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Estado de Minas

EM lan�a campanha contra os desperd�cios de �gua; mande flagrantes

Diante da escassez de �gua e do risco real de racionamento, � hora de mudar h�bitos e reduzir o consumo


postado em 25/01/2015 06:00 / atualizado em 25/01/2015 19:03

Mulher usa máquina de compressão para lavar calçada no Bairro Esplanada. Prática é comum e contribui para o desperdício de recurso cada vez mais escasso (foto: Beto Magalhães/EM/D.A.Press)
Mulher usa m�quina de compress�o para lavar cal�ada no Bairro Esplanada. Pr�tica � comum e contribui para o desperd�cio de recurso cada vez mais escasso (foto: Beto Magalh�es/EM/D.A.Press)

O drama � real: a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e cidades do interior j� enfrentam o problema da falta d’�gua. Diante disso, a praga do desperd�cio e do consumo excessivo, antes j� considerada descabida, se torna inaceit�vel. Num per�odo de crise sem precedentes, no qual a chuva teima em n�o chegar e o racionamento entrou na ordem do dia, desinforma��o e falta de educa��o est�o entre os grandes vil�es. Somente na Grande BH, as perdas chegam a 40%, segundo dados da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Em 2014, a cada 10 litros de �gua pot�vel entregues � popula��o, quatro n�o foram consumidos ou usados de maneira regular, por causas diversas, de vazamentos no percurso entre a distribui��o e o consumidor at� liga��es clandestinas (gatos). Para ajudar a combater esses abusos, o Estado de Minas lan�a hoje a campanha colaborativa #Essa�guaN�o�S�Sua, na qual os leitores poder�o enviar, pelo WhatsApp, fotos, v�deos e den�ncias de desperd�cio de �gua.

O EM percorreu durante quatro dias as ruas da capital, registrando como a popula��o est� deixando esse l�quido t�o precioso ir pelo ralo e encontrou de tudo, da tradicional mangueira usada para “varrer” cal�adas at� �gua de minas em pr�dios em constru��o descendo bueiro abaixo. Embora n�o precise ser especialista para constatar o �bvio, os flagrantes confirmam: qualquer atitude, por mais simples que seja, faz a diferen�a. Tomar um banho r�pido ou adotar tecnologias para ter um lar ou empreendimento mais sustent�vel impactam no consumo e na fonte, afinal, as atitudes de cada um interferem na �gua para outras pessoas. Em dias de aten��o m�xima, a quest�o n�o � mais quanto se pode pagar pela conta, mas a quantidade dispon�vel desse bem para toda a popula��o.

Diaristas e donas de casa insistem em lavar �reas comuns de pr�dios e quintais, deixando encostada a velha e boa vassoura. Lavar carros uma vez por semana, com mangueira, tamb�m n�o sai dos maus h�bitos do brasileiro, que incluem ainda banhos demorados, escovar os dentes ou lavar lou�a com a torneira aberta e descargas que jogam fora litros e mais litros de �gua. Zelador de um pr�dio na Rua Aimor�s, no Bairro Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul de BH, Jos� Maria dos Santos, de 56 anos, continua a “varrer” corredores com mangueira e a aguar plantas no hor�rio de pico do calor, entre 12h e 14h. Alertado sobre o risco de desabastecimento, ele foi categ�rico: “J� que est� acabando, vamos, ent�o, gastar enquanto tem”.

Numa obra na Rua Alagoas, pr�ximo ao n�mero 750, na Savassi, a �gua pot�vel desce, literalmente, para o bueiro. O local tem uma mina, cuja �gua � direcionada a uma caixa. Quando ela enche, o excesso vai todo para a rua. Lavadores de carro aproveitam o que podem para o trabalho. Moradores e pedestres est�o horrorizados com a situa��o, que perdura h� pelo menos um m�s. “Passo sempre por aqui e fico incomodada. � um absurdo ver algo assim em tempos como esse”, afirma a secret�ria Nancy Pereira Melo, de 48. Tamb�m na Rua Alagoas, no n�mero 40, o mau exemplo vem do poder p�blico. Na obra da Subesta��o BH Centro 2 da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig), a �gua tamb�m tem como destino certo o bueiro e impressiona pela quantidade descartada para a rua. A empresa informou que vai apurar as causas do problema.

No Bairro Buritis, Oeste de BH, h� desperd�cio at� mesmo da �gua de caminh�es-pipa usada para abastecer moradores sem o recurso h�drico da Copasa. Na quinta-feira, um dos caminh�es solicitados na Rua Professora Bartira Mour�o estava em p�ssimo estado de conserva��o. Como o ponto da rua onde fica o edif�cio � muito �ngreme, pelo menos tr�s buracos na estrutura do tanque com capacidade para 10 mil litros fizeram a �gua jorrar por 15 minutos. Um furo em uma das mangueiras usadas no servi�o tamb�m significou a perda de parte da �gua solicitada pelos moradores.

Envie fotos ou v�deos de flagrantes por meio do WhatsApp do Estado de Minas no n�mero (31) 8502-4023.

Dados do Sistema Nacional de Informa��es sobre Saneamento (SNIS), servi�o ligado ao Minist�rio das Cidades, mostram que o desperd�cio aumenta a cada ano e tamb�m tem a participa��o do poder p�blico. Em 2010, 29,15% da �gua foi perdida antes de chegar a domic�lios em Minas Gerais. As perdas ocorrem por vazamentos em adutoras, redes, ramais, conex�es, reservat�rios e outras unidades operacionais do sistema. Em 2013, esse �ndice ficou em 33,5% no estado. Em Belo Horizonte, o ranking de saneamento feito ano passado pelo Instituto Trata Brasil revelou perdas de distribui��o de 35,82%. E a pr�pria Copasa admite um percentual de 40% na regi�o metropolitana.

Água vaza de caminhão-pipa em rua do Bairro Buritis(foto: Euler Junior/EM/D.A.Press)
�gua vaza de caminh�o-pipa em rua do Bairro Buritis (foto: Euler Junior/EM/D.A.Press)

PREVEN��O
Doutora em ecologia, conserva��o e manejo da vida silvestre, a professora da Universidade Fumec Renata Felipe Silvino tem um exemplo assustador de como os sistemas naturais est�o comprometidos. Para a tese de doutorado, ela pesquisou a regi�o c�rstica de Lagoa Santa, na Grande BH, onde todas as lagoas secaram num per�odo de apenas dois anos. O estudo mostra como a maior delas, a Sumidouro, tinha �gua em 2012, come�ou a secar em 2013 e ficou totalmente coberta por vegeta��o em novembro do ano passado. Para ela, problemas como esse passam pelo comportamento do cidad�o e pela gest�o h�drica por parte dos governos. “Isso � uma novidade para n�s, mas, para os gestores p�blicos, com certeza n�o. Faltou saber lidar com a quest�o.”

A bi�loga acredita que, entre as a��es, deve ser contemplada tamb�m a preven��o, com preserva��o em torno das nascentes. A tend�ncia de um mundo cada vez mais quente contrasta com as interven��es do homem na natureza. “Infelizmente, ser� preciso mudan�a de comportamento por parte das pessoas e dos gestores p�blicos, porque o quadro � de aquecimento global e de altera��o clim�tica”, diz. “Tudo indica que as pr�ximas precipita��es, no m�ximo, ser�o dentro da m�dia da s�rie hist�rica. N�o h� estimativas de que nos pr�ximos anos as chuvas estar�o acima da m�dia. Isso quer dizer que a crise da �gua vai se perpetuar por mais anos, e deveremos, sim, estar preparados para isso.”


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