
A M.Rodarte pisou na passarela pela primeira vez para um desfile-solo. Era para comemorar os seus 40 anos. N�o por acaso a marca escolheu como cen�rio o Autom�vel Clube. Os suntuosos sal�es Dourado e Pr�ncipe de Gales lembram os ateli�s onde as maisons francesas apresentavam suas cole��es de alta-costura. E o que o trio criativo Marina Rodarte, Rafael Rodarte e Larissa Villanova mostrou foi mesmo alta-costura. As glamourosas roupas de festa transitaram entre passado, presente e futuro.

“� muito emocionante comemorar os nossos 40 anos no Autom�vel Clube. Quisemos trazer muitas lembran�as da nossa hist�ria para a passarela, mas de forma mais moderna, atual e conceitual”, resumiu a fundadora da marca, Marina Rodarte, que come�ou desenhando estampas para camisetas e sente que j� se passou “uma vida”.

A equipe mergulhou nos acervos de cat�logos para criar a cole��o Splendore (inverno 2024), que homenageia toda a hist�ria que foi constru�da ao longo desses 40 anos. O desfile passou pelo feito a m�o, com bordados e pinturas, lembrando como Marina come�ou, salpicou pe�as de alfaiataria, pelo qual ficou conhecida l� no in�cio, at� chegar ao trabalho com zibeline, que hoje est� ligado diretamente � identidade da marca.
As modelos estavam vestidas de gala para a festa de anivers�rio da M.Rodarte. Havia um perfume retr� na passarela, com a presen�a de luvas, acess�rios de cabe�a e sapatos de alto com fivelas ao estilo Lu�s 15, refor�ado pela pr�pria ambienta��o dos antigos sal�es do Autom�vel Clube, que j� tem quase 100 anos. Se for para apontar o que mais apareceu no desfile, podemos destacar fendas, decotes generosos nas costas, ombros de fora, shapes estruturados e looks monocrom�ticos.
O blazer entrou em cena para relembrar os tempos de alfaiataria. Por baixo, um conjunto de top e saia inteiramente bordado de pedraria, vindo de outra fase que ficou no passado. Hoje as bases s�o lisas e monocrom�ticas, valorizando a modelagem.
Trabalhos manuais
O reconhecido trabalho com zibeline resultou em pe�as marcantes. Detalhes na modelagem, como la�os, mangas bufantes, babados, drapeados e caudas, deixavam as cria��es ainda mais esculturais. A marca tamb�m se dedicou a trabalhos manuais com o pr�prio tecido, como recortar c�rculos a laser e criar uma aplica��o em formas geom�tricas e tran�ar fitas no tule para montar a saia de um vestido azul tomara que caia (que Marina considera um dos destaques da cole��o).
Chamou a aten��o a saia avulsa em camadas (preta com faixas brancas) que vai por cima de uma cal�a. “Come�amos a ver no red carpet atrizes usando saias com fendas que mostravam a cal�a por baixo e pensamos: por que n�o tentar trazer isso para o Brasil”, apontou Larissa Villanova.
A estilista falou sobre uma nova silhueta para a moda festa que foi exibida no desfile: vestido tubo com fenda atr�s. Os volumes continuam, inclusive com o tule, que virou at� brinco para as modelos, mas de um jeito diferente. “O tule n�o � mais como estamos acostumados, em formato de saia franzida. Mudamos totalmente. Usamos em camadas sobrepostas de c�rculos”, explicou.
A M.Rodarte aposta no f�csia como a cor do inverno 2024. Ao mesmo tempo, causa alvoro�o ao propor o uso de preto em festa, numa tentativa de quebrar a resist�ncia das brasileiras, que nem o consideram na hora de pensar em uma roupa de festa.
Noiva em folhas
Os desfiles de alta-costura em Paris terminam com um look de noiva, e a M.Rodarte seguiu a tradi��o. Despediu-se da passarela com um vestido todo de folhas naturais desidratadas em tom cru. Para se ter uma ideia do trabalho, foram tr�s mil folhas costuradas � m�o no tule. “Quisemos fugir do �bvio e achamos legal a ideia do descart�vel. Esse � um vestido que s� pode ser usado uma �nica vez. A noiva veste e acabou, ele fica eternizado na mem�ria de todo mundo junto com a noite do casamento, que tamb�m n�o volta”, comentou Rafael Rodarte. n