Estado de Minas
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Moradores de comunidade erguida pela Cemig, em Turmalina, sofrem com falta de luz

O povoado de Novo Peixe Cru foi erguido pela estatal como contrapartida � constru��o de Irap�, mas a energia el�trica n�o chega aos ranchos

Paulo Henrique Lobato - Enviado especial , Juarez Rodrigues

Juarez Rodrigues/M/D.A. Press
Turmalina – A energia el�trica que ajuda no ganha-p�o de Juscelino Lodeiro durante o dia, quando o homem que ficou entusiasmado ao avistar pela primeira vez a Usina Hidrel�trica de Irap� se dedica � f�brica de farinha, � a mesma que lhe tira o sono, � noite, hor�rio em que ele depende de velas e candeeiros para clarear seu pequeno rancho, num dos extremos de Novo Peixe Cru, distrito de Turmalina.

O s�tio Senhora Aparecida � um dos orgulhos da vida do agricultor. “Mas falta algo importante...”, reclama. Ironicamente, o xar� do ex-presidente revela que “algo importante” � justamente a energia el�trica. Juscelino esbraveja que, h� quatro anos, tenta a instala��o do servi�o junto � Cemig. Por sarcasmo do destino, o povoado em que ele mora, Novo Peixe Cru, foi erguido pela estatal como contrapartida � constru��o de Irap�. Sertanejos que habitavam as margens do Jequitinhonha foram realocados pelo governo em outras �reas.

 

Foi assim que Peixe Cru mudou de lugar e virou Novo Peixe Cru. Na d�cada passada, quase 40 fam�lias foram transferidas para uma chapada, entre quatro e cinco l�guas – cada medida tem seis quil�metros – das antigas moradias. As resid�ncias receberam eletricidade e atra�ram, anos depois, forasteiros, como o pr�prio Juscelino.

Ele achou bom neg�cio comprar a ch�cara, h� quatro anos, mesmo sem energia el�trica na propriedade. “Desde ent�o tento instalar a luz. Ali�s, n�o posso s� falar. Tenho que mostrar. Aquele fio que passa ali, ali no meu terreno, � fia��o de energia el�trica. Mas n�o tem liga��o para o rancho. Procurei a companhia e n�o fui atendido”.

O lavrador tem esperan�a de que um dia a luz chegue � propriedade: “Ainda mais porque energia el�trica n�o � coisa barata”. O servi�o permitiria a Juscelino usar as m�quinas, atualmente paradas, no preparo da ra��o das cria��es. “Cuido de galinhas e porcos”, contou o homem, tamb�m dono de um pangar� cujo couro foi machucado numa cerca de arame.

Apesar da reclama��o dele, a Cemig informou “desconhecer a exist�ncia de propriedades sem energia no povoado, pois n�o foram feitos pedidos de liga��o nova na comunidade”. A empresa “orienta aos interessados a formaliza��o das solicita��es de extens�o de rede por meio dos canais de atendimento”.

Enquanto a energia n�o chega ao rancho de Juscelino, os vizinhos t�m elogios e cr�ticas a Novo Peixe Cru. Valdir dos Santos, presidente da associa��o dos moradores, conta que perdeu dinheiro com a mudan�a do povoado, pois precisou se desfazer do rebanho e abandonar o of�cio de produtor de aguardente.

“Havia �gua � vontade e eu plantava cana-de-a��car. Dava pra fazer 25 mil litros de cacha�a por ano. Aqui n�o posso cultivar a lavoura, pois o terreno � numa chapada, � mais seco. Depende de irriga��o e o pre�o fica invi�vel. Tive de abrir m�o de 48 cabe�as de gado, porque a terra n�o � apropriada para criar as vacas � solta (oposto de confinamento)”, explicou Valdir.

J� Reginaldo Pereira, de 27, gostou do atual povoado. “Era dif�cil chegar ao antigo Peixe Cru, devido ao caminho tortuoso e de terra. Agora, estamos na beirada do asfalto. � bem mais f�cil ir a Turmalina. Portanto, mais f�cil conseguir emprego na sede do munic�pio”.