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Estado de Minas

Pastor revela detalhes do encontro entre o goleiro F�bio e Bruno na Nelson Hungria

Ex-flamenguista, preso pela morte de Eliza Samudio, j� cr� que pode reconquistar a sociedade e o filho


postado em 24/04/2014 06:00 / atualizado em 24/04/2014 06:49

"Para mim, o importante foi passar aquele momento com ele, passar a palavra de Deus. Uma coisa fora do futebol e que pode ajud�-lo" - F�bio, goleiro e capit�o do Cruzeiro (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Reconquistar a confian�a nele pr�prio, restaurar o nome perante a sociedade, conseguir o perd�o da sogra, o amor do filho, voltar a praticar o futebol que tanto ama e ser novamente um exemplo para os jovens. Esses s�o desejos revelados pelo ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, condenado a 22 anos de pris�o pelo sumi�o e assassinato da ex-amante Eliza Samudio, ao tamb�m goleiro F�bio, do Cruzeiro. O encontro dos dois foi numa sala reservada da Penitenci�ria Nelson Hungria, na Grande BH. O pastor Jorge Linhares, da Igreja Batista Gets�mani, levou F�bio ao pres�dio atendendo a pedido de Bruno, que teria conhecido o templo na juventude e sabia que hoje ele � frequentado pelo goleiro do clube celeste e a mulher dele, que � pastora.

Bruno, ex-Atl�tico, Corinthians e Flamengo, e F�bio, que j� foram advers�rios em campo, abra�aram-se e se emocionaram. O preso ouviu atentamente as palavras do colega de profiss�o e aprendeu com ele “que � mais f�cil reconstruir o nome perante Deus do que diante da sociedade, que Deus perdoa o homem que se arrepende, mas o ser humano n�o esquece jamais”. “N�o fomos l� passar a m�o na cabe�a do Bruno, mas dar uma for�a a ele. � justific�vel que a sociedade n�o o perdoe. Foi um crime que abalou a na��o”, disse o pastor. Eliza desapareceu em julho de 2010, depois de uma estada no s�tio de Bruno, em Esmeraldas.

Mais do que voltar a jogar futebol, o maior sonho de Bruno, segundo o pastor, � conviver e ser amigo do filho Bruninho (hoje com 4 anos), que teve com Elisa Samudio. “Quer ser o pai que nunca foi, quando sair da pris�o, ser amigo do filho. Ele disse que j� conquistou a confian�a em Deus e reconhece o erro. Sabe que tinha um mundo colorido, mas que deu um pulo no escuro. Era o capit�o do Flamengo, com uma das maiores torcidas do mundo, e tinha a possibilidade de ser contratado pelo Milan (It�lia)”, disse o pastor.

 O encontro dos atletas, o pastor, um sobrinho do religioso e a mulher de F�bio durou 40 minutos, vigiados por cinco agentes penitenci�rios. Bruno chegou de botinas e com as m�os calejadas, “em carne viva”, segundo Jorge Linhares, de tanto trabalhar com a enxada na horta. “Fora isso, o �nico exerc�cio f�sico que faz � levantamento de peso. Hoje, tenho notado um outro Bruno. A pris�o quebra o homem. E o homem inteligente aprende com os erros. O homem s�bio aprende com os erros alheios. Bruno teve que aprender com os seus pr�prios erros”, contou o religioso.

 

Ex-flamenguista, preso pela morte de Eliza Samudio, já crê que pode reconquistar a sociedade e o filho(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 28/6/11)
Ex-flamenguista, preso pela morte de Eliza Samudio, j� cr� que pode reconquistar a sociedade e o filho (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 28/6/11)

Feministas

Bruno sabe que h� um movimento feminista em Montes Claros, Norte de Minas, contr�rio � sua ida para defender o time que tem o mesmo nome da cidade, na Segunda Divis�o estadual, com o qual assinou contrato de cinco anos. “Ele tem consci�ncia que essa marca negativa vai persegui-lo pelo resto da vida. Em qualquer lugar vai encontrar pessoas que v�o apoi�-lo e outras que v�o atirar pedras. Mas, est� disposto a provar que aquilo foi uma fatalidade”, disse Jorge Linhares. F�bio, segundo o pastor, teria aconselhado Bruno a n�o se envolver com m�s companhias e o presenteou com uma B�blia. “Os dois se abra�aram e choraram. Eu me afastei para deix�-los � vontade”, contou.

