Nos 260 anos de anexa��o a Minas, Jequitinhonha revela seus contrastes

Reportagem do Estado de Minas percorreu 2 mil quil�metros para conferir semelhan�as e diferen�as das tr�s �reas que formam a regi�o

Paulo Henrique Lobato - Enviado especial , Juarez Rodrigues

Vale do Jequitinhonha – Era maio de 1757 quando o Conselho Ultramarino, �rg�o da coroa portuguesa, mudou o mapa da ent�o col�nia do Brasil. Um extenso territ�rio no sert�o do pa�s, que j� havia pertencido a Minas e estava sob dom�nio da Bahia, foi anexado em definitivo � prov�ncia das Gerais. H� 260 anos, o estado recebia o que hoje � a maior parte do Vale do Jequitinhonha.

Em alus�o � data, o EM publica o caderno especial “Jequitinhonha, terra de contrastes”. A reportagem percorreu mais de 2 mil quil�metros do territ�rio, num total de seis dias, para registrar – e destacar – as semelhan�as e diferen�as nas tr�s �reas que formam o vale mais famoso do Brasil. No Alto Jequitinhonha, enquanto Diamantina se destaca pelo t�tulo de patrim�nio mundial concedido pela Unesco, as estradas s�o arapucas aos usu�rios. A BR-367, que come�ou a ser aberta na d�cada de 1950, at� hoje n�o foi totalmente pavimentada.

A riqueza cultural � o destaque do M�dio Jequitinhonha. As bonecas de barro das artes�s de Santana de Ara�ua� s�o conhecidas em v�rias partes do planeta. J� o esgoto a c�u aberto que corre em Itinga, uma das cidades mais pobres do Brasil, coloca em risco a sa�de de moradores. Por sua vez, no Baixo Jequitinhonha, os mercados municipais, como o da cidade hom�nima ao vale, atraem uma multid�o nos fins de semana. J� em S�o Pedro, povoado do mesmo munic�pio, moradores lamentam a quebra constante da balsa que, � aus�ncia de uma ponte, deveria garantir o transporte sobre o leito do Jequitinhonha.

Ali�s, � por causa do principal rio do vale que surgiu o top�nimo da regi�o, habitada primeiramente pelos ind�genas. No idioma silv�cola, Jequitinhonha significa “armadilha” (jequi) para pesca no “rio largo” (tinhonha).

Mas foi em outro leito, o do Bom Sucesso, afluente do Fanado, que bandeirantes descobriram o ouro que deu in�cio � corrida para povoar a regi�o. As pepitas foram descobertas em 1727 por um grupo liderado pelo paulista Sebasti�o Leme do Prado.

O aventureiro optou por comunicar o achado ao governador baiano em detrimento do mineiro, embora a regi�o, naquele ano, pertencesse � prov�ncia das Gerais. Por decis�o do Conselho Ultramarino, em 1730, a �rea passou a ser subordinada a Jacobina (BA) nas esferas administrativa, militar e eclesi�stica.

 

 

Ficou assim at� 1757, quando a decis�o foi revista e o territ�rio voltou a ser anexado a Minas. �quela altura, o ouro retirado pelos paulistas j� havia atra�do uma multid�o, dando origem ao Arraial das Lavras Novas dos Campos de S�o Pedro do Fanado, atual Minas Novas. Por anos, foi o munic�pio mineiro com a maior �rea territorial no estado. Para se ter ideia, o ex-arraial deu origem a 65 das 853 cidades mineiras, como Turmalina, Capelinha, Ara�ua�, Almenara etc.

Somente na d�cada de 1960, por decis�o de decreto estadual, a regi�o foi oficialmente batizada de Vale do Jequitinhonha, incluindo-se nela outras cidades, como Serro e Diamantina. Atualmente, o Vale � formado por 59 munic�pios, numa �rea de 55 mil quil�metros quadrados. Nele, est� contida a alma de Minas – e do Brasil.