
Diante do contra-ataque da promotoria, o goleiro Bruno Fernandes de Souza vai precisar da maior defesa de sua vida para conseguir escapar da acusa��o de ter matado a ex-amante Eliza Samudio. Ontem, na Penitenci�ria Nelson Hungria, em Contagem, Grande BH, o goleiro recebeu a visita de tr�s advogados e foi informado por seu principal defensor, L�cio Adolfo da Silva, sobre o teor das declara��es de Luiz Henrique Rom�o, o Macarr�o. Dizendo que o jogador reagiu com decep��o, o defensor criticou a postura do ex-bra�o direito de Bruno e deu a entender que pode explorar as contradi��es do r�u em defesa de seu cliente.
“O Macarr�o est� com a sexta vers�o no processo. Voc� vai acreditar em qual? Ningu�m acreditava antes nele. Ele era um criminoso, sequestrador, mantinha gente em c�rcere privado, era assassino. De uma hora para outra virou santo e todo mundo est� acreditando”, ironizou L�cio Adolfo. Apesar da rea��o de Bruno, ele disse que tentou explicar a posi��o de Luiz Henrique ao apontar o goleiro como o mandante do assassinato de Eliza. “Eu disse para o Bruno entender que no momento Macarr�o estava sozinho no banco dos r�us, abandonado, pressionado, e que o depoimento foi resultado de uma barganha feita dentro do plen�rio, que n�o merece cr�dito. Houve uma tramoia do Minist�rio P�blico”, disse L�cio Adolfo, que recebeu uma c�pia digitalizada do processo na quarta-feira.
Apesar de argumentar a favor de seu cliente com as v�rias vers�es apresentadas por Macarr�o sobre o epis�dio, o advogado disse ter lido apenas 129 das quase 16 mil p�ginas do processo e acrescentou que ainda n�o sabe por onde come�ar� sua estrat�gia de defesa. Ele tem 103 dias para estudar o caso, enquanto seus diversos antecessores tiveram dois anos e meio para ler e reler os 64 volumes.
Depois da reviravolta provocada no processo pelas declara��es de Macarr�o, os advogados do atleta ainda estudam alguma estrat�gia que possa benefici�-lo. “N�o vamos antecipar teses. N�o quer dizer que vai haver mudan�a de defesa, mas vai haver mudan�a de interpreta��o do processo. Os reflexos das declara��es de Macarr�o ser�o analisados depois de terminar o julgamento dele”, disse outro defensor de Bruno, Tiago Lenoir, acrescentando que a vers�o apresentada por Luiz Henrique contradiz a den�ncia do Minist�rio P�blico, o que pode beneficiar Bruno.
Por outro lado, a assist�ncia de acusa��o aposta na condena��o de Bruno depois do que Macarr�o disse. “O que a gente tinha como prova foi ratificado por Macarr�o. Acho que a defesa de Bruno n�o tem mais onde se agarrar”, acredita o advogado Cidnei Carpinski. “O interrogat�rio na Justi�a � um ato de defesa e Macarr�o n�o podia ficar sozinho nessa. Ele deixa clara a sua participa��o, que � provada e comprovada nos autos. Os telefonemas que Macarr�o deu para Bola no dia do crime, a presen�a dele na cena do crime, isso tudo vai ser provado diante dos jurados”, disse Cidnei.
Mas ele pondera que o r�u disse menos do que sabe. “N�o temos d�vidas de que Macarr�o continua mentindo. Ele falou aquilo que era interessante para ele. Agora, existem outras provas que contrariam essa situa��o. N�o � somente a palavra de Macarr�o dizendo que Bruno foi o mandante que vai sustentar uma condena��o do goleiro, mas as provas que est�o nos autos, juntamente com essa confiss�o”, disse.