A rela��o de Bruno com outros presos � amistosa, segundo o religioso, mas mesmo assim foi tamb�m aconselhado por F�bio e o pastor de que a liberdade est� nas m�os dele. “Bruno foi um menino pobre, que ganhou muito dinheiro e n�o estava preparado para o sucesso. Ele se envolveu com m�s companhias”, disse Jorge Linhares, para quem F�bio � um exemplo a ser seguido por Bruno. “S�o dois caminhos diferentes, um da perdi��o e outro do acerto. Dois goleiros, frequentando a mesma igreja, mas um seguiu o caminho do bem e o outro o do mal. Tiveram as mesmas li��es, a mesma situa��o financeira e duas escolhas diferentes”, comparou Linhares.

Enquanto n�o consegue a liberdade, Bruno acompanha o futebol pela TV aberta, segundo o pastor, e sonha com o futuro do filho, que acredita ter o esporte no sangue.

CONFRONTOS EM CAMPO
F�bio e Bruno foram advers�rios em campo por cinco temporadas consecutivas, de 2005 a 2009. Os primeiros quatro duelos foram no cl�ssico Atl�tico x Cruzeiro. Pelo returno do Campeonato Brasileiro de 2005, F�bio levou a melhor, com o Cruzeiro vencendo por 1 a 0, em 16 de outubro, no Mineir�o. Em 2006, foram tr�s jogos pelo Campeonato Mineiro. Na primeira fase, empate em 1 a 1. Na semifinal, a primeira partida terminou em 2 a 2, e o Cruzeiro ganhou a segunda por 2 a 0. Bruno trocou o Atl�tico pelo Corinthians, mas n�o chegou a jogar pelo clube paulista. Transferiu-se para o Flamengo. Foram mais seis duelos com F�bio pelo Brasileiro. Bruno venceu apenas o primeiro, por 3 a 1, no Maracan�, em 12 de setembro de 2007. Com F�bio no gol, a Raposa ganhou as outras cinco partidas, at� 2009. O ex-goleiro do rubro-negro carioca foi preso em julho do ano seguinte. (Eug�nio Moreira)


N�o era para virar not�cia

Paulo Galv�o

Visitar Bruno Fernandes na penitenci�ria Nelson Hungria, em Contagem, era um antigo desejo do goleiro F�bio, concretizada depois de convite do pastor da igreja que frequenta. Mas isso n�o tem a ver com o fato de o detento ser colega de profiss�o, mas, sim, pela conduta adotada pelo cruzeirense, que, inicialmente, nem queria que a iniciativa se tornasse p�blica, mas decidiu falar sobre o assunto. Isso porque algumas pessoas come�aram a question�-lo sobre o encontro com o ex-atleticano.

“Foi apenas uma visita, uma coisa particular, que fiz a convite do pastor da minha igreja (Batista Gets�mani), Jorge (Linhares), a gente foi fazer uma ora��o e rapidamente voltou”, explicou F�bio, que destaca a import�ncia de ajudar os necessitados. “Acho que � primordial cada ser humano ajudar o pr�ximo. ´ï¿½ muito f�cil olhar apenas para a nossa vida e fechar os olhos ao que acontece fora do nosso ambiente. Por onde passei, n�o s� no Cruzeiro, mas desde a minha inf�ncia, convivi com pessoas que precisavam de ajuda, o que me fez bem. Tento levar isso para a minha vida, minha fam�lia, meus filhos.”

Um tema n�o tratado no r�pido encontro foi o futebol. Mesmo que o tenham em comum, pelo qual se enfrentaram algumas vezes, eles preferiram n�o recordar as disputas nos gramados. “O Bruno n�o era meu rival dentro de campo, a gente jogava em equipes que se enfrentavam, mas cada um sabendo respeitar o oponente, como fazemos at� hoje. Para mim, n�o mudou nada, tenho a convic��o de que todo mundo deve ter a oportunidade de buscar Deus. Fui naquele momento e acho que foi v�lido”, justifica o cruzeirense.

Sem julgamento

Por seguir os ensinamentos da B�blia, F�bio evita julgar as atitudes que levaram Bruno ao c�rcere. Para ele, todos merecem perd�o. “O ser humano tem essa mania de julgar as pessoas e se esquecer dos pr�prios pecados. Temos que levar a palavra de Deus, que diz o que � perdoar, andar no caminho certo, mostrar o que � Jesus (aos pr�ximos). Para mim, o importante foi passar aquele momento com ele, passar a palavra de Deus. Uma coisa fora do futebol e que pode ajud�-lo.”

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