Investiga��es, delegado Edson Moreira, Bola se encontrou com Zez� duas vezes no dia do crime. Em depoimento, o suspeito afirmou que Bola pediu R$ 50 naquela noite. Para o delegado, o policial aposentado pode ter participado ao menos da oculta��o do cad�ver, mas a Pol�cia Civil n�o conseguiu provas. Segundo o delegado, Zez� e Macarr�o conversaram 23 vezes por telefone em seis horas no dia em que Eliza e o beb� foram trazidos do Rio de Janeiro, em 4 de junho de 2010.
Para o assistente de acusa��o Jos� Arteiro Cavalcante, os respons�veis pela morte de Eliza s�o Bruno, Bola e Macarr�o. "N�o se sabe o motivo pelo que o Zez� n�o foi denunciado pelo Minist�rio P�blico. O Jos� Laureano � o intermedit�rio. Foi ele quem apresentou Bruno e Macarr�o para o Bola, que foi seu colega de pol�cia. Ent�o, o promotor temde responder essa pergunta. Ele tinha elementos no processo para denunciar o Zez�", disse Arteiro.
Surpresa
A declara��o do advogado Rui Pimenta de que seu cliente, o goleiro Bruno Fernandes, tinha um relacionamento homossexual com Macarr�o pegou tamb�m de surpresa a ex-mulher do atleta. “Estou chocada. Macarr�o tinha ci�me de tudo com o Bruno, dos outros amigos, das mulheres e at� de mim. Mas eu achava que era pela amizade forte deles”, disse a vendedora Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, de 24, que foi casada por seis anos com o goleiro e tem duas filhas com ele.
Segundo ela, se Bruno e Macarr�o tiveram algum tipo de relacionamento homossexual, era muito secreto e n�o deixou nenhuma suspeita. “Eles s�o muito amigos e fiquei um ano e meio sem morar com eles. Eles viviam juntos no Rio e eu j� estava separada do Bruno havia um ano e meio quando tudo aconteceu”, disse a vendedora.
Julgamento sem previs�o
A 4ª C�mara Criminal do Tribunal de Justi�a de Minas informou que j� julgou todos os recursos impetrados pelos advogados do Caso Bruno, faltando apenas a terceira vice-presid�ncia receber outros direcionados ao Superior Tribunal de Justi�a (STJ). Se a vice-presid�ncia negar o envio a Bras�lia, os r�us podem entrar com um agravo de instrumento, o que for�a a remessa ao STJ. Assim, ainda n�o h� previs�o de julgamento para os envolvidos no desaparecimento e morte de Eliza Samudio. O Supremo Tribunal Federal (STF) informou que h� um pedido de habeas corpus em favor de Bruno e que ele est� para ser julgado pelo ministro Cezar Pel�sio. Em 29 de dezembro do ano passado, o ministro Ayres Brito indeferiu um pedido de liminar e negou o alvar� de soltura para Bruno aguardar o julgamento em liberdade. Em 6 de fevereiro, os advogados entraram com um agravo regimental para derrubar a decis�o do ministro Ayres Brito, mas em 8 de maio o recurso foi arquivado.