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Professoras driblam riscos e dificuldades para ensinar na zona rural do Jequitinhonha

Sem alternativa de transporte, professoras t�m que pegar carona na estrada ap�s dar aulas na zona rural

Paulo Henrique Lobato - Enviado especial , Juarez Rodrigues

Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press
Jos� Gon�alves, Serro e Jequitinhonha – Tr�s marias, tr�s professoras que n�o medem esfor�os para ensinar as li��es aos alunos. Maria Jos�, de 47 anos, mora no Centro do Serro e leciona numa escola na �rea rural. Maria de Lourdes (foto ao lado), de 52, reside num bairro populoso do Jequitinhonha e � educadora num grupo no arraial de S�o Pedro. J� a casa de Maria Neli, de 50, � na zona urbana de Jos� Gon�alves, enquanto a escola em que ela trabalha fica no campo.

Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press
As xar�s n�o se conhecem, mas suas hist�rias t�m muito em comum. Pela manh�, elas v�o para a �rea rural em �nibus escolares das respectivas prefeituras. O retorno para casa, por volta do meio-dia, que � o problema. N�o h� condu��o bancada pelos munic�pios. A solu��o � a carona.

A reportagem do EM encontrou as tr�s, em dias e rodovias diferentes, fazendo o gesto internacional para pedir carona. Maria Jos� Almeida (segunda foto), a professora que mora no Serro, levanta �s 5h45. Em 15 minutos, ela troca de roupa e toma caf�: “� tudo muito r�pido para n�o perder o especial que me leva ao povoado de Boa Vista de Lages, onde leciono no grupo Ant�nio On�rio Pires”.

A educadora tem nove alunos numa sala multisserial: “S�o quatro estudantes da 2ª s�rie e cinco da 3ª s�rie. S�o �timos alunos. A manh� � tranquila. O problema � a volta para casa. N�o h� um especial dispon�vel. N�o tenho como pagar do meu bolso, pois meu sal�rio � de R$ 1,1 mil. Se eu tiver de bancar o �nibus (de linha privada) vou gastar R$ 120 por m�s, ou seja, mais de 10% do rendimento. Da� pe�o carona”. A professora viaja cerca de 30 quil�metros.

Dona Maria Neli, que mora no munic�pio de Jos� Gon�alves, tamb�m depende de carona no retorno para casa. “� assim de segunda-feira a sexta-feira”, conta a mulher, que leciona para alunos da 5ª s�rie. “N�o � f�cil, mas � a vida”.

Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press
A hist�ria se repete com dona Maria de Lourdes Alves Mour�o, residente em Jequitinhonha, e que leciona no povoado de S�o Pedro, a 42 quil�metros da sede. “O hor�rio de retorno do escolar n�o bate com o da minha sa�da. Recebo R$ 1.450,00 por m�s e, se eu tiver de pegar �nibus ou t�xi, meu rendimento ficaria comprometido. A passagem custa R$ 12”.

Mas quem diz que as tr�s se rendem �s dificuldades? “Temos de nos inspirar na letra da can��o estampada na camisa que estou usando”, diz Maria de Lourdes, mostrando o refr�o da m�sica Jequitivale, de autoria de Verono (Mark Gladston, 1980-2012) e considerada o hino do Jequitinhonha: “Vale que vale cantar / Vale que vale viver / Vale do jequitinhonha /Vale eu amo voc�”.